Acadêmicos discutem desafios das novas classes médias
Em todos os cinco países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), verificou-se na ultima década um grande avanço social, que implicou o surgimento de uma nova classe média.
Os desafios da inclusão dessas pessoas, suas expectativas e anseios, foram o tema do painel ocorrido na manhã desta quarta-feira, 19 de março, no Fórum Acadêmico dos BRICS, que acontece no Rio de Janeiro, no Palácio da Cidade, sede da prefeitura.
Coordenado pelo subsecretário de Ações Estratégicas da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE/PR), Ricardo Paes de Barros, e tendo como apresentador da situação brasileira o ministro da SAE/PR e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri, o painel concluiu que há elementos na nova classe média que emergiu das políticas inclusivas ocorridas nesses países nos últimos anos que a tornam diferente da classe média tradicional, embora ainda se careça de uma definição comum para todos os países do BRICS.
Alguns desafios levantados no painel são comuns a todos os países do mundo. A representante da Rússia, Elena Rogatnyh, levantou os problemas ocasionados pelo fato de as políticas inclusivas levarem uma nova multidão aos mercados de consumo.
"Fontes naturais começam a escassear. O que deve ser feito para equacionar o déficit de recursos? Como lidar com o aumento da poluição?", questionou Rogatnyh. Para os debatedores, é preciso evoluir para um novo padrão de consumo sustentável. Mas até que ponto a nova classe média mostra-se disposta a isso?
Outro ponto do debate referiu-se à posição da classe média como fator de estabilidade política e econômica. De um modo geral, a classe média contribui para a estabilidade.
Mas a forte presença desse grupo em manifestações de protesto que têm acontecido em vários países poderia apontar a classe média como um fator de desestabilização.
O ministro Marcelo Neri observou que o comportamento da nova classe média nos protestos ocorridos no Brasil diferiu da atitude da classe média tradicional.
Para o representante da Índia, MK Vênus, as economias emergentes, notadamente os BRICS, que representam 43 por cento da população do mundo, serão o motor do desenvolvimento global.
De acordo com o representante da China, Zhang Yi, é possível que a China caminhe para ser um país exclusivamente de classe média, gerando novos desafios aos governos.
Marcelo Neri alertou para a necessidade de definição do que seja classe média nos países emergentes, que ainda lidam com um quadro grande de desigualdade.
"Nós temos muito em mente a definição clássica de classe média norte-americana, de famílias com uma casa, dois carros, piscina, um cachorro", observou Neri.
Para o representante da África do Sul, Devan Pillay, apesar dos avanços, permanece de uma forma mais subliminar em seu país uma situação de injustiça, no que se refere a diferenças entre a situação da população negra em comparação com os brancos.
Ao concluir o debate, Ricardo Paes de Barros observou que, além de encontrar um conceito comum para os países dos BRICS, é preciso estabelecer quais são as diferenças entre a nova classe média emergente e a classe média tradicional e conhecer seus valores.
O que a nova classe média deseja consumir, no que ela pretende investir. E, a partir daí, estabelecer mecanismos de colaboração mútua entre os países.
Fontes:
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
19/03/2014 15:49
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