Universidades batem recorde de dias parados








Universidades batem recorde de dias parados
A greve mais longa já registrada na história do Brasil, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Oeste do Paraná, Luiz Fernando Reis, completou ontem 150 dias sem solução.

A interrupção das atividades de três das seis universidades estaduais do Paraná - Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Maringá (UEM) e da Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), em Cascavel - já causaram prejuízo para 35 mil alunos e impediram a formatura de cerca de 4.000 mil universitários.
Até o momento, a mais longa paralisação era das universidades federais, de 107 dias, que ocorreu em 2000.

Embora o número por si só já seja bastante expressivo, não foram apenas os alunos que amargaram prejuízo. Em média 40% dos estudantes que estão matriculados nas três universidades estaduais vieram de outras regiões, o que fez com que o comércio se ressentisse com a interrupção das aulas. Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina, George Hiraiwa, é difícil mensurar os prejuízos causados pela greve da UEL na cidade. "Existem efeitos diretos e indiretos, sem a realização do vestibular da UEL, o comércio não recebeu em torno de R$ 4 milhões, valor que deixou de girar nos hotéis, bares e restaurantes." A ausência dos alunos causou prejuízos em vários setores, como o mercado imobiliário que gira muito em torno de pessoas que moram em outras cidades e cursam universidade em Londrina. O setor deixou de conquistar possíveis locações.

Congressos e seminários deixaram de acontecer na cidade e a própria folha de pagamento de R$ 8 milhões da UEL, que é a segunda maior da cidade, teve o consumo refreado, embora os funcionários paralisados estejam recebendo os seus salários. "Iniciamos um ano difícil, vários setores que foram afetados diretamente estão apresentando enxugamentos nos quadros de funcionários", afirmou Hiraiwa.
A Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil) foi uma das entidades mediadoras nas negociações entre o governo e os servidores das universidades estaduais, mas agora decidiu não mais se envolver. " Não temos mais o que fazer, pedimos apenas o bom senso dos dois lados. Reconhecemos a reivindicação dos professores, mas imagem da entidade está se depreciando", afirmou Hiraiwa.

" Para a cidade somar tudo isso é negativo. O município deveria gerar notícias positivas na mídia que atraíssem novos investimentos para a região, sem considerar a produção do conhecimento e da tecnologia. Duas mil consultas que são realizadas à população carente diariamente pelo Hospital de Clínicas da UEL foram comprometidos", analisou Hiraiwa.

Em Cascavel, onde está a Unioeste, determinados setores como de bens perecíveis estão sentindo o reflexo da greve. Segundo o presidente da Associação Comercial e Industrial de Cascavel (ACIC), Rogério Stein, a cidade continua recebendo os recursos dos professores que continuam recebendo os salários, o dano ocorreu mesmo no consumo dos 12,5 mil alunos. Na área de imóveis existe um aumento da oferta de locação, a maior disponibilidade de imóveis fez com que os preços dos aluguéis caíssem. " É perceptível o reflexo, mas não temos como fazer uma avaliação qualitativa e quantitativa para sabermos até onde fomos afetados pela greve e o que é reação natural de mercado", afirmou Stein.

Para Stein, o maior prejuízo é a própria universidade não estar cumprindo o seu objetivo. A universidade nasceu do anseio da população de redesenhar a economia local. "A Unioeste é a esperança de geração de tecnologia na busca da industrialização da região. A paralisação põe em cheque as parcerias de empresas relacionadas à extensão e pesquisa. Os investimentos nessa área são muito caros e podem ocorrer evasão de investidores."

A Unioeste tem várias prestadora de serviços - micro empresas - que surgiram em torno da universidade e que segundo Stein estão com dificuldades de se manter, já que o faturamento caiu quase a zero.

O Paraná têm ao todo seis universidades estaduais que somam 61.046 mil alunos e 5.064 professores. As seis instituições receberão R$ 352 milhões este ano. No ano passado o orçamento foi de R$ 300 milhões. Além da reposição salarial de 50,03%, os professores reivindicam a reestruturação do Plano de Cargos, Carreira e Salário (PCCS). Um professor graduado em início de carreira, recebe hoje R$ 767,00, mas se a dedicação à universidade for exclusiva esse valor aumenta em 55%.

A proposta do governo é de garantir a autonomia financeira das instituições - que hoje é só administrativa - através do repasse de um determinado percentual do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). O ICMS cresce 13% ao ano e a estimativa é de que em 2001 o estado tenha arrecadado algo em torno de R$ 4,9 bilhões.

Os pontos principais da lei complementar - que será enviada para a Assembléia Legislativa logo após o fim do recesso parlamentar, no próximo dia 18; é o repasse de um percentual do ICMS às universidades, permitindo autonomia dos recursos administrativos e recursos humanos. " O percentual será algo similar ao que é repassado no estado de São Paulo - é de 10,5%. As universidades terão deveres, formando os seus próprios planos de carreira e salários, já que existem níveis e necessidades diferenciados", afirmou o secretário Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Ramiro Wharhafting.

Outro ponto da lei complementar que deverá ser alterado em caso de aprovação, são os conselhos, que segundo Wharhafting representam uma democracia ilusória. Na UEL são 70 conselheiros, na Unioeste 48 e na UEM são 44. " Qualquer reunião de conselho vira uma assembléia. Com dois anos de casa, qualquer um pode ser membro do conselho. Queremos estruturar e qualificar os membros sem ferir a autonomia da instituição, além de ter membros da comunidade nos conselhos", analisou o secretário.

O comando de greve das universidades estaduais alega não ter uma proposta concreta. " O governo quer acabar com a greve, mas não quer discutir o impasse. O ICMS é um ponto novo na pauta, uma questão complexa que não envolve apenas as universidades em greve, mas todas as universidades do estado," afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Oeste do Paraná, Luiz Fernando Reis.

Segundo Reis, nos últimos oito anos o crescimento do número de cursos ofertados pelas universidades cresceu 60%, os professores com título de doutores aumentaram em 130% e o número de estudantes cresceu 30%.
"O percentual de ICMS destinado às universidades que em 1994 era de 6,91%, hoje é de 6,02%. A proposta do governo pode significar reposição zero", concluiu Reis.

Outro ponto que faz parte da proposta do governo, segundo Wharhafting é estabelecer uma cota para alunos paranaenses. "É a sociedade paranaense que contribui, temos que fazer com que os recursos sejam utilizados no estado, já que não temos tantas universidades federais como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio grande do Sul", afirmou Wharhafting.

O secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior não acredita que a proposta que será apresentada no dia 18 possa por fim a greve. " O comando de greve está preocupado com os seus destinos políticos," enfatizou o secretário.

Caso se confirme a previsão de Wharhafting dos servidores não aceitarem essa nova proposta, o fim da greve deverá ocorrer por outros meios, ou seja, pelas vias judiciais. " O Estado continua repassando os recursos. É um absurdo utilizar os serviços públicos como instrumento de manobras. Alguém vai ser ter que ser responsabilizado", concluiu o secretário.


Chinchila brasileira para a Europa
Na primeira compra pública de peles de chinchila do ano, o importa dor espanhol Felix Freixer arrematou 15 mil peças, montante igual a todo o volume que adquiriu de criadores brasileiros ano passado.

Fornecedor de grandes estilistas europeus, Freixer avaliou e comprou tudo o que foi ofertado durante o fim de semana em Porto Alegre e Camaquã, na sede da Cabanha Multichila, a maior do País. A Associação dos Criadores de Chinchila do Brasil (Achibra) ainda não totalizou o valor comercializado, mas o preço de cada pele variou de US$ 12 a US$ 32. A oportunidade atraiu criadores de vários estados brasileiros. Ano passado, o espanhol pagou uma média de US$ 23 por pele, desembolsando US$ 345 mil. Segundo o proprietário da Multichila e presidente da Achibra, Fabiano Carvalho, o momento para a atividade é apenas "razoável". A expectativa é que os negócios voltem a se aquecer a partir do segundo semestre, com a possível abertura do mercado chinês para a pele do pequeno roedor originário dos Andes. Com isso, poderá haver uma reação nos valores pagos aos produtores.

Na Europa, as peles de chinchila são utilizadas na confecção de casacos ou de adereços, como golas e punhos. Para um casaco Armani, por exemplo, em médias são consumidas 12 peles. "O mercado europeu ficou um pouco apreensivo ano passado, a partir dos atentados de 11 de setembro (nos EUA). Freixer deve ir nos próximos 15 dias para China tentar colocar as peles brasileiras. É que lá está surgindo uma elite formada por um pequeno percentual da população. Como a China tem 1,2 bilhão de habitantes, este pequeno percentual mesmo assim é um grande mercado", lembra Carvalho. Além da Europa, outros países da Ásia também compram pele de chinchila. Para os asiáticos, entretanto, são enviadas as de qualidade inferior, para serem submetidas e tingimento.

Das 15 mil peças adquiridas pelos espanhol durante o fim de semana, cerca de 12 mil eram do Rio Grande do Sul. O Estado conta hoje com 80% dos cerca 400 criadores brasileiros. Somente os criatórios gaúchos correspondem de 8,5% a 9% da produção mundial. A participação brasileira chega a 10%.

Devido a problemas como os atentados terroristas, a expectativa de exportações para o ano passado - de 25 mil a 30 mil peles - não se confirmou. Como a regra da atividade é que a demanda mundial é sempre maior do que a oferta, as projeções para 2002 são de que o Brasil negocie com o exterior mais de 30 mil peles, somando a produção deste ano com os estoques de 2001. Embora não existam números precisos, a demanda mundial é estimada em até 1 milhão de peças por ano.

A próxima vinda do espanhol ao Brasil está marcada para outubro, mas Carvalho acredita que até a metade do ano o País já terá um grande volume de peles disponível para a venda. Contando com a visita do fim de semana, Freixer já viajou 15 vezes ao Brasil. O importador mantém um contrato de vendas com a Multichila. A cabanha se responsabiliza por organizar as comprar públicas, contatando os produtores brasileiros e, como contrapartida, fatura US$ 1 sobre cada pele vendida. Freixer compra as peles cruas e as encaminha ao curtimento para que, no final, consiga grandes lotes de peças mais uniformes. Enquanto avaliava e comprava as peles, o importador ainda explicava aos criadores os critérios para fixar o valor de cada unidade. Mas não havia peças da Multichila envolvidas nos negócios fechados durante o fim de semana.

O maior criatório do Brasil, que trabalha hoje com 2,7 mil matrizes, deve exportar suas peles apenas próximo mês. Ano passado, a cabanha comercializou quatro mil peças. Agora, espera fechar 2002 negociando cinco mil peles.

O proprietário da Multichila e presidente da associação brasileira de criadores estima que a atividade cresça de 5% a 6% ao ano no País. Uma das vantagens dos produtores nacionais em relação a outros países onde existe criação está nos custos de produção. No Brasil, o criador gasta em média US$ 8,5 para obter cada pele, valor que chega no mínimo a US$ 20 nos EUA, Canadá e Europa.

Conforme Carvalho, para iniciar uma criação o interessado precisa gastar pelo menos R$ 3,5 mil, valor necessário para comprar uma família de chinchilas, formada por cinco fêmeas e um macho. Cada matriz produz, em média, de três a quatro filhotes por ano. Os animais são abatidos com oito meses e meio de idade. A atividade, explica Carvalho, também precisa de um espaço mínimo. "No Brasil, 80% das criações são urbanas e de pequeno porte. Tenho uma área de um hectare em Camaquã e utilizo apenas um quinto da extensão com as chinchilas", conta. Um criatório é considerado de pequeno porte quando tem até cem fêmeas. Os médios têm até 500 matrizes.


Verão é ruim mas ICMS cresce em Santa Catarina
Ainda não ocorreu em janeiro o reflexo da pior temporada de verão de Santa Catarina e da redução da base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis (de R$ 1,91 para R$ 1,69), na arrecadação do tributo.

No mês passado, entraram para os cofres públicos R$ 330,18 milhões do imposto, 11,25% a mais do que em mesmo mês de 2001, de acordo com a Secretaria Estadual da Fazenda.

O governo catarinense vem obtendo sucessivos recordes na arrecadação. Desde 1998 a receita com o ICMS cresceu 61,21%. Ao término de 1998, Santa Catarina recolheu R$ 2,01 bilhões. Em 2001, o Estado computou R$ 3,75 bilhões. No ano passado em relação a 2000, o crescimento foi de 18,18%. Estes números funcionam como trunfo para Amin, que gaba-se de ver crescer a arrecadação da principal fonte de receita do Estado “sem aumentar imposto”.

Vários foram os fatores que influenciaram no crescimento da arrecadação, entre eles, a redução da sonegação e o crescimento da economia catarinense. O secretário da Fazenda, Antônio Carlos Vieira, no entanto, diz que o aumento da receita em janeiro ficou aquém do previsto no Orçamento do Estado para 2002, que era de 21%. Tanto é que ainda em janeiro o governo publicou um decreto esclarecendo que o orçamento foi reduzido em R$ 200 milhões, ficando em R$ 3,6 bilhões. “Em 2001 chegamos próximos a 20% de crescimento. Para este ano, preferimos apostar que gire próximo aos 16%”, diz Vieira.

Uma das ações que o governo quer implementar este ano para incrementar a receita e combater a inadimplência, é o Cartão do Cidadão. No momento de qualquer compra ( a partir de R$ 0,01), ao utilizar este cartão, o consumidor soma pontos e passa a concorrer a prêmios semanais. “A secretaria imagina que uma administradora faça este trabalho em nome do governo”, diz o secretário adjunto da Fazenda, José Abelardo Lunardelli.


Mais debates políticos na Assembléia catarinense
Programada para amanhã, a sessão solene que encerra o recesso na Assembléia Legislativa catarinense marca o início de um período em que os deputados estaduais devem se dedicar mais aos debates políticos do que às votações propriamente ditas. Tanto que representantes da base governista – formada pelo PPB, PFL, PSDB, PTB, PL e PSDB – e da bancada de oposição – PT, PDT, PMDB e PPS – dão como improvável a discussão de projetos polêmicos antes de outubro. Entre as propostas mais importantes hoje engavetadas no parlamento estão a criação do novo plano de previdência estadual e do novo programa de ciência e tecnologia de Santa Catarina.

Em contrapartida, principalmente por parte dos opositores do governador Esperidião Amin, deverão ser comuns as propostas de criação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) e as solicitações de informações sobre o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), em processo de privatização, e a Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), que nos próximos meses deve mudar o sistema de gestão e a própria estrutura organizacional.

A bancada de apoio ao governo, por sua vez, usará a tribuna para defender Amin e atacar os adversários, principalmente os do PM DB. Aí, a principal arma, já usada desde 1999, serão os salários atrasados deixados pelo ex-governador peemedebista Paulo Afonso Vieira. “Em ano eleitoral é inevitável que a campanha entre em plenário”, diz o líder do PFL na Assembléia, Júlio Garcia. Ele acredita, no entanto, que os parlamentares deverão analisar as questões menos polêmicas da pauta. A lista dos projetos mais importantes que devem ir a plenário, segundo Garcia, é pouco extensa. “Nossa intenção principal é derrubar o veto do governador ao projeto que proíbe a instalação de radares eletrônicos nas estradas catarinenses”. Outros parlamentares também esperam poucas votações e muita falação nos próximos meses. “Este é um ano mais de discussões políticas do que de ações.


Mercado de animais domésticos movimenta 32ª Feira de Filhotes
Terá início amanhã, no Centro de Exposições de Curitiba, no Parque Barigüi, a tradicional feira Raças & Pedigree. Em sua 32ª edição, a feira vai apresentar 60 diferentes raças de cães, gatos e filhotes como o ferret, chinchila, aves, peixes, coelhos e pôneis.

De acordo com o gerente de Marketing da Diretriz Empreendimentos, Jackson Hara, estarão à venda durante o evento cerca de 1.500 filhotes, sendo que a expectativa é a comercialização de 100% dos animais até o término da feira, no dia 24 de fevereiro. “O público que vai no evento está lá para comprar mesmo”, declara.

O presidente do Kennel Club de Curitiba (entidade responsável pelo registro de cães na capital), João Igor Huczok, garante a qualidade dos animais da feira. “Os cães têm registros internacionais. É por isso que o evento tem grande repercussão e credibilidade”, afirma. Segundo Huczok, as raças mais procuradas são, respectivamente, Yorkshire, Rottweiler, Labrador, Poodle e Pitbull. Os preços variam muito. Para se ter uma idéia, um filhote de Yorkshire com pedigree pode custar R$ 400 ou R$ 1.000. Também um Rottweiler pode ser vendido por R$ 250 ou por até mais de R$ 1.000.

Huczok, que também é presidente da Federação Paranaense de Cinofilia, afirma que o Paraná é um dos estados com maior procura de animais de estimação. Segundo ele, em Curitiba 80% das residências possuem cães. Com isso, o Paraná se encontra na terceira colocação em número de registros, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro.

Na medida em que aumenta a procura por animais de estimação, também cresce a conscientização com relação à saúde desses bichinhos. Isso está fazendo com que surja um mercado muito amplo e promissor em todo o país. Estima-se que hoje o Brasil possua um dos mais importantes mercados de produtos destinados aos animais de companhia (chamados pets) do mundo, com potencial para alcançar os números da Europa e Estados Unidos, onde este mercado já é tradicional.

Segundo o presidente da Kennel Club de Curitiba, nos EUA, 25% das mercadorias vendidas em supermercados são produtos pet. Já na Europa, a venda de produtos para animais só é superada pelo refrigerante Coca-Cola, de acordo com o secretário geral do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV-PR), Rogério Sprada. “Os europeus têm uma consciência fora do normal quanto aos animais de estimação. Enquanto isso, o Brasil vai se desenvolvendo neste aspecto e criando consciência”.
O Paraná é considerado o quarto maior estado em comercialização de produtos pet do país, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Para Sprada, o crescimento obtido pelo estado vem de cinco anos atrás, motivado “tanto pela conscientização dos proprietários de animais de estimação, quanto pela abertura desenfreada de universidades em todo o país”.

Dados do Conselho indicam que existem hoje no Paraná cerca de 3.300 veterinários atuantes. Somente em Curitiba funcionam 250 clínicas veterinárias, sem contar os modernos Pet Shops que vendem todo o tipo de produtos pet, desde ração até refrigerante importado para cachorros. Segundo o diretor da Kennel Club de Curitiba, Luiz Augusto Santos Rodrigues, existem cerca de 1.300 Pet Shops na região, o que faz de Curitiba um dos maiores mercados do país.

Apesar disso, ele explica que o mercado curitibano não se encontra mais em expansão quantitativa, e sim qualitativa. “Abrir um Pet Shop era considerado o melhor investimento anos atrás. Porém, hoje o mercado se encontra saturado e é quase um suicídio empresarial investir nesse tipo de empreendimento”, analisa Rodrigues, que é criador de cães e proprietário da Pet Shop A Bicholândia. De acordo com ele, apenas 2 de 10 Pet Shops que abrem conseguem sobreviver a mais de dois anos de atividades, sendo que até empresários tradicionais do ramo estão fechando suas portas.

Muito do crescimento do número de investimentos na área deve-se à indicação do Sebrae/PR, que considera o Pet Shop como o melhor negócio atualmente. “O Sebrae está trabalhando com dados desatualizados. Só para se ter uma idéia, quando eu abri a minha loja, fiz uma pesquisa de mercado para ver em qual bairro eu poderia ter mais chances de sucesso. E o único que ainda possuía uma certa carência era o Jardim Botânico”, comenta Rodrigues, que freqüentemente recebe elogios da comunidade por ter situado a sua loja exatamente entre dos bairros Rebouças e Jardim Botânico.

Calcula-se que para abrir um Pet Shop de boa qualidade são necessários investimentos da ordem de R$ 50 mil, incluindo aluguel, adequação do local e estoque. Um Pet Shop bem situado e firmado no mercado consegue faturar cerca de R$ 40 mil por mês. Já uma loja que acaba de abrir, mas já coloca no mercado serviços e produtos diferenciados, como é o caso de Rodrigues, fatura de R$ 8 mil a R$ 12 mil. Estes valores variam muito em determinadas épocas do ano, como nos meses de janeiro e fevereiro, quando a demanda de clientes é reduzida em decorrência das férias e dos gastos com matrículas, por exemplo.

Para Rodrigues, o mercado de produtos pet na capital só não é maior porque o curitibano na hora de comprar leva muito em consideração o preço. “Não importa se o atendimento é excelente e diferenciado num Pet Shop. Se no supermercado a ração é mais barata, é lá que ele compra”, afirma.

A expansão do mercado que gira em torno dos animais de estimação pode ser ilustrado justamente através do consumo de rações. De acordo com o CRMV-PR, há 15 anos ninguém dava ração ao seu animal, costume que hoje é adotado na maioria absoluta dos casos. Nas prateleiras dos supermercados e Pet Shops podem ser encontradas uma infinidade de marcas e tipos de ração, assim como demais guloseimas, como biscoitos e até chicletes para cachorros.

O mercado se desenvolveu tanto que até surgiram serviços especializados, como é o caso do Disk Ração, um serviço muito utilizado em Curitiba, no qual o proprietário do animal solicita a entrega da ração na própria casa. Há também o Táxi Dog que vem sendo cada vez mais solicitado. ”As pessoas não têm mais tempo de levar o cachorro para as clínicas e por isso chamam o Táxi Dog. Há também pessoas que não gostam de transportar o cachorro dentro do carro, sem contar que a legislação proíbe que os animais sejam levados soltos dentro de automóveis, por causa do risco de acidentes”, explica Rodrigues.

Paralelamente ao mercado, a medicina veterinária também foi se desenvolvendo cada vez mais, a ponto de hoje oferecer uma variedade infinita de medicamentos e equipamentos médicos, que antes só eram utilizados em humanos. “Muitas clínicas já possuem equipamentos de raio X, por exemplo. Este fato faz com que a competitividade cresça entre as clínicas e, consequentemente, que a qualidade dos serviços aumente cada vez mais”, considera Sprada. Justamente por isso o secretário do CRMV-PR considera a proliferação de clínicas e Pet Shops extremamente positiva.

O crescimento do mercado, porém, fez com que uma preocupação constante surgisse entre a classe veterinária: o charlatanismo. Por falta de informação, muitos donos de animais levam os seus bichinhos a aviários ou mesmo Pet Shops para serem medicados, sendo que nem sempre os profissionais que atuam neste mercado são especializados. “É muito comum vermos animais serem castrados em aviários ou serem medicados com hormônios para evitar o cio”, afirma o secretário do Conselho. A preocupação é tanta que o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina colocou em seu site uma lista de charlatões condenados pelo estado.

Em muitos casos, a culpa é do próprio dono que não tem o devido cuidado com o seu animal. Como o modismo é constante nesse mercado, muitas pessoas acabam comprando um filhote porque viram num filme e depois se arrependem pois acabam descobrindo que ele exige uma série de cuidados e também um custo. Uma consulta veterinária, por exemplo, é tabelada em R$ 36,00. Uma vacina tem em média o mesmo valor e são necessárias três tipos dela para um filhote em sua primeira consulta. Somando-se às despesas médicas, ainda tem a ração, que custa em média R$ 10,00 o quilo, e o banho e a tosa que, dependendo do animal, deve ser feita periodicamente e varia de R$ 15,00 a R$ 35,00.


Cebrace investe R$ 300 milhões em nova fábrica de vidros planos
A Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) entregou ontem a Licença Ambiental de Instalação (LAI) da fábrica de vidros planos que será construída pela Cebrace em Barra Velha, Norte do estado. A LAI, que tem data de 8 de fevereiro, era o último documento necessário para que o grupo, joint venture entre os franceses da Saint Gobain e os ingleses da Pilkington, desse início às obras da unidade fabril, que consumirá investimentos de R$ 300 milhões e terá capacidade para produzir 200 mil toneladas por ano. “O grupo de engenharia está finalizando as negociações e a terraplenagem começa ainda neste mês”, disse a este jornal, ontem, o presidente da Cebrace, Oscar Boronat.

A fábrica de Barra Velha, que demandará entre 18 e 24 meses para entrar em operação, será a quarta linha de produção da Cebrace no Brasil e a sexta na América do Sul. Além das três plantas que mantém nos municípios paulistas de Caçapava e Jacareí, a joint venture tem unidades produtivas no Chile e na Argentina.

A contratação dos demais fornecedores para os serviços de construção estão em curso, mas já foram definidos alguns, como é o caso das empresas blumenauenses Zilli e OA Engenharia, responsáveis, respectivamente, pelos projetos elétrico e de engenharia civil. Nos momentos de pico o canteiro de obras contará como 700 trabalhadores.

Hoje a capacidade nominal instalada no Brasil para produção de vidro plano, conforme o executivo, é de aproximadamente 800 mil toneladas por ano, das quais 550 mil saem das três linhas da Cebrace. A norte-americana Guardian, concorrente da Cebrace no mercado brasileiro, anunciou em novembro que construirá sua segunda unidade fabril no País, no município de Balsa Nova, na região metropolitana de Curitiba. A unidadeterá o mesmo porte e foco da planta da Cebrace e Barra Velha, que tem como prioridades os mercados da construção civil e moveleiro.

Boronat diz que a opção por Santa Catarina, além de considerar a logística, tomou por base o crescimento da região Sul e a existência do pólo produtor de móveis na região, argumentos semelhantes aos usados pela direção da Guardian para definir a localização de sua nova fábrica. “Em média, a indústria do vidro cresce 7% ao ano no Brasil, onde a construção civil responde por 59% do mercado e a indústria moveleira por 18%”, diz. A expectativa é atingir a plena capacidade dois ou três anos após o início das operações.

Em Barra Velha a Cebrace vai produzir vidros com espessuras de 2 a 12 mm. Quando estiver operando, a fábrica vai gerar 154 empregos diretos e outros 29 em funções complementares, como os serviços de limpeza e segurança. “Em função da logística, a unidade de Santa Catarina deverá exportar um pouco mais do que a média das outras linhs de produção da Cebrace, que destinam ao mercado internacional cerca de 20% da produção”, diz Boronat.


Artigos

2002: a Arena
Fábio Souza Lopes de Matos*

Um dos exercícios mais antigos da humanidade é a futurologia, isto é, a capacidade de antever o futuro, seja na paz ou na guerra. A busca por respostas, dados, informações que garantam um horizonte objetivo, claro, preciso, e muitas das vezes decisivo. A corrida por estas informações e ou respostas para as mais espinhosas perguntas causa muitas das vezes angústia e ansiedade, e não obstante nem sempre sai conforme o esperado. O ano que passou provou isto. Trouxe ao mundo uma segunda realidade, trouxe a dura incerteza, e a incapacidade do homem de prever ações. Fato o já tão comentado e quase esgotado assunto do imortal 11 de setembro de 2001. Este foi o ano passado, 2001. Porém este ano é o oposto. 2002, entra forte num conceito claro: certezas.

Este ano será um dos mais intensos que já se terá notícia. Para o calendário chinês será apenas o ano do cavalo (4.700), mas para muitos países, sobretudo o Brasil, será o ano da verdade. A agenda mundial foi bem definida, foram deixados claros recados de primeira ordem no Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum), realizado em Janeiro na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos, principalmente em virtude de situações que saíram do controle como a Argentina, devido ao foco exagerado no futuro e pouco ou quase nada concentrado em ações presentes, que garantiriam a essência dos detalhes que faltaram para evitar o colapso. Porque a solução para esta crise será a montagem meticulosa de um enorme quebra-cabeças. O mesmo diga-se para o Japão que encontra-se numa idêntica situação delicada. Ou seja, já está formada a arena para 2002, e neste jogo não comportará amadores.

Uma das máximas da essência do pensamento estratégico é que “o jogo é uma situação de interdependência estratégica: o resultado de suas escolhas (estratégicas) depende de escolhas de outra pessoa ou pessoas atuando de acordo com interesses próprios, onde suas escolhas podem ser simultâneas ou mesmo alternadas”. Contanto no nosso país o jogo foi lançado muito precocemente, mas foi lançado, e a regra será jogá-lo. E o nome deste jogo chamam-se eleições: para a presidência da República, parlamentares para a Câmara e o Senado Federal, Estaduais para Governador e respectivas Assembléias Legistativas. E de seu resultado será fruto a agenda política, econômica e institucional do País e Estados para os próximos 4 anos que se seguirão.

A vida é uma sucessão de escolhas, é um grande sistema binário, na qual há apenas duas opções: a certa e a errada. Ou é sim ou não. A luz para um futuro grandioso ou as trevas para um sinistro, dependerão de escolhas. Dia 07 de fevereiro de 2002, foi apresentado numa coletiva de imprensa o balanço dos sete anos do governo do Governo Fernando Henrique Cardoso, e o que ficou claro é que o que havia de conjuntural foi resolvido.

Mas muito foi deixado para trás, tanto por indecisão e imobilidade quanto por escolhas incorretas e conflituosas. Houve avanços? Sim. É lícito afirmar que de 1994 até hoje evolui-se muito. A indústria, admitam os empresários ou não, modernizou-se e é uma das mais competitivas do mundo, o mesmo com o setor financeiro que é um dos mais avançados do mundo, e o mais avançado da América Latina, e entre tantos outros setores. Se fosse ao contrário o país não estaria entre o rol dos que possuem elevado Produto Interno Bruto (PIB).

Vieram investimentos, formaram-se alianças estratégicas, houve agregação e transferência de tecnologia de ponta. O Brasil melhorou sua imagem internacional e não é m ais um mero periférico ou uma república de bananas. Porém houve muito desperdício, sobretudo de tempo, gasto por um Congresso amador, despreparado e míope. Contanto a arena está a espera de respostas. Não soluções ingênuas, demagógicas e populistas como prática transformadora. O momento exigirá uma verdadeira e inadiável escolha de Sofia: a de resolver com firmeza os problemas estruturais, tais como as reformas constitucionais, a institucional, a segurança pública, saúde, educação e distribuição de renda; ou a aceitação de rendição incondicional.

Diante disto, fica claro que tanto na natureza quanto na economia e política, nada é por acaso. Muitos ficam surpresos com certos acontecimentos, como a deflagração das enormes proporções da crise argentina. E perguntam-se: Por quê? Como já dizia o economista inglês John Stuart Mill (1806-73), “não há nada mais insensível do que a lei da gravidade(...) basta que se esqueça por um único instante de respeitá-la(...)”. E graves serão as conseqüências. Bastamos lembrar: o mundo é feito de escolhas. Vejamos seus antecedentes e resultados.


Colunistas

NOMES & NOTAS

Bate-pronto
O ex-deputado Nelson Marchezan, que morreu essa semana, era conhecido em Brasília pelas respostas tipo bate-pronto, que deixavam seus interlocutores sem graça. O folclórico Juruna, o primeiro índio xavante eleito deputado federal, após campanha em que gravava as promessas dos políticos e tecnocratas brasilienses, conheceu esse lado cáustico de Marchezan. No seu primeiro pronunciamento à Casa, com o plenário lotado de jornalistas e parlamentares, Juruna dirigiu-se a Marchezan, que dirigia os trabalhos da Mesa, e perguntou altivo: ”Devo falar em português ou na língua dos xavantes?”. Irritado com a pergunta, Marchezan respondeu na hora: “Fale na língua que vossa excelência pediu votos”.

Marketing
A Randon Participações, de Caxias do Sul, repetiu, neste ano, o que faz, de tempos em tempos e desde a década de 80, com seus parceiros e investidores estrangeiros, durante o carnaval do Rio de Janeiro: convidou um grupo de empresários americanos, livres de despesas, para assistir o desfile principal das escolas de samba, no sambódromo da Marquês de Sapucaí, com direito a camarote exclusivo, hotel e translados durante os dois dias. “É uma ação de marketing que várias empresas brasileiras têm utilizado. O desfile das escolas de samba do carnaval carioca é, sem dúvida, o maior espetáculo público do mundo”, disse um dos diretores da empresa gaúcha, presente no camarote da Randon, próximo do utilizado pela mãe do presidente dos Estados Unidos, Bárbara Bush.

Ação Social
A área de ação social do Hospital Mãe de Deus registrou em 2001 o atendimento de 301.425 pessoas carentes, número 48,1% ao registrado no anterior, quando ocorreram 203.463 atendimentos. De acordo com a Irmã Celsa Zucco, Gerente de Açâo Social do Mãe de Deus, o crescimento deve-se principalmente aos novos programas implantados, com o de educação e prevenção de saúde nas escolas. O programa social com maior participação da população foi o da Unidade Móvel de Saúde Comunitária, que realizou 60.134 atendimentos ambulatoriais, especialmente no município de Alvorada, onde o ônibus equipado com consultórios médico, oftalmológico e odontológico circula durante cinco dias da semana, em sete vilas. A unidade móvel também visitou escolas da região metropolitana de Porto Alegre, atendendo a 42.563 crianças, além de atender mais de 18 mil atendimentos em eventos em praças e parques.

Reconhecimento
A Lei 8666, de 1993, mais conhecida como a Lei de Licitações, de autoria do ex-deputado federal gaúcho Luis Roberto Ponte, acaba de obter o reconhecimento internacional como a menos vulnerável à ocorrência de corrupção. A conclusão é de pesquisa sobre o ambiente de licitações públicas, realizada pela sociedade civil Transparência Internacional em nove países latino-americanos, cujas conclusões finais serão divulgadas nos próximos dias. O projeto original da Lei 8666 foi apresentado na Câmara Federal pelo então deputado pelo Rio Grande do Sul, Luis Roberto Ponte, para coibir a corrupção nas concorrências públicas no governo Collor. Há informações de que, desde que a Lei foi promulgada, em 1993, houve uma redução de pelo menos 20% nos preços das obras públicas no País, nos níveis federal, estadual e municipal. Apesar disso, Luis Roberto Ponte, que preside a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), afirma que a Lei de Licitações deveria ser aprimorada ainda mais, a fim de impedir que dirigentes de órgãos e de empresas públicas continuem interpretando itens da legislação para direcionar obras para determinadas empresas.

Mata Atlântica
O Grupo de Trabalho de Manejo Florestal nos Estados da Região Sul do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), reunido em Curitiba, definiu propostas para alterações na Resolução 278 que limitava o corte de espécies ameaçadas de extinção na Mata Atlântica. Conforme o diretor do Departamento de Florestas e Áreas Protegidas da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), Felippe Kunz Júnior, a Câmara Técnica de Mata Atlântica aprovou as modificações apresentadas pelo Rio Grande do Sul. O Estado propôs a possibilidade de corte de exemplares que representem risco à vida ou ao patrimônio e também em casos da necessidade de obras de utilidade pública (ex: construção de estação de tratamento de água, estradas, rede de transmissão de energia elétrica). Também foi proposto o corte de árvores em área urbana que já estejam em loteamento ou área licenciadas. Esse caso pode ser exemplificado pela existência de uma araucária em local onde se pretende construir uma residência ou indústria e no terreno não há outra alternativa para obra sem a derrubada da árvore.

Siemens
A estratégia e a experiência da Siemens de ganhar mercado investindo em tecnologia agora pode ser lida e estudada. A multinacional alemã e o Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) estão lançando o livro “Tecnologia – Estratégia para a competitividade”, escrito por seis executivos, consultores e técnicos. No livro, editado pela Nobel, eles mostram a importância de acompanhar a tecnologia, de inovar e de perseguir a competitividade, ao mesmo tempo em que se gera novos produtos e serviços.


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02/14/2002


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