Acordo militar entre EUA e Colômbia preocupa senadores da CRE



Para expressar sua preocupação com o acordo firmado entre os Estados Unidos e a Colômbia, destinado à ampliação da presença militar norte-americana naquele país, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) solicitou na manhã desta quinta-feira (6) à embaixada colombiana um encontro com o presidente Álvaro Uribe, que chegaria poucas horas depois a Brasília para expor a posição de seu governo sobre o tema.

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O pedido de uma audiência fora da agenda oficial de Uribe foi apresentado depois que o senador Pedro Simon (PMDB-RS) lamentou a decisão colombiana de permitir o aumento da presença militar dos Estados Unidos em seu país. Os militares norte-americanos poderão utilizar até sete bases em território colombiano. Simon disse ser um admirador do presidente norte-americano Barack Obama, mas advertiu que o acordo poderá prejudicar o ambiente político na América do Sul, ao mesmo tempo em que Obama procura reduzir a tensão em outras regiões do planeta, como o Oriente Médio.

- Por que trazer a guerra fria para a América do Sul? - questionou Simon.

O presidente da comissão, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), disse ter recebido nesta quinta-feira a visita da subsecretária norte-americana de Estado para o Controle de Armas e Segurança Internacional, Ellen Tauscher. Segundo relato do senador, a subsecretária informou que as bases a serem usadas permanecerão sob controle da Colômbia e que o efetivo militar norte-americano naquele país será de apenas 10%.

O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) considerou o episódio "preocupante", mas observou que a comissão também deveria se preocupar com um acordo firmado entre a Venezuela e a Rússia, para fornecimento de armas ao governo do presidente Hugo Chávez.

- Devemos tomar cuidado com essa corrida armamentista - alertou Heráclito.

O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) pediu que se retome o projeto de criação do Conselho de Defesa da América do Sul, já defendido pelo ministro brasileiro de Defesa, Nelson Jobim, no Parlamento do Mercosul, neste ano. Em sua opinião, um acordo como o firmado entre a Colômbia e os Estados Unidos deveria ser analisado por um órgão multilateral de defesa sul-americano.

Para o senador Flávio Torres (PDT-CE), este não seria o caso de apenas se comentar a posição do governo norte-americano, pois a Colômbia "está aceitando" a presença de tropas dos Estados Unidos. Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) observou que, apesar de a Colômbia ser um país soberano, o aumento da presença militar norte-americana naquele país "traz preocupação ao continente inteiro".

Paraguai

No início da reunião, o senador Fernando Collor (PTB-AL) elogiou acordo firmado entre os governos do Brasil e do Paraguai, para aumento das compensações pagas pelo Brasil ao governo paraguaio pela utilização da energia elétrica produzida pela usina binacional de Itaipu. Ele considerou a solução encontrada pelos dois países uma "construção engenhosa", que permitiu satisfazer às demandas do Paraguai sem alterar o Tratado de Itaipu.

Segundo o tratado, o Paraguai está obrigado a vender ao Brasil a parte de energia que caberia a este país mas não é utilizada, por falta de demanda. Por meio do novo acordo, o Paraguai poderá passar a vender parte dessa energia no mercado livre brasileiro, de forma gradual.

Marcos Magalhães / Agência Senado



06/08/2009

Agência Senado


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