Unesp: Paleontólogos do campus da UNESP de Rio Claro identificaram uma nova espécie de titanossauro
Equipe de Rio Claro identificou o Adamantisaurus mezzalirai, que teria 5 m de altura e 15 m de comprimento
Paleontólogos do campus da UNESP de Rio Claro identificaram uma nova espécie de titanossauro, a partir da análise de seis vértebras fossilizadas da cauda do animal. O Adamantisaurus mezzalirai teria vivido há 70 milhões de anos, entre São Paulo e Minas Gerais. Dinossauro integrante da infra-ordem dos saurópodes, alimentava-se de plantas e tinha pescoço e cauda longos, altura de 5 m e aproximadamente 15 m de comprimento. Publicado, em janeiro, pela conceituada revista britânica Palaeontology, o estudo teve repercussão na imprensa internacional.
As vértebras foram encontradas em 1959, no município de Flórida Paulista, na região oeste do Estado, durante a construção de uma ferrovia. O nome dado à nova espécie é uma homenagem a Sérgio Mezzalira, na época geólogo do Instituto Geológico de São Paulo, o primeiro especialista a ter acesso aos ossos, que apresentam em média 25 cm de altura e 15 cm de comprimento. “Logo após examinar a ossada, Sérgio a identificou como pertencente a um titanossauro”, lembra Rodrigo Santucci, um dos pesquisadores que participaram das investigações em Rio Claro e hoje professor na Universidade de Brasília (UnB). “Coube ao nosso grupo compará-la mais detalhadamente com a de outros titanossauros e chegar à nova espécie.”
Santucci conta que soube da existência das seis vértebras em 1998. No final do mestrado, em 2002, já tinha certeza de que se tratava de um novo gênero. “Mas apenas em 2003, depois de examinar várias outras espécies descritas, principalmente na Argentina, na Índia e em países da Europa, foi possível concluir o trabalho”, conta o docente, que estuda os dinossauros desde sua iniciação científica no curso de Geologia na UNESP. “No Brasil, até hoje, há menos de uma dezena de dinossauros identificados, descritos e reconhecidos pela comunidade científica”, observa.
Processo de datação
Para descobrir a idade da ossada, foi feito um estudo comparativo com outros fósseis conhecidos ou achados na mesma localidade. “Chegamos à idade de 70 milhões de anos pela análise do conjunto de organismos associados à unidade geológica onde foi encontrado o Adamantisaurus”, explica Reinaldo Bertini, co-autor do artigo publicado na Palaeontology. Docente do Departamento de Geologia Aplicada do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), Bertini é o coordenador dos estudos de Paleontologia realizados no campus de Rio Claro. (Leia quadro.) “O peso dessa nova espécie foi calculado a partir da comparação com titanossauros cujo esqueleto está completo”, afirma Bertini.
Esses enormes animais herbívoros são conhecidos por terem as vértebras da cauda com articulações de face anterior côncava e posterior convexa, como as analisadas pelos paleontólogos da UNESP. Outra característica dos titanossauros é a grande variação de peso e altura. “O Argentinosaurus é o maior animal terrestre de que se tem notícia, com 40 metros de comprimento e peso de 70 t, enquanto o Magyarosaurus, encontrado na Romênia, não passava de 6 m de comprimento e pesava 5 t”, destaca Santucci. Dois outros estudos de pesquisadores da UNESP sobre achados de dinossauros no Brasil deverão ser publicados ainda este ano em revistas
04/28/2006
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