VIOLÊNCIA E A SEGURANÇA PÚBLICA NO RIO DE JANEIRO EM DEBATE NA TV SENADO



A violência e a crise da segurança pública no Rio de Janeiro foramtemas de debate promovido hoje (dia 12) pela TV Senado, contando com a presença da bancada fluminense na Casa, senadores Benedita da Silva, do PT, Artur da Távola , do PSDB e Abdias do Nascimento, do PDT, a mediação do diretor da Secretaria de Comunicação do Senado, jornalista Fernando César Mesquita e, como convidado, o repórter Tales Faria, do jornal O Globo.

Artur da Távola rebateu a idéia de que a violência seja um fenômeno peculiar doRio de Janeiro, argumentando que o Brasil ostenta uma estatística de 47 mil homicídios por ano. Ele explica a violência a partir de um mosaico de fatores que se arrastam por décadas, constestando a tese de que ela seria um problema de um ou outro governo, mas fruto de um processo social de falência dos serviços públicos, agravados por uma onda mundial de permissividade nas relações sociais.

Já Abdias Nascimento aponta problemas sociais - desemprego em massa eracismo, entre outros -como responsáveis diretos pela onda de violência que atinge não apenas o Rio de Janeiro, mas todo o país.Ele criticou a não-definição de uma prioridade à educação, lamentando que o projeto dos Cieps,idealizado pelo ex-senador Darcy Ribeiro durante o governo pedetista de Leonel Brizola,tenha sido abortado pois. Segundo disse, tratava-se de um modelo educacional humanizador, voltado para as camadas mais pobres da população, com repercussões positivas na redução da violência.

Por sua vez, Benedita da Silva defendeu a realização de um mutirão envolvendo os poderes públicos federal, estadual e municipal, os empresários e a sociedade civil organizada com a finalidade de apresentar um projeto alternativo capaz de reduzir a criminalidade e a violência. Identificando as raízes da violência nas desigualdades sociais e na pobreza da população, a senadora petista pregou uma ampla reforma do judiciário, a agilização das penas e a instituição de penalidades alternativas de prestação de serviços comunitárioscomo formas auxiliares para a inibição da violência social. Indicou , porém, que a violência só poderá ser resolvida com maior presença do poder público, criticando o seu esvaziamento, e com um modelo sócio-econômico gerador de emprego, distribuição de renda e justiça social.

O debate teve momentos de discussão acalorada, especialmenteno dimensionamento do papel desempenhado pelo rascismo, o jogo do bicho e o narcotráfico para o agravamento da violência social.Ao final, houve consenso sobre a necessidade de ser dado seguimento a este modelo de debate, com o jornalista Fernando César Mesquita anunciando a presença de autoridades envolvidas com os diversos temas abordadosnos próximos programas.



12/02/1998

Agência Senado


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