Vices se tornam cabos eleitorais










Vices se tornam cabos eleitorais
Rigotto e Tarso contam com reforço na tentativa de reverter votos e divulgar os projetos de governo

Os candidatos a vice-governador do Estado pretendem repetir nas próximas duas semanas o desempenho do 1º turno da eleição, consolidando-se como os principais cabos eleitorais de Germano Rigotto e Tarso Genro. O vereador Antonio Hohlfeldt, da União pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS), não poupou tempo nem esforços para ajudar na expressiva votação da sua chapa. O resultado da eleição em Porto Alegre, em que Tarso venceu Rigotto por apenas quatro pontos percentuais na área tradicional do PT, deveu-se muito a Hohlfeldt, vereador eleito na Capital desde a década de 80. Admitiu ter conseguido neutralizar os redutos petistas na campanha, salientando que o fato de haver integrado o partido por muitos anos o fez antecipar reações e comportamentos dos adversários. O candidato Miguel Rossetto, da Frente Popular (PT-PCB-PC do B-PMN) retomou sexta-feira as viagens ao Interior. Está percorrendo os 12 maiores colégios eleitorais para reverter os votos de Rigotto pró-Tarso. O vice-governador licenciado não esconde a sua estratégia, que é conversar com o maior número de eleitores do peemedebista.

Segundo Hohlfeldt, outro fator que fez ele e Rigotto chegarem ao 2º turno foi o incansável corpo-a-corpo, desde o primeiro dia da campanha, o que continuará ocorrendo até o dia 27. A conversa direta com as pessoas não ocorreu por marketing, ressaltou, mas pelo fato de a chapa ao governo ser formada por dois políticos acostumados a fazerem campanhas ao Legislativo, que requer mais do que o simples aperto de mão, mas muitas vezes um longo bate-papo.

O argumento de Rossetto é o de que Rigotto não traz novidades, tem história política e fez opções como deputado federal que merecem explicação. O candidato a vice aposta na falta de solidificação e na fragilidade dos votos do adversário para levar o PT à reeleição ao Palácio Piratini. Segundo ele, as ações do governo Olívio Dutra serão enfatizadas na reta final de campanha, mostrando os índices de crescimento do Estado nos últimos três anos, além de comparar a atual gestão aos dois governos do PMDB. 'Não há dúvida que Tarso representa mais capacidade de administrar e isso será mostrado à população', disse Rossetto.


Oito partidos se unem por Rigotto
Criam comitê único em Cruz Alta para promover a candidatura do PMDB no município e na região

Oito partidos de oposição ao governo do Estado (PMDB, PPB, PFL, PTB, PDT, PHS, PPS e PSDB) montaram comitê único, em Cruz Alta, para apoiar o candidato Germano Rigotto. Cada partido indicou 20 pessoas que estão realizando atividades de mobilização no município e em outros da região. O diretório do PMDB servirá de sede para centralizar as atividades. O vereador Augusto Sampaio, do PMDB, salientou que o apoio conjunto trata-se de movimento jamais visto na região. 'A adesão a Rigotto gerou essa unidade em torno do candidato que oferece a melhor proposta para o Rio Grande do Sul', afirmou o vereador.

Na Câmara Municipal de Cruz Alta, 18 dos 21 integrantes também formaram comitê que tem como sede sala alugada no centro da cidade. Vereadores do PDT, do PFL, do PPB, do PMDB, do PSDB, do PTB e do PHS criaram grupo único para contribuir com a campanha de Rigotto.

O PTB e setores do PDT oficializarão nesta segunda-feira o apoio ao candidato da União pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS). O presidente regional do PMDB, deputado federal reeleito Cezar Schirmer, salientou que essas aproximações estão sendo possíveis porque o partido sempre manteve relação institucional e de respeito com todos os outros. 'O PT peca pela sua prática de cooptar os indivíduos e não os partidos, subvertendo as relações', avaliou o deputado.

Schirmer disse respeitar a posição do PDT, que deverá apenas indicar o voto a Rigotto pela posição de pequeno grupo que prefere aderir ao candidato da Frente Popular ao governo, Tarso Genro. Porém, o presidente do PMDB salientou que não considera que exista divisão interna no PDT. 'Eu afirmaria que 99% dos trabalhistas são a favor do nosso projeto e apenas 1% está com Tarso', contabilizou.


Tarso diz que superará divergências com PDT
O candidato da Frente Popular (PT-PC do B-PCB-PMN) ao Palácio Piratini, Tarso Genro, afirmou neste sábado que não está preocupado com a movimentação do PDT em direção à candidatura de Germano Rigotto, da União pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS). Ressaltou que reconhece as contradições que o PT e o PDT tiveram no governo de Olívio Dutra. 'É natural que ainda existam alguns ressentimentos. Porém, eles serão quebrados em nosso mandato', salientou.

Segundo Tarso, a Frente Popular conta com o apoio de dezenas de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores da base do PDT, que estava bastante mobilizada no 1º turno, e que agora vai dobrar a adesão neste novo momento da disputa. 'O PDT vai entrar de maneira dividida na campanha e nós achamos natural, já que aquelas feridas ainda não foram cicatrizadas', observou. Informou que o partido está realizando esforço para superar as divergências e se unir ao PDT. 'Queremos adesão na campanha para governarmos juntos', disse.
O presidente estadual do PT, David Stival, lembrou que Ciro Gomes e Leonel Brizola, que já manifestaram apoio a Luiz Inácio Lula da Silva, deverão ajudar na candidatura de Tarso. Ele informou que o presidente nacional do PDT estará no Rio Grande do Sul quando Lula vier. Para Tarso, o PDT e a Frente Popular têm afinidades programáticas e Brizola será grande impulso para a candidatura. Tarso acrescentou que já conta também com o apoio informal de três prefeitos do PPB.

As adesões, segundo Tarso, visam contribuir para o transitar do modelo econômico neoliberal para o de inclusão social. Criticou candidaturas que buscam não ter adversários em campanha eleitoral. 'Quem não se posiciona sobre os temas esconde o seu conservadorismo', analisou.


Promessa: a reforma política sairá do papel
Bastou o médico Enéas Carneiro receber mais de 1,5 milhão de votos - levando consigo à Câmara cinco deputados por São Paulo com inexpressiva votação - para a reforma política voltar a ser motivo de preocupação dos parlamentares. Desta vez, garantem que sairá do papel e que projetos que há mais de dois anos estão esquecidos na Câmara finalmente deverão ser transformados em lei. O que não se sabe é se a reforma realmente acabará com as distorções do atual sistema eleitoral, como a que permitiu ao médico homeopata Vanderlei Assis eleger-se deputado federal pelo maior colégio eleitoral do país com apenas 275 votos.

'Não existe sistema eleitoral perfeito ou imune a distorções. No sistema de listas partidárias, por exemplo, o primeiro colocado, se for popular, também vai puxar votos para os demais, menos conhecidos', advertiu o relator da reforma política, deputado João Almeida, do PSDB. Ele defende a adoção dos sistemas de listas fechadas, com os candidatos preestabelecidos pelos partidos. 'Não acho que a questão de Enéas seja expressiva, até porque na eleição por lista fechada também existe isso', argumentou o líder do PDT na Câmara, deputado Miro Teixeira. 'Enéas é uma anomalia que aparece de vez em quando', completou o presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, quarto deputado federal mais votado por Pernambuco.

O Brasil e a Finlândia são os únicos países que utilizam o sistema proporcional unipessoal, em que o eleitor vota no candidato. Na opinião do cientista político David Fleischer, o modelo brasileiro enfraquece os partidos. 'O atual sistema privilegia o individualismo e o egoísmo pessoal e nunca vamos ter partidos fortes se não acabarmos com a lista aberta', afirmou. Apesar de todos serem favoráveis à ref orma política, os partidos não chegam a um consenso sobre as propostas apresentadas nos últimos anos. Esperam pela votação projetos como o que proíbe a coligação nas eleições proporcionais, o que prevê financiamento público de campanha e o que institui a fidelidade partidária, que limitaria a migração tão freqüente.


Villaverde manterá perfil técnico
Engenheiro e professor universitário, Adão Villaverde, eleito deputado estadual com mais de 41 mil votos, assumirá com o objetivo de manter o perfil político e técnico que sempre pautou a sua trajetória como militante, tanto nos movimentos estudantis como nos partidos que atuou, MDB, PCB e PT. Pretende defender os projetos dos candidatos à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva e ao governo Tarso Genro.

Villaverde, de 44 anos, foi secretário de Ciência e Tecnologia e do Planejamento do governo Olívio. Na Assembléia, o recém-eleito deputado disse que não atuará para determinados segmentos, mas representará todo o Estado. As questões ligadas à infra-estrutura fazem parte do projeto de Villaverde, além da inclusão social, da questão democrática, da gestão pública e da reforma do Estado. O novo deputado afirmou que levará para a Assembléia Legislativa a capacidade de elaborar políticas que poderão qualificar o Parlamento. Anunciou ainda a sua proposta de defesa de idéias e da capacidade de negociação e articulação política.


Érico confere orçamento de 2003
O deputado federal recém-eleito Érico Ribeiro, do PPB, declarou neste sábado que pretende ser o representante da Metade Sul do Estado na Câmara. Eleito com 87.297 votos, o atual deputado estadual disse estar estudando, inclusive, a instalação de escritórios regionais em cidades consideradas estratégicas, como Pelotas e Bagé. 'De Uruguaiana para baixo sou o único deputado federal eleito', justificou.

Enquanto não assume seu mandato em Brasília, Érico pretende dedicar todo seu tempo para análise do Orçamento do Estado para 2003. Na sua opinião, a votação do orçamento deverá ser a mais polêmica do ano. Mesmo assumindo não ter se debruçado com calma sobre os números do governo do Estado, Érico disse que há erros graves no orçamento apresentado à Assembléia e chegou a insinuar que o orçamento foi maquiado. 'Há mais gastos com a folha de pagamento do que o recebido pelo Estado', avaliou. Na eleição de 1998, quando conquistou o primeiro mandato, somou 74.587 votos. Érico é engenheiro e empresário rural.


Candidato do PT venceu mito no Distrito Federal
O deputado Geraldo Magela, ao ser escolhido pelo PT para concorrer ao governo do Distrito Federal assumiu, embora não admita, a missão de ir para o sacrifício. Na época, avaliavam que o governador Joaquim Roriz, do PMDB, que tenta a reeleição, seria imbatível. Porém, Magela surpreendeu e saiu do 1º turno com 40,9% dos votos válidos, dois a menos do que o adversário. Magela considerou que passou pelo 'mito da invencibilidade'.


Coordenador calcula que Amin terá mais 10 pontos
Os dez pontos que faltaram no 1º turno para o governador Esperidião Amin, do PPB, serão conquistados junto aos eleitores de José Fritsch, do PT, e os indecisos. A garantia é do deputado federal reeleito Leodegar Tiscoski, presidente do PPB de Santa Catarina e um dos coordenadores da campanha. 'A mobilização está crescendo e muitos que votaram em Fritsch deverão escolher Amin. Luiz Henrique da Silveira, do PMDB, corre atrás de 20 pontos', analisou.


Hohlfeldt participa de frente
Antonio Hohlfeldt só pensou na possibilidade real de vir a ser o vice-governador do Estado há duas semanas. Antes disso, afirmou, passou a integrar a chapa de Germano Rigotto ao governo para representar seu partido, o PSDB, que se aliou aos peemedebistas no 1º turno. 'Sempre houve queixas internas de que os outros candidatos do PSDB nunca fizeram tudo o que podiam, mas tenho perfil de participar mais de frente', afirmou. Segundo Hohlfeldt, o grande desafio da campanha do 1º turno foi tornar Rigotto conhecido em todo o Rio Grande do Sul, observando que ele é mais popular nacionalmente devido ao trabalho feito em todos estados em relação à reforma tributária.

Professor da graduação e coordenador da pós-graduação da Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Hohlfeldt divide o tempo entre a campanha e a orientação aos alunos. Com a clara possibilidade de ter de trocar a universidade pelo Palácio Piratini, está reorganizando agenda programada até 2004, entre cursos e seminários. Um projeto Hohlfeldt já está decidido a colocar em prática: começará a escrever o livro da campanha dele e de Rigotto ao governo do Estado.

A vinculação que o PT começa a fazer entre a administração de Fernando Henrique e Rigotto não é motivo de preocupação para Hohlfeldt. 'Se fizermos um balanço sério, observamos que foi um primeiro governo excepcional e um segundo com limitações naturais', avaliou. Complementou dizendo que, como político, assusta-se o misto de repulsa e de paixão que o PT causa atualmente no Estado. 'É ruim para a democracia criar dois extremos. O PT foi irresponsável, pois ganhou a eleição de 1998 por gerar grande expectativa, mas acabou frustrando os eleitores', enfatizou o candidato.


Juiz decreta prisão de deputado eleito
O deputado eleito Ronivon Santiago, do PPB do Acre, teve sua prisão preventiva decretada sexta-feira pelo juiz da 1a zona eleitoral de Rio Branco, Júnior Alberto Ribeiro, acusado de crime eleitoral por compra de votos. Desde o início da semana, quando ocorreram protestos de eleitores indignados por não terem recebido o dinheiro prometido, ele vem sendo procurado sem sucesso pela Polícia Federal. O mandado de prisão deve ser expedido para todas as superintendências da Polícia Federal do país, já que o Ministério Público tem informações de que Ronivon não está mais no Acre. Na madrugada de sexta-feira, ele foi visto embarcando num vôo da Varig em Porto Velho e desembarcando em Brasília.


Lerner conta com visita do tucano na sexta-feira
O governador Jaime Lerner convidou o presidenciável do PSDB, José Serra, para uma visita ao Paraná na próxima sexta-feira. Serra vai receber apoio de grupo de prefeitos do Paraná. Segundo a coordenação da sua campanha no estado, comandada pelo deputado federal Basílio Villani, a visita pretende reverter a votação presidencial no 2º turno. Serra obteve o total de 24,48% dos votos no 1º turno contra 50% de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.


Mais votado no Rio perde só para dois partidos
Os quase 120 mil eleitores de Carlos Minc, do PT do Rio, não foram suficientes para transformá-lo no campeão de votos da eleição para deputado estadual. Minc ficou em terceiro lugar, com 119.863 votos, atrás do PT, 210.039 votos na legenda, e do PSB, 132.264. O PMDB ficou em quarto lugar, com 104.102. Entre os dez mais votados na disputa para o Legislativo do Rio, cinco foram partidos políticos.


Mão Santa vai nomear a mulher como secretária
O ex-governador do Piauí Francisco de Assis de Moraes Souza, o Mão Santa, do PMDB, recém-eleito para o Senado, compartilhará com a mulher a nova tarefa. A exemplo do atual dono do posto, Gilvan Borges, PMDB, que contratou a mãe para o gabinete, Mão Santa escolheu a mulher, Adalgisa, como primeiro-suplente. 'É um bonito caso de amor. Além de mulher amante, também atuará como secretária', afirmou.


PSDB preocupado com S. Catarina
O presidente do PMDB, Michel Temer, disse ao presidenciável do PSDB, José Serra, que a situação do candidato ao governo de Santa Catarina Luiz Henrique é especial e deve ser tratada com compreensão. O PSDB não quer perder tempo. O líder Jutahy Junior declarou que até este domingo a situação de Santa Catarina precisa ser d ecidida. Casildo Maldaner, presidente do diretório regional do PMDB, recebeu sexta-feira o documento de apoio a Luiz Inácio Lula da Silva de 90% dos prefeitos catarinenses. Apesar dos problemas regionais, como no Piauí, onde o partido está dividido entre os dois, o deputado eleito Wellington Moreira Franco garantiu que quase todo o partido estará com Serra.


PT paraense ganha apoio de derrotados
Maria do Carmo Martins, que concorre ao governo do Pará pelo PT, conquistou o apoio incondicional dos candidatos derrotados Ademir Andrade, do PSB, e Hildegardo Nunes, do PTB, terceiro e quarto colocados, respectivamente, no 1º turno. A adesão foi garantida devido à articulação comandada pelo deputado federal reeleito Paulo Rocha, do PT. Andrade teve 622.632 votos (24,97%) e Hildegardo, 243.332 votos (9,70%). Se todos forem dados a Maria do Carmo, ela dobrará a votação obtida no 1º turno. Ao responder se aceitaria o apoio do deputado federal eleito Jader Barbalho, do PMDB, a candidata disse que não discriminará ninguém e que todos serão bem-vindos.


Resultados terão relatórios parciais
O resultado da eleição presidencial em cada estado será apresentado em relatórios parciais pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral, que dividirão os trabalhos em grupos de unidades da federação. A designação dos relatores foi feita por sorteio. O Rio Grande do Sul, o Distrito Federal, o Rio Grande do Norte, o Acre, Rondônia, Roraima e o Amapá ficarão sob a responsabilidade do relator Sepúlveda Pertence. Os partidos, as coligações ou os candidatos terão até este domingo para vista, na Secretaria Judiciária do TSE, dos relatórios parciais apresentados pelos ministros e até o dia 17 para apresentar alegações, documentos ou reclamações por intermédio de seus advogados. No dia 20 deste mês terminará o prazo para julgamento do relatório parcial da apuração da eleição presidencial.


ROSEANA
A ex-governadora do Maranhão e senadora eleita Roseana Sarney, do PFL, recupera-se bem da cirurgia a que foi submetida quarta-feira para retirada de nódulos benignos no seio. Ela deverá permanecer internada no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, pelo menos até segunda-feira.


Rosinha adere, mas não esquece mágoa
Em um mesmo dia, a governadora eleita Rosinha Matheus fez sua estréia como cabo eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva e desabafou sua mágoa em relação ao PT. Na sexta-feira, ela distribuiu adesivos com os dizeres 'Sou Garotinho. Agora é Lula', ao lado do marido Anthony Garotinho, em frente à casa do casal, no Rio. Porém, durante encontro, Rosinha lembrou a atitude que o PT adotou no estado, em 1994, quando Garotinho foi adversário de Marcello Alencar. 'Em 1989, votamos em Lula e, em 94, eles voltaram as costas para Garotinho. Não estamos aqui por hipocrisia, mas por coerência. Apesar do soco na cara, temos a nossa história de esquerda', disse.


Rossetto cumpre papel de defesa
Miguel Rossetto enfrenta o desafio na campanha deste ano de rebater as críticas dos adversários sobre a administração do PT no Estado. Vice-governador licenciado desde agosto, foi um dos mais importantes articuladores da atual gestão. Rossetto responde com propriedade e como poucos aos ataques da oposição. Garantiu que nenhum programa de governo apresentando na campanha de 1998 deixou de ser cumprido e que limitações ocorreram em razão da falta de conhecimento das finanças do Estado, que, segundo ele, foram escondidas pelo governo anterior. 'Essa é uma pauta inverídica da oposição. Os problemas financeiros que enfrentamos eram superiores aos que imaginávamos em julho de 1998. Mesmo os mais pessimistas do PT não acreditavam no tamanho da crise. O governo anterior escondeu até o fim do mandato o rombo', defendeu. Pronto para a briga, o candidato não dará trégua à chapa de Germano Rigotto, do PMDB. Provocou ao dizer que a conduta dos partidos e suas ações no governo devem ser analisadas e comparadas com as propostas apresentadas. 'Dizer uma coisa hoje, mas ter feito de outra forma quando estava no governo é demagogia', enfatizou. Rossetto admitiu que o PT subestimou a capacidade de Rigotto chegar ao 2º turno e que a prioridade foi atacar a candidatura do PPS. Acredita que a campanha será dificílima, mas que há possibilidade de reverter o resultado do 1º turno. 'Não fomos derrotados. Além do forte embate com o PPS, temos o desgaste natural de sermos governo', afirmou. Para Rossetto, a vinculação com o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, por seu bom desempenho nacionalmente, será decisivo: 'O Rio Grande não pode andar na contramão da história, sem eleger Lula presidente e tirando o PT do governo estadual'.


Serra cede a pressões e participa de ato pró-Roriz
José Serra, que concorre à Presidência da República pelo PSDB, cedeu às pressões do PMDB e esteve sexta-feira por 15 minutos no palanque do governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, que tenta a reeleição. A rápida participação em ato pró-Roriz teve como objetivo desmentir os rumores de que Serra estaria evitando aparecer ao seu lado, por conta das denúncias de envolvimento com grilagem de terra contra o governador e os seus aliados.


União contratará 616 procuradores
O próximo governo vai contar com mais 616 procuradores federais. O Diário Oficial da União de sexta-feira publicou o edital para concurso público promovido pela Advocacia-Geral da União (AGU). Há a reserva de 31 vagas para portadores de deficiência física. Segundo o advogado-geral da União, José Bonifácio de Andrada, o número parece alto, mas a União tem de ajuizar ações e recursos não apenas em causa própria, mas também em nome de muitas autarquias a ela ligadas, como o INSS. Os candidatos deverão efetuar inscrições entre 21 deste mês e 1º de novembro na Caixa Econômica Federal ou pelo site www.cespe.unb.br/agupgf. O salário inicial é de R$ 4.303,20.


VOTOS
O presidente nacional do PSDB, José Aníbal, avaliou sexta-feira que os votos de Anthony Garotinho, que concorreu à Presidência pelo PSB, deverão migrar para José Serra. Acredita que esses eleitores são anti-PT. Disse que agora Serra levará mais vantagem por representar o governo.


Artigos

Um futuro melhor
Victor Faccioni

Comemoramos neste sábado o Dia da Criança e o da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, em parte ofuscados pelo calor dos embates da campanha eleitoral, pelos resultados do 1º turno e pelas perspectivas do 2º turno, que se projeta ainda mais quente nas próximas duas semanas. Tudo isso, no entanto, justifica-se se for para construir um futuro melhor para nós e nossos filhos. Sem ética, moral e uma sólida formação baseada sobre os alicerces perenes da lei do amor e de um professor motivado, cujo dia comemoraremos no próximo dia 15, a criança cresce órfã, mesmo de pais vivos, separados ou envolvidos para salvar os frágeis laços que ainda mantêm unidas suas famílias.

Em meio a grandes avanços tecnológicos, com o homem tendo já pisado na Lua e rumando agora para a conquista definitiva do espaço e hoje vivendo num mundo sem fronteiras, derrubadas pela magia da Internet e dos meios de comunicação cada vez mais abrangentes, é triste ver ainda crianças nas ruas, sem destino, entregues à própria sorte, pedindo esmolas nas sinaleiras. E o que é pior, minando seus frágeis corpos com a droga e sendo contagiadas pelas ilusões do crime organizado. Há ainda o abuso do trabalho de menores que, além de ilegal, é mal remunerado, com conotação, às vezes, de trabalho escravo. Hoje, o Brasil, ocupa o 7º lugar entre os 16 países em desenvolvimento que registram o grave problema do trabalho infantil. Existem muitas leis que as protegem, como o ECA, mas que, após 12 anos, se mostra ainda insuficiente, seja para proteger as crian ças abandonadas, seja para reeducar as infratoras, por causa da cultura da impunidade. Em muitos casos, a criança virou escudo para acobertar crimes de adultos, tendo como aliados até programas de TV, que se encarregam de deturpar suas memórias inocentes.

Está na hora de dizer um basta a tudo isso. Que os novos governantes do Estado e do país pensem grande sobre nossas crianças, como o demonstraram os patrocinadores do novo Hospital da Criança Santo Antônio, que começou a atender nesta semana. É preciso deixar de lado interesses menores e defendê-las de todos os tipos de doenças e violências, além de educá-las plenamente. O Brasil não pode mais correr tais riscos, sério desafio para os vencedores nas urnas.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO - A. Burd

SEM RODEIOS
Os deputados do PDT que se reelegeram querem, até o final do ano, eleição direta para escolha do novo diretório regional. Não admitem mais intervenção ou mandato-tampão. Acham que, de outra forma, o partido continuará cometendo equívocos. Um deles, que não perdoam, foi a precipitação na retirada de José Fortunati da corrida ao governo do Estado. Alguns chegam a dizer que ele poderia ter sido o Germano Rigotto da eleição, que disparou nas pesquisas, rompendo a polarização. Mais: sem candidato ao Piratini, as campanhas à Câmara dos Deputados e à Assembléia se enfraqueceram. Têm razão: toda a vez que um candidato ao governo chega, a cidade pára e os demais que concorrem entram na carona. Com o PDT isso não houve.

PARA CHEGAR LÁ
A orientação da executiva nacional, aplicada à candidatura Lula e nos estados, não deixa dúvida: todas as alianças são bem recebidas, inclusive a de adversários. Tudo com diplomacia e toda elegância.

MENOS ENCENAÇÃO
Foi uma semana de garimpo de dados da administração pelos assessores das duas candidaturas ao governo. Sinal de que os debates poderão ter mais conteúdo do que no 1º turno em que voaram baixo.

MAQUIAGEM
Em 1976, durante primárias à presidência dos EUA, perguntei ao candidato Jimmy Carter o motivo de sua projeção, vindo de um pequeno estado. Estava em Boston e tudo indicava que ganharia. A resposta: 'Acho que sou um bom administrador. Não entendo de jornalismo nem de marketing. Delego isso a meus assessores, que são competentes. É o segredo'. Na sua gestão só funcionou a imagem. Quanto ao resto...

ÚNICA SAÍDA
Ninguém se iluda: depois da eleição virá a negociação. Nenhum outro presidente como FHC teve maioria no Congresso. Teve e não usou.

NOVO PRAZO
Faltam só 89 dias para a entrada em vigor do novo Código Civil. Há juristas defendendo seu adiamento por desconhecimento da população sobre o que vai estabelecer a partir de 10 de janeiro do próximo ano.

PARA CADA BOCA
A lucidez de Celso Ming, do Jornal da Tarde, de São Paulo, neste sábado: 'O diabo é que o fogão do Banco Central não tem registro para cada boca. Tem um só para todas. A redução do volume de gás atinge a própria capacidade operacional do fogão. Em outras palavras, esse forte aumento do recolhimento compulsório terá necessariamente impacto no nível interno de crédito'.

DOS LEITORES
- Eva Maria Souto: 'Qualquer promessa dos candidatos de aumento salarial aos servidores estaduais só terá validade se comprovarem a capacidade de pagar. O resto só deve ser considerado apelação'.

- Miguelina Frate: 'Não há razão para Lula se omitir de participar dos debates para os quais for convidado. Ele sempre foi de excelente desempenho na TV. Disso não se duvida'.

- Luiz Estevão Rocha: 'Leonel Brizola cometeu dois erros. Primeiro, deveria ter transferido o título eleitoral e concorrido no RS. Segundo, não poderia se arriscar ao Senado. Teria sido eleito deputado federal com toda a garantia. Lamento'.

- Alencar de Oliveira: 'A corrente Democracia Socialista precisaria entrar mais fortemente na campanha de Tarso Genro. Sem ela, incluindo todos os deputados que elegeu, o PT não poderá repetir o feito de 1998'.

APARTES
Sérgio Zambiasi e Paulo Paim foram no meio da semana ao Senado. Missão inicial de reconhecimento.

Deputado federal eleito Eliseu Padilha arregaça mangas e dá expediente no comitê central de Serra.

Atrasos nas decolagens de Brasília irritam. Não dizem, mas há operação tartaruga dos controladores de vôos.

Quem acompanhou as gravações para os programas de propaganda na TV garante: vem aí o new-Serra.

Itamar virá a Curitiba para campanha de Requião. Convidado pelo PT, estenderia a viagem a Porto Alegre.

Fiéis ao velho ditado 'primeiro os meus', cinco senadores eleitos têm parentes para suas suplências.

Dos 513 deputados federais, 299 cruzaram Cabo das Tormentas. Reeleitos, navegarão por quatro anos.

PFL corre para garantir lugar na nau tucana. Para o que der e vier.

Nesta fase das campanhas, entram em alerta assessores para idéias obscuras. Fazem qualquer negócio.


Editorial

TENSÃO EXTERNA DO SEGUNDO TURNO

As eleições brasileiras, agora em segundo turno, estão a provocar temores nos altos círculos das finanças internacionais, dos EUA principalmente. Segundo a grande imprensa norte-americana, o sentimento predominante na opinião pública é saber se o futuro presidente (leia-se, no caso, Lula) respeitará os compromissos internacionais assumidos pelo atual governo brasileiro; claro que a dúvida não envolve Serra, candidato do Planalto, implícita e explicitamente solidário com as políticas do presidente Fernando Henrique. Mas não é só nos Estados Unidos que há preocupações com o episódio final da eleição no Brasil. Também na Inglaterra - cujo governante, Tony Blair, é parceiro de Bush na pretendida ofensiva ao Iraque -, o sentimento é o mesmo, a julgar pelo recente editorial da revista The Economist sobre o pleito de 6 do corrente. Após elogios rasgados ao sistema de urnas eletrônicas e ao exemplar comportamento dos eleitores, deixa no ar as preocupações com um possível êxito eleitoral da esquerda.

Nunca uma eleição brasileira teve tanta repercussão no exterior e isso - qualquer que seja o tipo de sentimento provocado - dá a medida da importância brasileira no mundo atual, embora as dificuldades de nosso país sintetizadas pela posição do real na tábua de cotação cambial. Cujas explicações, lembremos, têm sido as mais variadas e díspares do governo e seus de economistas, indo do instante político brasileiro ao comportamento dos candidatos no primeiro turno, daí à situação argentina e às desconfianças do mercado de capitais, etc.

Há poucos dias surgiu aquela que parece ser a mais razoável das explicações: as dívidas do país, externa e interna, ambas de crescimento espantoso nos últimos anos. Só o serviço de juros afoga a Nação de maneira a impedir qualquer crescimento, logo, portanto, geração de empregos. E, sobrepairando todo o cenário, declarações confusas de autoridades econômicas do governo, como as de Fraga, quinta-feira, 10, pelas quais criticou os políticos de oposição, candidatos principalmente, por 'críticas pouco ortodoxas em conversas de esquina'. O discurso ajudou a levar a moeda norte-americana aos R$ 4,00, tendência felizmente contida na sexta-feira com medidas de um arsenal que Fraga se esquecera de dizer que ainda possuía.


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10/13/2002


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