ACM: QUEM PERDE COM SALÁRIO MÍNIMO DE R$ 151 É O BRASIL



ACM: QUEM PERDE COM SALÁRIO MÍNIMO DE R$ 151 É O BRASIL

O presidente do Senado,Antonio Carlos Magalhães, disse nesta quarta-feira (dia 29), em discurso ouvidoatentamente por um plenário lotado, inclusive com a presença de deputados, que"foram os brasileiros os perdedores" com a fixação do salário mínimo em R$151, em vez de US$ 100 dólares (R$ 177) como defende seu partido, o PFL. O senadorconsiderou "inacreditável" que o ministro do Trabalho, Francisco Dornelles,tenha declarado na televisão que a oposição perdeu no caso do salário mínimo, poisdefendia um valor bem superior ao definido pelo presidente da República. - Quem perdeufoi o país. Quando o povo é o perdedor, é melhor a sua companhia do que a dos queganharam diminuindo o já escasso pão dos pobres. O povo conhece a cara de quem osderrota e os que com ele perderam são os verdadeiros vencedores – afirmou. AntonioCarlos informou ainda que deu entrada em ação, no Forum de São Paulo, pedindo apunição criminal da "caluniadora" Nicéa Pitta. Ao comentar as denúnicas daex-mulher do prefeito de São Paulo, disse que as "sandices de uma senhora revoltadapor ter sido abandonada pelo marido" foram ampliadas e exploradas politicamente porseus "adversários e inimigos". Para ele, os ataques que recebeu no episódioforam "engendrados para atender também objetivos eleitorais". - De repente, 50anos de vida pública exemplar, de conduta ética inatacável, de bons serviços prestadosao meu estado e ao Brasil são desconsiderados, e vejo meu nome misturado ao de pessoasque estariam comprometidas com ações condenáveis. Hoje, os de boa fé já não seenganam a respeito dos propósitos da leviana – acrescentou. O senador desafiouqualquer ministro, ex-ministro, político ou banqueiro que "aponte um só caso"em que tenha feito solicitação em favor de qualquer empresa. CONGRESSO O presidente doSenado sustentou que nunca o Congresso trabalhou tanto e com tamanho empenho como nosúltimos anos e disse que qualquer estatística pode comprovar isto. Apesar de tantotrabalho, ele lamentou que o brasileiro não conhece o que o Parlamento vem realizando,pois a maior parte das informações que recebe da mídia fala das atividades de umminoria de parlamentares denunciados por cometerem irregularidades. - Indago: divulga-se,com o mesmo espaço, a atuação operosa e produtiva do Congresso? Noticiam-se os debates,as grandes votações? Não. Nada se fala e fica por isso mesmo. Será que a democraciaganha com essa atitude da mídia? – questionou. Antonio Carlos observou que a mesmaparte da mídia que ataca o Congresso, como se todos agissem como os parlamentaresacusados de cometer irregularidades, tenta sempre denegrir sua imagem como senador. -Tentaram, tentarão sempre denegrir-me, sabedores de que, infelizmente, neste país, ondea mídia mancha a vida de qualquer um, impunemente, o ônus da prova da inocência cabe aoacusado. E ainda aparecem uns tipos estranhos, comentaristas de TV, que ganham saláriosvárias vezes maiores do que o que recebem os congressistas, a depreciar a imagem depessoas sérias e do Parlamento – assinalou. O senador disse que paga um preço altopor ter trabalhado no regime militar pós-64. "Muito ódio dos pseudodemocratas vemdaí. Não me perdoam". Ele afirmou que, embora apoiando a administração federal,discordou "de alguns desvios do movimento de março" e enfrentou generais,respondeu a investigações policiais-militares e sofreu retaliações. "Nuncacompactuei, nunca aceitei a tortura". Antonio Carlos lamentou ainda que "setoresda imprensa" considerem o PFL, seu partido, "símbolo do pragmatismo, quandonão dizem que é o símbolo do fisiologismo", apesar de a agremiação contar comhomens experientes e cônscios de seus deveres para com seu povo. "Os mais radicaisproclamam até ser nossa intenção desestabilizar o governo com a defesa de um aumento dosalário mínimo que traga benefícios reais ao trabalhador". Para o senador, estaparte da mídia pretende intrigá-lo com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Eleobservou que os dois discordam, divergem, mas "o propósito de ambos deve ser sempreo de melhor servir ao Brasil". Em apartes, os senadores Paulo Souto (PFL-BA), HugoNapoleão (PFL-PI) e Francelino Pereira (PFL-MG) apoiaram o discurso de Antonio Carlos.Paulo Souto, ao falar sobre os bons resultados fiscais do governo da Bahia (ele governou oestado), mostrou-se emocionado. "Nada do que foi feito na Bahia teria ocorrido senão houvesse moralidade administrativa", disse.



29/03/2000

Agência Senado


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