Acordo entre Mercosul e União Europeia pode ter ajuda do Reino Unido, diz embaixador



O governo brasileiro poderá ter no Reino Unido um aliado na busca por um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, disse nesta quinta-feira (29) o embaixador indicado para aquele país, ministro de primeira classe Roberto Jaguaribe Gomes de Mattos. A mensagem presidencial contendo a sua indicação recebeu parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), que também aprovou os novos embaixadores brasileiros em Angola e no Equador.

- O Reino Unido pode ser um parceiro importante para abrir as portas a um acordo entre os dois blocos - previu Jaguaribe, lembrando que os britânicos são "doadores líquidos" à política agrícola comum europeia e não se opõem, como outros países daquele continente, a uma maior abertura às exportações agrícolas dos países do Mercosul.

Em sua exposição, Jaguaribe - cuja indicação teve como relator o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) - ressaltou a possibilidade de aprofundamento do que chamou de "relação bilateral ampliada" entre o Brasil e o Reino Unido. A relação ampliada, explicou, inclui temas globais, como o meio ambiente e a mudança climática, nos quais, a seu ver, o Brasil tornou-se um interlocutor importante.

Angola

Indicada para o cargo de embaixadora brasileira em Luanda, a ministra de primeira classe Ana Lucy Gentil Cabral Petersen - cuja indicação foi relatada pelo senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) - recordou que Angola tem uma "relação privilegiada com o Brasil", país com o qual mantém ligações há séculos e que foi o primeiro a reconhecer a sua independência de Portugal, em 1975.

Após o fim da guerra civil, em 2002, Angola conquistou estabilidade política e sua economia passou a crescer, nos últimos anos, com os maiores índices da África. O crescimento pode alcançar 8% neste ano e, segundo a embaixadora, existe um "enorme potencial" para a ampliação das relações econômicas bilaterais.

De 2003 a 2008, informou a diplomata, houve um aumento de 740% nas exportações brasileiras para aquele país. Existem muitas empresas brasileiras operando em território angolano, em áreas como construção civil e mineração. Apenas uma empresa brasileira conta com 30 mil funcionários locais, relatou.

- O mundo inteiro está interessado no potencial de Angola - afirmou Lucy, lembrando que esse país já é o segundo maior parceiro comercial da China na África.

Equador

Também aprovado pela CRE, o futuro embaixador brasileiro no Equador, ministro de primeira classe Fernando Simas Magalhães, anunciou que pretende engajar o Equador no que chamou de "integração produtiva" da América do Sul. Ele mencionou como um projeto importante nesse sentido o corredor multimodal que conectará Manaus ao porto equatoriano de Manta. Ressaltou também a adoção, pelo Equador, do padrão nipo-brasileiro de televisão digital. O embaixador informou que se empenhará por maior equilíbrio na relação bilateral. Em 2008, o Brasil exportou U$ 878 milhões para o Equador e importou apenas US$ 42 milhões.

- Trata-se de uma relação agudamente assimétrica - disse Magalhães.

Durante os debates, o presidente da comissão, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) demonstrou preocupação com a grande proximidade entre os presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Venezuela, Hugo Chávez. O senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) ressaltou a "importância estratégica" do corredor de transporte Manta-Manaus. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) manifestou seu interesse pelo ingresso do Equador no Mercosul. E o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) celebrou a indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre as pessoas mais influentes do mundo, segundo a revista Time.

29/04/2010

Agência Senado


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