Um mágico na Saúde
Um mágico na Saúde
José Serra despede-se do ministério no dia 22 para se dedicar integralmente à campanha presidencial. Em seu lugar ficará o secretário-executivo, Barjas Negri, economista que gosta de fazer truques para entreter os amigos
O surto de dengue, o combate à Aids e os demais problemas do setor de saúde contarão a partir da próxima semana com poderes mágicos para serem resolvidos. Em tempos de Harry Potter, o atual secretário-executivo do Ministério da Saúde e futuro ministro, Barjas Negri, gosta de fazer truques de magia para conquistar a simpatia e o respeito de toda a Esplanada. Nas horas vagas, ele tira da cartola cordões, cartas de baralho e lápis para entreter os amigos com inúmeros truques matemáticos e ilusionismos que sabe fazer. Um hobby antigo que cultua desde a juventude.
Os companheiros de Barjas na Saúde brincam que também parece mágica a forma como ele conseguiu livrar do vermelho as contas do ministério, que conta com um dos maiores orçamentos do país, R$ 28,5 bilhões este ano, mas ainda assim sempre tinha despesas maiores que a sua receita.
Quando assumiu o cargo em 3 de janeiro de 1997 (na gestão de Carlos Albuquerque), os cofres apresentavam um rombo de aproximadamente R$ 3 bilhões. ‘‘Hoje, o Ministério da Saúde não deve mais nenhum centavo’’, garante.
Os amigos e funcionários mais próximos o acusam de ser um trabalhador compulsivo. Viciado mesmo. Talvez para fazer jus ao chefe, José Serra, que leva a mesma fama. ‘‘O Barjas é um trator. Daqueles que chega cedo, sai tarde e almoça no ministério para não perder tempo’’, diz o diretor de Programas Estratégicos do Ministério da Saúde, Platão Fisher Püller.
Uma de suas grandes manias — além da coleção de canetas que tem em sua sala — é passar bilhetes para todos os funcionários próximos. Mas não é um ou outro recadinho. São vários e vários bilhetes de trabalho mandados por dia. ‘‘São muitos e ele mesmo escreve. O problema é a letra horrorosa que ninguém entende’’, brinca o secretário nacional de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde, Renilson Rehem. Responsável pelo controle das verbas do Ministério da Saúde, Barjas Negri recebe duras críticas de alguns colegas por causa da sua sovinice. ‘‘Ele é mão fechada mesmo.
Até quando a gente sai para algum bar ele divide a conta certinho’’, entrega Platão. O defeito, porém, pode ser uma vantagem na função que Barjas ocupa. Serve para que ele diga não até mesmo para o próprio Serra. ‘‘Ele fala para o ministro que não dá, não tem orçamento’’, explica um outro colega que preferiu não se identificar.
Barjas Negri chegou à área da saúde depois de ter passado dois anos no Ministério da Educação (MEC), sob a guarda fiel do ministro Paulo Renato. No MEC, foi responsável pela regularização das contas e pela criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (Fundef). Foi uma ordem do presidente da República que deu início ao processo de transferência para o gabinete de Serra. Paulo Renato, que tem Barjas como homem de confiança, o cedeu a muito contragosto. Aliás, diz-se nos bastidores, que a maioria dos ministros desejam tê-lo na equipe.
Líder estudantil
Nascido em Piracicaba, Negri foi líder estudantil nos tempos da faculdade de economia, que cursou na Universidade Metodista dessa mesma cidade. Formou-se em 1973 e dois anos mais tarde casou-se com Sandra Bonsi Negri, com quem teve três filhos. Em 77, deu continuidade à sua vida acadêmica na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) onde fez mestrado. Foi nessa mesma década que conheceu Serra e Fernando Henrique.
Todos os três militantes do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em fins da década de 80, os três uniram-se novamente para ajudar a fundar o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Em 94, Barjas completou o doutorado em economia na mesma Unicamp e conquistou por completo a admiração do também economista Fernando Henrique — que, aliás, é um de seus autores prediletos, uma vez que coleciona todos os seus livros. Barjas é também autor de oito livros.
Ao contrário do colega José Serra, Barjas é um homem de poucos inimigos e é nada chegado a holofotes. Em comum, os dois cultuam uma paixão tórrida pelo futebol. São torcedores roxos do Palmeiras. Em 2000, foram juntos ao Morumbi, em São Paulo, para assistir à decisão do campeonato Libertadores da América. O time do coração jogou contra o Boca Juniors, da Argentina.
E juntos, saíram tristes com a derrota. ‘‘Saí do estádio com muita raiva’’, lembra Negri. Desde então, nunca mais arriscaram assistir juntos a um jogo do Palmeiras. Da outra vez deu azar. Daí em diante virou superstição.
Talvez o grande desafio de Barjas seja vencer a timidez. Assim que ocupar a cadeira de ministro da saúde, os mesmos holofotes que evita há anos irão voltar-se para ele.
Lula impõe PL ao PT
No segundo dia de visitas que faz às fábricas do senador José Alencar, o candidato petista deixou claro que não aceitará que problemas regionais atrapalhem alianças nacionais
NATAL (RN) — O PL é o sapo que o PTterá de engolir. O pré-candidato do PT à sucessão presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva, deixou claro que os ‘‘projetos regionais’’ do partido devem estar subordinados ‘‘ao projeto nacional’’, que é o de chegar a Presidência. Ele fez as declarações ao comentar eventuais resistências de setores do partido a uma aliança com o PL, que em alguns Estados, como na Bahia, é um dos principais aliados do PFL. ‘‘Não vai ser a inexistência da aliança em um estado que vai impedir uma aliança nacional’’, afirmou.
Lula cumpriu ontem no Rio Grande do Norte o segundo dia de visitas a fábricas do senador José Alencar (PL-MG), a quem deseja ter como candidato a vice-presidente. Anteontem os dois estiveram em Montes Claros (MG). Hoje visitam duas outras fábricas, na Paraíba. Da comitiva fazem parte o presidente nacional do PT, José Dirceu, e o do PL, Valdemar Costa Neto. Além de Lula, quem também deseja ter o senador Alencar na vice é o presidenciável do PSB, Anthony Garotinho - que tem o apoio de líderes evangélicos do PL, ligados à Igreja Universal do Reino de Deus. Ontem Lula foi irônico ao comentar o convite que Garotinho teria feita a Alencar para tê-lo como vice: ’’O estranho é Garotinho fazer isso quando ele nem bem conhece o José Alencar. Eu o conheço melhor do que ele e até agora não fiz este convite’’.
O fato, porém, é que a aliança entre o PT e o PL já está praticamente formalizada. É um deslocamento de Lula para o centro que, conquistado o PL, terá agora como próximo alvo o PMDB. E, para as alianças regionais, não apenas o PMDB não-governista. Ontem à tarde, ele encontrou-se com o governador do Rio Grande do Norte, Garibaldi Alves (PMDB), um dos mais fiéis aliados do Planalto.
No caso do PL, de fato não há mesmo qualquer convite formal a Alencar para se tornar o vice. Mas o senador-empresário já se comporta como tal. Faz elogios a Lula - ‘‘Ele é um farol no qual acreditamos’’. Mas, mineiro, aguarda o momento de se pronunciar sobre a chapa com Lula. ‘‘Estou com o cavalo amarrado na sombra’’, disse, citando provérbio mineiro que - segundo ele próprio - expressa o estado de espírito de quem ‘‘não tem pressa e por enquanto está esperando’’.
A decisão do PL sobre a aliança deve sair em maio, informou Valdemar Costa Neto. ‘‘Hoje estamos mais próximos do PT’’, admitiu ele. ‘‘Mas ainda precisamos ter muita discussão interna’’. Ontem, em mais um aceno aos liberais, Lula disse que o seu programa de governo ‘‘não pode ser uma peça reivindicatória’’, e sim ‘‘algo exeqüível, capaz de ser posto em prática desde o primeiro dia’’. Um recado para a esquerda do PT, no sentido de que o programa econômico será mesmo algo palatável aos novos aliados liberais.
Ao afirmar que o Nordeste terá prioridade em seu governo, Lula reiterou que vai reabrir a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), extinta por medida provisória pelo presidente Fernando Henrique. Disse que em outras regiões (não precisou quais) costuma-se ver o Nordeste como ’’exportador de miseráveis’’, visão que em seu governo seria combatida.
Cesar Maia prega renúncia de Serra
O ministro da Saúde e candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, chega hoje ao Rio para encontrar-se com o prefeito Cesar Maia (PFL), em meio a um bate-boca entre tucanos e pefelistas. Maia, que é vice-presidente do PFL, prega a renúncia do candidato do PSDB. Enquanto isso, o presidente nacional do PSDB, deputado José Aníbal (SP), diz que ele não passa de um ‘‘aventureiro e provocador arrogante e autoritário’’. O secretário-executivo do PFL, Saulo Queiroz, defende o prefeito lembrando que ele é um ‘‘especialista em leitura de pesquisas eleitorais’’, que traduz o pensamento do partido: ‘‘Serra dificilmente passará dos 12% nas pesquisas de intenção de voto’’. decreta.
Obras podem parar
A extinção do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) e a criação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), poderá causar atrasos nas obras de recuperação das rodovias, segundo o ministro dos Transportes, Alderico Lima. ‘‘Risco há, mas vamos tentar minimizar esses problemas’’, assegurou Alderico. O problema é que os recursos do Orçamento para os transportes estão vinculados ao DNIT, que só existe no papel. Segundo o ministro, para realizar obras de emergência, o governo está utilizando alternativas, como editar medidas provisórias.
FHC culpa Congresso
O presidente Fernando Henrique Cardoso reconheceu que os impostos no Brasil são pesados, mas culpou o Congresso por não aprovar a reforma tributária. A reação de Fernando Henrique foi uma resposta ao presidente da Confederação das Indústrias Alemãs, Michael Rogowski, que reclamou do excesso de tributos no país e questionou a demora na aprovação da reforma tributária. Na mensagem que envia ao Congresso hoje, o presidente pedirá a aprovação da manutenção da CPMF.
Alckmin não irá a Tasso
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não pretende integrar a comitiva que visitará o governador Tasso Jereissati (PSDB-CE) com a tarefa de convencê-lo a apoiar a candidatura do ministro da Saúde, José Serra. Segundo Alckmin, Tasso deve vir a São Paulo dentro de uma semana e os dois terão um encontropara discutir questões administrativas e políticas. ‘‘Até li no jornal, mas não estou indo para lá, não. É o Tasso que deve vir para cá’’, afirmou.
Aliança amarrada contraria a lei
O procurador-geral da República, que também é procurador eleitoral, Geraldo Brindeiro, é contra a vinculação das coligações partidárias para as eleições estaduais às coligações firmadas para a eleição presidencial. O TSE avaliará nos próximos dias a possibilidade de obrigar que as coligações nacionais sejam obrigatoriamente respeitadas nas eleições estaduais. Em parecer encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em outubro do ano passado, o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo da Rocha Campos, opina em nome da Procuradoria Geral Eleitoral, contra a padronização das alianças.
O parecer, endossado por Brindeiro, foi emitido na consulta feita por quatro deputados do PDT — Miro Teixeira (RJ), José Roberto Bartochio (SP), Fernando Coruja (SC) e Pompeo de Mattos (RS) — que questionaram a possibilidade de um partido se coligar a outro na disputa presidencial e e não seguir essas mesmas alianças nas campanhas estaduais.
Brindeiro disse que não acredita que o TSE venha a normatizar a questão por meio de uma resolução, conforme pretende o ministro Fernando Neves, relator das instruções normativas para as eleições deste ano.
Segundo Brindeiro, o TSE não tem poder para estabelecer uma norma impedindo a diversidade de coligações, uma vez que ela não está prevista na lei. ‘‘A Lei Eleitoral é clara quando estabelece que os partidos poderão ter coligações diferentes nas eleições proporcionais e majoritárias. Não menciona a hipótese de coligações distintas para a escolha em níveis diferentes (presidente da República e governador de estado). Se não menciona, não cabe ao TSE fazer a norma’’, garante o procurador, lembrando que a tarefa de fazer leis é exclusiva do Legislativo. ‘‘O TSE só pode regulamentar o que está previsto em lei’’, afirma.
Segundo o procurador-geral, se a resolução vinculando as coligações for aprovada pelo TSE, o caso poderá chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF) que dará a palavra final. ‘‘As resoluções do TSE são passíveis de controle constitucional pelo Supremo como qualquer outra lei’’, garantiu. Na quarta-feira, o ex-ministro do TSE Torquato Jardim afirmou ao Correio que não caberia nenhum tipo de recurso contra a resolução do Tribunal Eleitoral. ‘‘Cabe aos partidos políticos recorrerem e ao Ministério Público opinar se for o caso’’, explicou Brindeiro.
Artigos
Caminho da guerra
Newton Carlos
Os Estados Unidos vão ou não vão atacar o Iraque, um dos três componentes do ‘‘eixo do mal’’ estigmatizado por Bush? O presidente se limita a dizer que se trata de opção ‘‘em aberto’’. A Casa Branca fica a meio caminho quando nega informações de jornais que dão idéia de ofensiva a curto prazo. ‘‘Nada de ações militares iminentes’’, é o refrão. Mas o que sai dos bastidores coincidem numa coisa: dentro do governo americano já não se discute mais se o Iraque será ou não o alvo da ‘‘fase dois’’ da guerra ‘‘contra o terrorismo’’.
A decisão de Bush de acabar com Saddam Hussein está tomada e só depende de implementação, o que não é fácil e os Estados Unidos sabem disso. Jornais de ambos os lados do Atlântico publicam quase diariamente ‘‘versões’’ com origem em fontes ‘‘confiáveis’’ acrescentando alguma novidade na direção da guerra e não de eventual contenção. A revista Newsweek revelou que o Pentágono estuda a colocação de 50 mil soldados ao longo da fronteira com o Iraque, embora duvide que isso seja suficiente para tomar Bagdá. Especialistas em questões militares falam da necessidade de no mínimo 100 mil, e a convicção é a de que Bush só ordenará um ataque com garantia de 100% de que destruirá o regime iraquiano. De que será concluído o ‘‘trabalho em Bagdá’’, deixado incompleto pelo seu pai.
Um jornal inglês, o Sunday Times, teve acesso a documentos em Washington que deságuam, segundo seu correspondente, numa enxurrada de planos de ataques ao Iraque sob formas variadas. O Philadelfia Inquirer soube que a CIA já entregou um plano a Bush. Ele persiste no velho estilo da Guerra Fria. Na linha de frente, atos de sabotagem, ações encobertas maciças, a chamada guerra suja, e guerra de informações. No campo militar, de início, tornar mais agressivos os bombardeios nas ‘‘zonas de exclusão’’.
Nessas zonas, ao sul e ao norte do Iraque, Estados Unidos e Inglaterra proibiram, sem aval da ONU, a presença de atividade aérea iraquiana. Há anos elas são bombardeadas por aviões americanos e ingleses. Bush teria se entusiasmado com o plano. O diário da Filadélfia diz que os Estados Unidos em algum momento passarão à ação, mesmo que não contem com a ajuda de aliados. O unilateralismo de Bush, o culto a um poder sem limites ou restrições, só dependente da vontade da Casa Branca, entrariam em campo mais uma vez.
O US Today fala de dirigentes estrangeiros que estiveram em Washington recentemente e saíram convencidos de que Bush vai mesmo ‘‘confrontar-se’’ com Saddam Hussein. Decisão que pode estar virando obsessão.
A Rússia e aliados europeus, segundo o jornal, estão alarmados. Na versão do US Today, o governo Bush trata de conseguir apoio entre aliados. Duas adesões são particularmente importantes, Inglaterra e Turquia, onde os Estados Unidos têm bases em condições de alcançar o Iraque.
Os ingleses, aliados incondicionais, às vezes servis, seriam o aval da Europa. E razões que produzam apoios? O governo Bush, por mais que tenha buscado, não conseguiu estabelecer vinculações entre Saddam Hussein e os terroristas de Bin Laden. É o principal motivo das ‘‘reservas’’ européias, inclusive da Inglaterra até há pouco. Correspondentes em Washington relatam que a justificativa são as armas químicas, biológicas e nucleares de Saddam Hussein. Se existem ou não, comprovadamente, é outra questão.
Um jornal israelense, o Haaretz, publicou que Estados Unidos e Israel realizaram em segredo manobras militares conjuntas. Foi testado o sistema ‘‘Arrow’’ de antifoguetes. É a arma com que Israel se defenderá de ataques do Iraque com foguetes Scud, usados na guerra de 90-91. O Iraque, num golpe diplomático, poderia permitir a volta dos inspetores da ONU, expulsos em 98 como espiões. A hipótese surgiu com a proposta de Saddam Hussein de retomar o diálogo com a ONU ‘‘sem pré-condições’’.
Bush decidiu acabar com Saddam Hussein. Nenhuma dúvida. Mas talvez ainda não saiba como fazê-lo.
Editorial
Tarefa do Congresso
Seqüestros. Assassinatos de políticos. Morte de cidadãos diante da porta da própria casa. Os acontecimentos do início do ano deram à sociedade a triste e terrível impressão de que o crime, organizado ou não, começa a comandar a vida das pessoas, especialmente nas grandes e médias cidades do país. Um quadro de violência que parece incontrolável, ao qual o Estado hoje assiste quase impotente, e que precisa de resposta imediata.
Há menos de um mês, quando o então prefeito de Santo André, Celso Daniel, foi assassinado, o governo federal demonstrou rápida capacidade de reação. Enviou ao Congresso um conjunto de medidas para combater o estado de criminalidade crescente. O Congresso também prometeu resgatar e dar prioridade aos projetos que ali já estão em andamento.
Eis aí o desafio que se coloca para o Poder Legislativo. Senadores e deputados retomam hoje os trabalhos após 49 dias de recesso. Eles têm pela frente a tarefa e o dever de avaliar o pacote de medidas de combate à violência e à criminalidade e transformá-lo em um conjunto de leis concretas, que efetivamente devolvam ao cidadão o direito de andar nas ruas e exercer com plenitude seus direitos e deveres. Entre as mais de duzentas proposições em tramitação, duas se destacam. Uma é a restrição ao comércio e ao porte de armas. A outra, a integração das polícias Civil e Militar.
O tempo de que o Congresso dispõe para a inadiável tarefa é curto. São praticamente quatro meses. Exigir dos parlamentares que relevem a campanha eleitoral e fiquem em Brasília votando os assuntos de interesse do país seria ingênuo e injusto. Como políticos, é natural que se envolvam mesmo nas campanhas no segundo semestre. Em outubro, os brasileiros vão às urnas eleger o presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Muitos terão de lutar pela própria reeleição.
O que os congressistas não podem é sair para as campanhas sem dar respostas às demandas da sociedade. A partir de hoje, retomados os trabalhos, é preciso livrar a pauta das medidas provisórias que ficaram pendentes do ano passado para que se inicie o mais rico debate possível sobre a questão da segurança pública. Um país mais seguro, com cidadãos mais confiantes em suas instituições, será benéfico para todos os políticos em outubro. Cumprida a missão no primeiro semestre, os parlamentares poderão se apresentar melhor e de maneira mais digna ao teste das ruas.
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02/15/2002
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