Visite o Museu de Arte Sacra com quem trabalha lá há 27 anos
Elaine começou recepcionando o público; hoje ela trabalha na reserva técnica cuidando do acervo do museu
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- O Museu de Arte Sacra de São Paulo ocupa desde 1970 o andar térreo do Mosteiro da Luz. Datado de 1774, o casarão foi fundado por iniciativa de Frei Galvão para abrigar o recolhimento das irmãs concepcionistas que, ainda hoje, vivem por lá em clausura
- Elaine Bueno Prado trabalha na reserva técnica do Museu de Arte Sacra. Há 27 anos na instituição, já passou por diversas funções. “Já trabalhei como monitora, trabalhei na recepção da lojinha e na bilheteria. Tem cinco anos que fui para a reserva técnica”
- “Aqui tem uma sala interessante que mostra a construção do prédio, ele é todo de taipa”, apresenta Elaine. Nesta sala expositiva do museu vê-se a técnica utilizada na construção do Mosteiro da Luz: taipa de pilão e taipa de mão (pau-a-pique)
- É a única edificação colonial do século 18 restante na cidade de São Paulo que preserva seus materiais e estrutura originais. O museu é uma das principais instituições brasileiras voltadas ao estudo, conservação e exposição de objetos de arte sacra
- “Do acervo expositivo permanente, de vez em quando a gente troca duas ou três peças por outras que faz tempo que não estão expostas. O que é retirado é guardado na reserva técnica. Lá, cada peça tem uma localização para ser guardada”, explica Elaine
- “Agora estou na reserva técnica porque tenho o curso de técnico de museu da Etec. Trabalho com o que é relacionado aos bastidores das peças: documentação, higienização, embalagem. Toda peça tem sua ficha técnica e uma pasta com tudo sobre ela”, conta
- “Aqui é a minha casa. Estou muito tempo aqui, tenho uma coisa pelas peças até meio egoísta, como se fossem minhas. Tenho ciúme, digo para tomar cuidado, falo ‘não carrega assim, pega embaixo, pega pelo lado’. São peças muito bonitas!”, diz Elaine
- “Entrei aqui em outubro de 1986, com 18 anos. Terminei o colegial, surgiu a vaga e eu vim. Caí de paraquedas, não conhecia nada. Museu eu quase não conhecia. E hoje a arte faz parte da minha vida. Quer dizer, acabou enriquecendo a mim!”, relata Elaine
- Esta escultura de São Paulo feita em madeira policromada foi esculpida no século XVIII em Portugal e é uma das relíquias encontradas no Museu de Arte Sacra. O material exposto abrange o período que vai desde o século 16 até o século 20
- “Agora uma das exposições de que eu fiz parte. São peças do Benedito Amaro de Oliveira, um santeiro popular. Cada vitrine é específica para um tema. De uns três anos para cá eu senti que tive mais liberdade em opinar na montagem”, apresenta, orgulhosa
- A exposição mostrada por Elaine é “Uma Assinatura na Arte Anônima: dito Pituba”. “O título chama a atenção porque a maioria dos santeiros populares não assinava”, observa. Benedito Amaro de Oliveira, dito Pituba, era do interior de São Paulo
- “Posso realmente dizer que faço parte da montagem. Isso que é gostoso. Pensar que eu ajudei a fazer isto. É gratificante. É aquele prazer de você criar uma coisa de que as pessoas vão gostar. Você não fica só ajudando, você ajuda a criar!”
- “Eu gosto muito do São Jorge”, diz Elaine ao escolher sua obra preferida do museu. “É uma peça que tem as pernas articuladas porque montava um cavalo de verdade nas procissões”, explica sobre a escultura portuguesa em madeira dourada, datada do século 18
- “Esta é uma das salas que as pessoas saem admiradas”, comenta ao entrar na sala cofre. “Aqui as peças são sempre as mesmas, o que houve em algum momento foi a reformulação das vitrines”
- “Meu pai chegou a trabalhar aqui. Ele é sargento reformado da polícia e este espaço do cofre era um posto policial na época, então tinham policiais militares para tomar conta. Depois a empresa de segurança é que passou a proteger”, conta Elaine
- “Neste período a gente fez a higienização da prataria. Tem determinadas épocas que a gente faz uma higienização mecânica mais pesada, aí tem todo o auxílio da restauradora. É uma equipe, é um conjunto, ninguém faz nada sozinho”
- O cofre especial garante a segurança necessária dos tesouros religiosos. A sala expõe anéis, coroas, lampadários, crucifixos, esplendores e báculos em prata e ouro que pertenceram a diversas autoridades religiosas e algumas igrejas
- “Eu não me preocupei em procurar outro emprego porque aqui já estava me satisfazendo, não tinha porque mudar! E agora nesta minha atual função, me sinto realmente parte do museu. Estou realizada por trabalhar com as obras, as exposições e as montagens”
06/02/2013
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