Virada Social leva segurança e cidadania a regiões carentes da Capital
Além de policiamento, poder público empenha-se em ações que vão de iluminação a atendimento de saúde
“Aqui no Elisa Maria existia a famosa lei do silêncio; nunca podíamos discutir e falar sobre nada”, conta a dona de casa Roseli de Lima. Até o início de 2007, esse sentimento era comum entre os moradores do bairro, com 300 mil habitantes, na região da Brasilândia, zona norte da capital. A partir de março, a situação começou a mudar, com o início do programa, que combina segurança com promoção de bem-estar social.
A Virada Social é um programa do governo do Estado, coordenado pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, que integra 26 secretarias e órgãos públicos estaduais, da Prefeitura da capital e parceiros da sociedade civil. Parte do princípio de que o problema da violência não pode ser resolvido somente com a repressão policial e que a inclusão social é importante instrumento de segurança pública. O primeiro passo é o restabelecimento da ordem e da segurança na área escolhida para a sua criação. Isso é feito pela polícia, que coloca em prática a Operação Saturação por Tropas Especiais (Oste). Além de reduzir os índices de violência, essa operação previne a criminalidade e estreita os laços da polícia com a comunidade.
A Operação Saturação garante o espaço para que os demais órgãos públicos e entidades iniciem a Virada Social, materializado em ações que oferecem mais qualidade de vida e oportunidades para os moradores da região, além de torná-la mais segura.
Operação Saturação
No Jardim Elisa Maria, o trabalho de segurança territorial começou no dia 13 de março. Durante 81 dias, 600 PMs, apoiados por 160 viaturas, realizaram ações na área que engloba vários bairros da região. Os policiais executaram aproximadamente 43 mil abordagens de pessoas. Detiveram, em flagrante, 81 acusados de diferentes crimes, recapturaram 24 foragidos, apreenderam drogas e armas de fogo.
Além disso, a Polícia Militar montou tendas com dentistas e médicos de seu corpo para realizar atendimento local. Houve ainda palestras sobre gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis, combate a incêndios e primeiros-socorros.
Quando houve decréscimo nos índices de criminalidade, a PM iniciou o policiamento comunitário, diminuindo o efetivo para aproximadamente 200 policiais do 9o BPM/Metropolitano. A partir do fim de maio, foi colocada em prática a Virada Social, com a entrada em ação de outras secretarias e órgãos públicos do Estado e da Prefeitura, além de 12 parceiros da sociedade civil.
Ações em andamento
No total, estão previstas 57 ações. Alguns projetos foram concluídos e outros estão em andamento. A construção da Escola Municipal de Educação Fundamental Santa Tereza foi iniciada e outros três centros educacionais foram reformados. Na mesma rua das escolas, um posto do Poupatempo Móvel atende à comunidade. Uma unidade de Atendimento Médico Ambulatorial (AMA) deverá ser concluída até o final de 2008 e a outra está sendo reformada. Todas essas ações fazem parte da força-tarefa criada para revitalizar o bairro que, durante a Virada Social, empregou 109 moradores do local.
Alguns exemplos de intervenções planejadas são: canalização de córregos, iluminação, asfaltamento e recuperação de ruas, reforma e melhoria de escadões, sinalização, limpeza de bueiros e sarjetas, reformas de escolas e troca de mobiliário das escolas, coberturas de quadras poliesportivas e construção de praças.
O governador José Serra, que esteve no bairro, no dia 6, para avaliar os resultados da iniciativa, comentou os bons resultados do projeto: “É uma ação múltipla, um tratamento integral das questões que se apresentam nessa região com vistas a diminuir a violência, por um lado, e, por outro, oferecer condições mais decentes de vida”.
Durante esses meses, a comunidade perdeu o medo de falar sobre os problemas que enfrentava e criou relação confiável com a polícia e os realizadores do projeto. Segundo o tenente-coronel Sérgio Payão, comandante do 9o BPM/M, as pessoas estão mudando a forma de olhar os policiais. “O policial militar faz parte da sociedade, mora aqui no Jardim Elisa Maria, vive essa região e não é uma pessoa diferente, apenas tem um treinamento especial e tem que tratar de situações que normalmente são incômodas para a população”, diz.
Índice de criminalidade
As ações da Virada Social resultaram em queda expressiva dos índices de criminalidade na região do Jardim Elisa Maria. Entre março e julho deste ano, houve diminuição de 80% no número de homicídios dolosos e de 18% no total de roubos, em comparação com o mesmo período de 2006.
Durante os cinco meses de trabalhos na área da segurança em conjunto com as atividades sociais, foram registrados três homicídios dolosos. No mesmo período do ano passado, houve 15 ocorrências desse tipo.
Da Agência Imprensa Oficial
(I.P.)
09/11/2007
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