USP: Drogas avançadas previnem insuficiência cardíaca



Comparação aponta medicamentos mais eficazes no tratamento da insuficiência cardíaca

A segunda e a terceira geração de betabloqueadores, medicamentos usados no tratamento da insuficiência cardíaca, são mais eficazes e possuem efeito preventivo da doença. A comprovação foi feita por meio de testes em camundongos pela pesquisadora Andréa Somolanji Vanzelli, em dissertação de mestrado apresentada na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP. Na pesquisa, Andréa também aponta que os betabloqueadores de primeira geração, ainda usados no Brasil devido ao baixo custo, podem provocar efeitos colaterais.

A pesquisadora testou os betabloqueadores Propranolol (primeira geração), Metoprolol (segunda geração) e Carvedilol (terceira geração), os mais usados no País, em 66 camundongos com cardiomiopatia induzida por hiperatividade simpática. "Quando há insuficiência cardíaca, o sistema nervoso simpático apresenta um aumento da sua atividade para compensar a perda da força de contração do coração", explica.

No coração, os receptores do sistema nervoso simpático que fazem essa compensação são os beta-adrenérgicos. "A hiperatividade, a longo prazo, aumenta a falência cardíaca devido a liberação excessiva de uma substância neurotransmissora chamada noradrenalina", conta a pesquisadora. "Os betabloqueadores agem nos receptores beta-adrenérgicos, diminuindo a ação nociva da noradrenalina no tecido cardíaco."

Nos animais, a hiperatividade simpática é causada pela ausência dos genes que expressam os receptores alfa-2-A e alfa-2-C adrenérgicos. "O quadro é semelhante ao observado em seres humanos, em que o aumento da atividade simpática é acompanhado pela progressão da doença", relata.

Prevenção

Os betabloqueadores foram ministrados durante oito semanas por via oral (gavagem). O Metoprolol e o Carvedilol foram mais eficazes em prevenir a progressão da doença. Eles reduziram o tamanho das células do coração (miócitos cardíacos), de 23 para 17 micrômetros, valor similar ao do grupo de controle, que não foi medicado.

"Enquanto o Metoprolol age apenas em receptores beta-1 adrenérgicos, o Carvedilol atua também sobre outro tipo de receptores, os beta-2 adrenérgicos", afirma. "O medicamento também apresenta ação vasodilatadora e antioxidante, que entre outros benefícios, previnem o aumento da morte celular."

O uso do Propranolol gerou uma taxa de mortalidade de 46%, contra 20% dos outros medicamentos e do grupo não medicado. "O betabloqueador de primeira geração, embora ainda usado no Brasil devido a seu custo reduzido, não é bem tolerado, provocando, por exemplo, broncoespasmos", aponta a pesquisadora. No estudo, o Propranolol não foi eficaz em reduzir a fração de colágeno no coração. "Altos níveis de colágeno reduzem a elasticidade do músculo cardíaco, o que pode agravar o quadro de insuficiência."

Vanzelli aponta que o efeito fisiológico dos betabloqueadores de segunda e terceira geração foi semelhante. "A partir destes resultados, serão feitos estudos de biologia molecular com a expressão das proteínas reguladoras de cálcio envolvidas na falência cardíaca", relata. "Também será pesquisada em camundongos a ação dos betabloqueadores associados ao treinamento físico, que tem resultados positivos apontados em outros estudos."

O trabalho foi orientado pela professora Patrícia Chakur Brum, da EEFE. As medidas histológicas foram feitas no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da

07/17/2006


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