PARA LÚDIO COELHO, ACORDO COMERCIAL ENTRE MERCOSUL E UNIÃO EUROPÉIA DEVE ESPERAR



Os países do Mercosul devem "aguardar mais algum tempo" antes de firmarem acordos comerciais com a União Européia, afirmou nesta terça-feira (dia 1º) o senador Lúdio Coelho (PSDB-MS). Como presidente da Seção Brasileira da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul (CPCM), o senador disse ter chegado a essa conclusão depois de participar, na última semana de novembro, de uma reunião entre o Parlamento Europeu e o Mercosul, em Bruxelas, onde foi debatida a evolução política e econômica entre os dois blocos. A cautela recomendada pelo senador baseia-se na constatação de que os europeus, durante as discussões realizadas na Bélgica, demonstraram não ter interesse em aumentar suas importações de produtos primários do Mercosul. Esses produtos respondem por 54% das exportações brasileiras para aquela região. Por essa razão, Lúdio Coelho adiantou que a posição de cautela será defendida por ele no próximo encontro da CPCM, previsto para o dia 8 de dezembro, no Rio de Janeiro. Lúdio Coelho lembrou que os agricultores europeus têm forte poder de pressão sobre seus governos, "que não costumam contrariá-los." Além disso, observou o senador, um grande obstáculo enfrentado pela agricultura brasileira em comparação à dos países da Europa são as diferenças nas condições de infra-estrutura.- Lá, como nos Estados Unidos, eles contam com um sistema de transporte aquático, ferroviário e terrestre de excelente qualidade, enquanto no Brasil não existe transporte aquático, muito pouco ferroviário e as nossas estradas estão destruídas. Além disso, os produtos europeus são subsidiados e os juros deles são bem inferiores aos nossos, o que praticamente frustra a possibilidade de aumentarmos a venda dos nossos produtos agrícolas no exterior - queixou-se ele.De acordo com o senador, a principal motivação da União Européia para negociar o acordo com o Mercosul é evitar prejuízos às suas exportações caso seja implementada a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), o que deve ocorrer em 2002. As exportações do Mercosul para a EU, aumentaram 24% em relação a 1990, mas, no mesmo período, as suas importações cresceram nada menos que 342%. Desse modo, o saldo da balança comercial entre os dois blocos, que era de US$ 9 bilhões a favor do Mercosul, inverteu-se a partir de 1996, para alcançar US$ 7 bilhões a favor da União Européia - criticou Lúdio Coelho.A cláusula social foi outro ponto discutido durante a reunião em Bruxelas. O Parlamento Europeu, informou o senador, está pretendendo vincular temas como a proibição do trabalho infantil e a preservação ambiental ao acordo de livre comércio com o Mercosul. Por sua vez, o Brasil e seus parceiros consideram que a cláusula social funciona mais com uma barreira tarifária, e que há distorções na sua aplicação comercial. Como resultado mais concreto das discussões entre os parlamentos da União Européia e do Mercosul, ficou acertado que os europeus prestarão uma consultoria burocrática ao Mercosul, "para ganharmos tempo na estruturação do bloco sul-americano", disse o senador, lembrando que os europeus estão tentando a criação da UE há 50 anos e só agora conseguiram criar sua moeda, o Euro.

01/12/1998

Agência Senado


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