Unicamp: Universidade ajuda a formular programa para qualificar professores de escolas estaduais



Idéia é oferecer programa de pós-graduação para essas instituições que têm apenas 20% de mestres e doutores

Embora constituam um importante sistema educacional para o país, visto que têm mais alunos que as universidades federais, as universidades estaduais, com exceção das localizadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, enfrentam sérias dificuldades para qualificar seus professores, situação que reflete negativamente na qualidade do ensino praticado por elas. Atualmente, apenas 20% dos docentes dessas escolas de nível superior detêm títulos de mestre ou doutor. Os demais possuem apenas a graduação. Para tentar alterar tal quadro, essas instituições estão articulando a criação de um programa sólido e duradouro que ofereça aos seus educadores a oportunidade de fazer a pós-graduação. O primeiro passo nesse sentido foi dado nos últimos dias 6 e 7 de julho, quando ocorreu o 1º Encontro Nacional de Pró-reitores das Universidades Estaduais, na Unicamp. Ao final do evento, os dirigentes firmaram o compromisso de buscar alternativas eficazes para superar o desafio.

De acordo com a pró-reitora de Pós-graduação da Unicamp, Teresa Dib Zambon Atvars, estiveram representadas no encontro 27 das 50 universidades estaduais de todo o Brasil. O número significativo de participantes, afirma, traduz a preocupação dessas instituições com a questão da qualificação de seus professores. “Todas elas demonstraram estar seriamente comprometidas com o tema”. No encerramento dos trabalhos ficou definido que as universidades farão um levantamento detalhado das suas situações. Além disso, também providenciarão uma relação de suas prioridades. Assim, será possível traçar um retrato geral das necessidades do sistema, condição indispensável para a formulação de propostas. “Teremos um novo encontro em outubro, oportunidade em que analisaremos esses dados”, adianta a professora Teresa Atvars.

A pró-reitora acredita que o problema da falta de qualificação dos professores das universidades estaduais exigirá a elaboração de um programa extremamente consistente, que possa ser sustentado no tempo. “Essa não é uma questão que será resolvida em apenas cinco anos. Além disso, se não houver continuidade das ações no longo prazo, os resultados iniciais poderão ser perdidos rapidamente”, analisa. Teresa Atvars pensa que um projeto dessa envergadura abrigará necessariamente diversas experiências. Algumas delas já foram ou estão sendo executadas pela Unicamp, que tem tradição na formação de pessoal para atuar nas escolas de nível superior.

Uma possibilidade, aventa a pró-reitora, é a vinda de professores de outras universidades estaduais para cursarem a pós-graduação na Unicamp. Outra é a criação de cursos “fora de sede”. Ou seja, docentes da Universidade realizariam parte do programa nas instituições receptoras e a parte da tese seria executada na universidade sede do programa. Há, ainda, opções como o doutorado sanduíche, por meio do qual o aluno cumpre parte do aprendizado na universidade de origem e outra parte na Unicamp. “Tudo isso terá que ser discutido em profundidade, para que cheguemos a uma fórmula que atenda tanto as expectativas das instituições parceiras, quanto as da Unicamp. Nós consideramos a qualificação desses docentes indispensável para a melhoria do nível da educação superior no Brasil. Estamos dispostos a colaborar, mas não entraremos nesse processo sem projetos qualificados”, diz.

Além das universidades estaduais, pondera a professora Teresa Atvars, um programa como esse exigirá a participação de outras instituições, como as agências estaduais de fomento à pesquisa. Algumas, segundo a pró-reitora de Pós-graduação da Unicamp, já têm manifestado interesse em participar do financiamento das ações. “Os governos estaduais também sinalizaram que pretendem colaborar. Ou seja, pela primeira vez temos um conjunto de forças trabalhando na mesma direção, o que é muito salutar”. Um aspecto que traz especial preocupação é o item do projeto de Reforma Universitária que estabelece um percentual mínimo de mestres e doutores para as instituições de ensino superior.

No entender de Teresa Atvars, qualquer que seja a proposta para a qualificação dos professores das universidades estaduais, esta não pode ter como foco apenas o cumprimento de um índice legal. “Penso que nossa preocupação tem de ser no sentido de criar uma cultura da geração do conhecimento nessas instituições. Somente assim o trabalho poderá obter sucesso e ter continuidade”. Do contrário, adverte, os professores continuarão ensinando mal a seus alunos. Estes, por sua vez, deixarão a universidade e repetirão os mesmos erros em escolas de nível médio e fundamental. “Precisamos quebrar esse círculo vicioso da educação supe

07/19/2006


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