As Flores Do Mal (les Fleurs Du Mal)
(Charles Baudelaire)
Spleen e Ideal. Entre desespero e esperan�a, inferno e para�sos. Baudelaire teria podido melhor resumir toda a dualidade, ?at� ao boutisme? de uma obra tiraill�e entre dois extremos de pesadelo e de sonho, que rende nunca � concess�o que alivia do justo meio. Que o diga-se-se: a poesia de Baudelaire n�o suporta o compromisso. O autor, prot�tipo, encarna��o mesmo po�te maldiz, que imagina-se extremamente bem superado de uma nuvem cinzento que derrama continuamente averse sobre o seu cr�nio, conhecia-o realmente extremamente efectivamente, este inferno. Certamente menos que este para�so ao qual aspirava, e que ter� aproximado som vivo apenas pelos excessos da droga. Fios de um padre d�froqu�, prosseguido pela desgra�a, terminar� por morrer ap�s ser continuado a ser inteiramente paralys� durante um ano. E a sua poesia? As suas sess�es de escrita solit�rias n�o lhe obtinham um intenso bem-estar? Pode-se pelo contr�rio pensar que dava � luz das suas palavras na dor, um sofrimento acompanhado profunda de uma melancolia, provocando no m�ximo um ligeiro apaziguamento nesta insuport�vel vida. ?D� lama, farei ouro! ? As Flores do Mal s�o um ode ao macabras, uma declara��o de amor ao s�rdidas, as glauque, qualquer o que desgostar� bourgeois, mas este com que Baudelaire encontrar� mat�ria a tecer mais bonitos os pingamentos. Admira bourgeoises? Desejarei mendiantes! Desvia os olhos de um charogne? Consagrar-lhe -ei um poema! Baudelaire v� a beleza onde outros v�em o ignominie. A sua vontade n�o � tanto chocar: gosta sinceramente do defeito, a proibi��o, o prazer culpado. Uma dan�a macabra nos bra�os de um esqueleto, a erup��o cont�nua de uma fonte de sangue, amores lesbianos, encobriu que agita a imagina��o po�te! H� para ele apenas s� um mal: o aborrecimento. E todo �-lhe prefer�vel, quite solicite Satan! A confiss�o � lan�ada ao leitor a partir do pref�cio, este ?hypocrite leitor, o meu semelhante, o meu irm�o! ? como qualifica-o Baudelaire, que n�o hesita a fazer-nos os c�mplices do seu pre�o fixo, um crime liter�rio pelo qual �copera de uma multa e uma proibi��o de publica��o at� em 1949! O desgosto ?das bonitas coisas?, oficialmente proclamadas como tal, e o amor da decad�ncia est� l�, indestrut�vel. Mesmo os seus poemas enjou�s, ?mais a�rea?, escondem uma terr�vel amargura. Baudelaire n�o � feito para este mundo. ?As suas asas de gigante impedem-o andar?. Sobre mais famosa dos seus retratos, parece manter todo o mundo sobre os seus ombros. Mas Baudelaire n�o ter� sofrido impotentemente: encobriu que perfilavam-se j� ao horizonte as silhuetas de Rimbaud e de Verlaine, cabelos aos ventos, empr�stimos emprestar ao caminho do mestre. Florent Martin
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