Açorianos
Açorianos
Parlamentares dos Açores, acompanhados do deputado Vieira da Cunha (D), fizeram visitas, ontem, às cidades de Triunfo e Viamão e ao Monumento aos Açorianos (foto), na Capital.
Aécio agradece pela desistência
O presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, agradeceu ontem ao governador do Ceará, Tasso Jereissatti, por ter desistido da disputa interna à Presidência da República em nome da unidade do PSDB. A declaração foi feita no final do discurso na solenidade de lançamento da pré-candidatura do ministro da Saúde, José Serra. Aécio ressaltou a grandeza de Jereissati por ter entendido que acima das postulações existe um projeto de país defendido pelo PSDB. O presidente da Câmara disse que a batalha da sucessão será muito dura, mas no momento da vitória será lembrado o início de mais uma etapa da vida partidária.
Partidos buscam fazer pacto de governabilidade
O vice-presidente nacional do PPB, deputado Pedro Corrêa, disse ontem que, no encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso, terça-feira, os presidentes dos partidos aliados farão um pacto de governabilidade. Proporão que, mesmo com várias candidaturas da base governista à Presidência da República, haja aliança no 2O turno e que a pauta deste semestre inclua a fidelidade partidária e o fim da cumulatividade das contribuições sociais.
Líderes gaúchos criticam Suplicy
O deputado federal Henrique Fontana, do PT, declarou ontem que falta maturidade política ao senador Eduardo Suplicy na disputa com Luiz Inácio Lula da Silva à candidatura do partido para a Presidência da República. Suplicy surpreendeu lideranças gaúchas ao declarar que teria mais condições do que Lula de enfrentar a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, do PFL, num eventual 2O turno. O senador explicou que pode vencer mais facilmente resistências de setores como o empresariado. Fontana discordou dessa avaliação com o argumento de que estão em confronto duas propostas opostas e não candidatos. 'É ingenuidade de Suplicy pensar que as críticas que Lula recebe são pessoais e não porque ele representa projeto que contraria interesses da elite brasileira', afirmou. Na opinião do deputado, Suplicy está alimentando preconceitos e reforçando argumentos da oposição.
A vereadora Sofia Cavedon disse que não é o momento para fazer mediações. Segundo ela, o PT precisa buscar identificação com a massa, os assalariados e a maioria pobre que sofre com a situação econômica. 'Vamos fazer rupturas sérias com os modelos que estão aí. Não podemos mentir para o povo, não estamos buscando consenso, queremos mudanças profundas', enfatizou. Segundo Sofia, a candidatura melhor construída para defender essas idéias e vencer a eleição é a de Lula.
A deputada Maria do Rosário também discorda da opinião de Suplicy. Conforme ela, a dimensão do Brasil exige um candidato consolidado em todas as regiões. 'Esse é o caso de Lula porque o partido construiu publicamente a sua candidatura ao longo dos anos', disse.
Governador e vice apóiam Paim ao Senado
O deputado federal Paulo Paim, do PT, recebeu o apoio do governador Olívio Dutra e do vice-governador Miguel Rossetto para sua candidatura ao Senado durante reunião ontem à tarde no Palácio Piratini. Segundo Paim, Olívio e Rossetto também enfatizaram a disposição de concorrer à reeleição para o governo do Estado e fizeram um convite para que ele participe nas articulações de formação da chapa majoritária. 'Como é natural, os dois pediram o meu apoio para a continuidade do projeto que vêm desenvolvendo, mas estou disposto a trabalhar pelo consenso', revelou. Na opinião do deputado, o partido deve buscar o entendimento através de consultas internas e evitar a prévia a qualquer custo. 'Será um desgaste muito grande que o partido pode evitar', avaliou. Paim assegurou que não pretende se posicionar publicamente a favor de qualquer candidato. 'A chapa majoritária que apóio é a que resultará do diálogo entre as forças do partido', garantiu. Paim defendeu ainda que a pesquisa de intenção de votos encomendada pelo partido pode ser um dos critérios da discussão para a escolha do candidato, mas não o principal. Ele sugeriu que sejam analisados os avanços da atual administração até agora. 'Vamos discutir o desempenho do governo. Este é o momento de dizer porque veio, o que fez e o que deve continuar', destacou o deputado.
O vice-governador também defendeu o consenso, mas enfatizou que 'a candidatura de Olívio é a única capaz de garantir a manutenção da unidade da Frente Popular'. Sobre a consideração dos resultados da pesquisa pelo partido para a escolha, Rossetto foi contundente: 'Esse resultado é apenas um indicativo. Vincular a disputa exclusivamente a isso é um erro político, conceito estranho à tradição do PT. Não fortalece a militância e não cria elemento educativo de debate'.
Gasto com fóruns provoca ação
O vereador Sebastião Melo, líder da bancada do PMDB na Câmara Municipal, entrou ontem com ação judicial na 5ª Vara da Fazenda Pública contra a Prefeitura de Porto Alegre e o prefeito Tarso Genro para que forneçam documentos sobre gastos realizados com o Fórum Social Mundial e o Fórum Mundial de Autoridades Locais. Melo afirmou que o orçamento público do município, aprovado pela Câmara, não tem previsão nem autorização para que a prefeitura realize gastos com os dois eventos. 'Não sou contra os fóruns, mas Tarso se elegeu para prefeito e não imperador. Ele não pode gastar o dinheiro do contribuinte como bem lhe dá na cabeça', enfatizou. Segundo o vereador, o valor a ser gasto nos eventos é o dobro dos recursos previstos para alfabetização, R$ 460 mil.
O vereador Estilac Xavier, líder do PT na Câmara, estimou que o investimento de R$ 841 mil destinado aos fóruns vai reverter em benefícios na ordem de R$ 57 milhões para a cidade. Ele acusou Melo de estar fazendo uma 'ação sensacionalista' e garantiu que o orçamento prevê recursos para a realização de eventos.
Serra defende progresso para todos
No lançamento da sua pré-candidatura à Presidência, destaca que Brasil precisa ampliar produção
O ministro da Saúde, José Serra, ressaltou ontem, na Câmara dos Deputados, durante discurso de lançamento da pré-candidatura à Presidência da República, a importância de o Brasil procurar suas verdades e defender seus interesses. 'Os países obrigados a seguir a certeza dos outros pagaram caro', afirmou. O ministro argumentou que 'a Argentina é um exemplo do que não podemos fazer no Brasil'. Serra salientou que o país precisa ampliar a produção e a exportação e gerar grandes excedentes comerciais. Ele avaliou que, junto à estabilidade da moeda, essas ações permitirão reduzir os juros. O pré-candidato tucano advertiu que a política de desenvolvimento não pode criar cartórios e não é possível gerar benefícios a uma pequena parcela da população. 'Se o progresso não for para todos, não vai haver ordem para ninguém', alertou.
Em seu pronunciamento, Serra citou a luta do governo brasileiro para quebrar 'em circunstâncias justificadas' patentes de remédios considerados essenciais. Ele destacou que os críticos julgavam impossível fazê-lo porque o governo americano não permitiria e a Organização Mundial do Comércio derrubaria a medida alegando que o Brasil está inserido em um mundo globalizado. Para Serra, 'esse impossível é companheiro do fica para depois, usado por décadas visando retardar a produção de medicamentos genéricos no Brasil'.
Segundo ele, o país não pode perder tempo num falso debate sobre se deve ou não participar do processo de globalização. 'O problema real é outro: quais as nossas verdades e os nossos interesses como nação', destacou.
S erra garantiu que não hesitará em buscar o diálogo com outros partidos, movimentos sociais e personalidades públicas. O ministro reconheceu que uma ampla convergência de vontades políticas é importante para a vitória e essencial na busca do êxito da ação governamental. Ele sustentou que o seu trabalho como o primeiro não médico a assumir o Ministério da Saúde no país lhe deu condições para disputar a Presidência.
Simon é lançado pelos paulistas
Salienta que o PMDB se transformará em partido de “segunda classe” se não tiver candidatura própria
O senador Pedro Simon foi lançado ontem, em São Paulo, pré-candidato do PMDB ao Palácio do Planalto durante ato organizado pelo presidente estadual do partido, ex-governador Orestes Quércia. Representando um dos três maiores colégios eleitorais do país (os outros são Rio Grande do Sul e Minas Gerais), os peemedebistas paulistas definem-se pelo apoio ao senador gaúcho. Quércia revisa seu comprometimento com o governador de Minas Gerais, Itamar Franco. Simon já conta com o apoio do presidente nacional, deputado federal Michel Temer.
Temer fez questão de garantir o compromisso com a candidatura própria no encontro de ontem. Porém, salientou que o partido não apresentará nome à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso 'se isso for simplesmente uma aventura'. A posição de Temer demonstra a ambigüidade que vive o PMDB sobre as eleições presidenciais e a concretização da prévia marcada para 17 de março.
Simon enfatizou que, se o compromisso de apresentar nome próprio ao Planalto não for cumprido, o PMDB se transformará em partido de 'segunda classe'. Sugeriu que os peemedebistas que tentarem minar o projeto sejam punidos severamente pelo partido. De acordo com ele, a participação do PMDB na disputa presidencial é vista com pessimismo e poucas chances de vitória. Argumentou, porém, que assim como o partido foi responsável pela redemocratização do país, terá a capacidade de ressurgir com a sua candidatura. Em vez de o PMDB se dissolver, em momento crítico na década de 70, lembrou Simon, decidiu lutar por eleições diretas, anistia, Assembléia Nacional Constituinte e fim da tortura e da censura à imprensa. 'Venho da época em que o PMDB marcou presença na política. Comigo candidato, ele voltará ao coração dos brasileiros', destacou. A interferência das pesquisas na candidatura do PMDB e a reaproximação com os partidos da base governista foram idéias descartadas pela direção nacional.
Emília conversa com Olívio sobre consenso
A senadora Emília Fernandes, do PT, esteve reunida ontem à tarde com o governador Olívio Dutra no Palácio Piratini para discutir a definição da chapa majoritária do partido no Estado. Emília defendeu a busca pelo consenso, tanto para os candidatos a governador e a vice quanto para o Senado. 'O partido deve ser maduro para evitar a prévia e chegar ao entendimento', destacou. Ela se reúne hoje com o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro.
Arquivada a denúncia contra Eduardo Jorge
A Corregedoria-Geral da União (CGU) arquivou ontem denúncia contra o ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge Caldas Pereira. Ele foi incluído em processo, a partir de denúncias da imprensa, em abril, de que teria influenciado decisões sobre fundos de pensão. Em novembro, já tinham sido arquivados 15 processos contra Eduardo Jorge, agora investigado apenas pela CGU.
Garotinho sugere debate com Brizola sobre aliança
Cumprindo no Nordeste etapa de sua campanha à Presidência da República, o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, do PSB, sugeriu ontem ao presidente do partido, Miguel Arraes, que procure o ex-governador Leonel Brizola, do PDT. Garotinho defende a formação de aliança que fortaleça o PSB na sucessão presidencial. Arraes pretende seguir a sugestão. A proposta também será feita a Ciro Gomes, do PPS, e a líderes do PMDB.
Itamar nega acerto com Serra
Declaração do governador de Minas Gerais, Itamar Franco, de que poderia negociar com o PSDB a candidatura a vice-presidente na chapa do ministro da Saúde, José Serra, repercutiu mal ontem no encontro entre o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, o senador Pedro Simon e o ex-governador Orestes Quércia. Os três se apressaram em desmentir a informação, garantindo que foi mal interpretada. 'Conheço Itamar e sei que jamais falaria isso', atestou Simon. O governador encaminhou nota a Temer salientando que 'em nenhum momento cometi a ousadia de dizer que aceitaria ser vice de Serra'. Sobre contatos que estaria mantendo com integrantes do governo federal, Itamar fez questão de atribuir a algum mal-entendido ou a boatos. 'Tenho conversado permanentemente com a oposição. Só falo com homens do governo quando eles, por educação, procuram-me. Assim mesmo, são muito poucos', garantiu o governador. Ao responder sobre suposta aliança com Serra, Roseana Sarney, pré-candidata do PFL, ou Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, Itamar disse quarta-feira que 'tudo pode ocorrer'.
Itamar também se recusou a comentar o suposto elogio que recebeu do ministro Serra durante o lançamento da sua pré-candidatura à Presidência, ocorrido ontem. Ele ainda fez ataques à equipe econômica do presidente Fernando Henrique Cardoso ao comentar a reestruturação do setor energético.
Pré-candidaturas geram discussão
Segundo o senador Pedro Simon, o fato de o PMDB ter três pré-candidatos à Presidência da República é saudável por possibilitar o debate interno. Ele argumentou que até o PT está evitando a discussão em torno de candidaturas presidenciais. Salientou que o PSDB excluiu o governador do Ceará, Tasso Jereissati, da disputa ao escolher o ministro da Saúde, José Serra, 'tomando decisão de cima para baixo', e o PT passou a 'ridicularizar' o senador Eduardo Suplicy por querer enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva na prévia. 'Nossa fórmula, mesmo que com três pretendentes, é a mais democrática e correta', opinou.
Projeto torna inelegível quem descumprir leis
Governadores e prefeitos que perderem o cargo por descumprimento da Constituição estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município serão inelegíveis por oito anos. É o que determina o projeto de lei complementar apresentado à Mesa da Câmara pelo deputado gaúcho Orlando Desconsi, do PT. A proposta estabelece isonomia de tratamento aos infratores que ocupam cargos eletivos.
Senador defende ênfase ao social
Durante o ato de lançamento da sua candidatura ao Palácio do Planalto, o senador Pedro Simon pregou ontem a retomada da soberania nacional, a queda drástica da taxa de juros e a ênfase do governo na área social. Ao defender a globalização, o senador salientou que deveria trazer maiores benefícios financeiros ao país. 'Nunca o mundo cresceu tanto em riquezas como agora e as nações foram tão divididas entre os que tudo e nada têm', disse. Para Simon, o fortalecimento do Mercosul é fundamental para que o Brasil passe a integrar a Alca, destacando que apenas com a garantia de que competirá em igualdade de condições com Canadá, México e Estados Unidos deverá firmar parceria.
Para Simon, o ponto forte do seu programa de governo será o social, tanto que já tem slogan de campanha definido: 'Pão para quem tem fome e fome de justiça para quem tem pão'. Ele defendeu também o aumento da produção agrícola com a melhora nas relações entre os produtores e o Banco do Brasil. 'Um banco do povo, que deveria favorecer a produção, é visto como carrasco', salientou. O programa de governo começa a ser discutido hoje pelos peemedebistas na reunião coordenada pelo presidente da Fundação Ulysses Guimarães e assessor especial da Presidência da República, Moreira Franco, em Porto Alegre.
Bornhausen acredita em crescim ento de Roseana
O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, disse ontem que a candidata à Presidência com melhor condição de vencer é Roseana Sarney. 'A candidatura está melhor hoje e crescerá ainda mais no final de maio', prevê. Para o senador, as pesquisas devem determinar a escolha da aliança governista. 'Acho legítimo o PSDB não abrir mão da cabeça-de-chapa agora, mas oportunamente todos escolherão o melhor', acredita Bornhausen.
Alckmin: FHC não precisa expor apoio
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou ontem que não há necessidade de o presidente Fernando Henrique Cardoso subir em palanque para expor o apoio ao pré-candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra. Alckmin acredita na transferência natural dos índices de popularidade do governo para Serra. O governador do Mato Grosso, Dante de Oliveira, acha que a aliança em torno do ministro deve ser levada tão a sério quanto a busca de votos. Conforme o governador de Sergipe, Albano Franco, os eleitores do Nordeste considerarão as promessas dos candidatos. Os governadores do Pará, Almir Gabriel, e de Goiás, Marconi Perillo, admitiram a necessidade de o PSDB se coligar com o maior número possível de partidos para garantir a vitória.
Jereissati não vai integrar campanha
O governador do Ceará, Tasso Jereissati, do PSDB, declarou ontem que a responsabilidade de alavancar a candidatura de José Serra à Presidência da República é do próprio ministro da Saúde. Jereissati anunciou que não participará da coordenação da campanha eleitoral porque se dedicará às ações do estado e à candidatura do senador Lúcio Alcântara para o governo do Ceará. 'Tenho que cuidar do meu estado', salientou Jereissati, que era um dos pré-candidatos ao Planalto pelo PSDB. O governador participou ontem do lançamento da pré-candidatura de Serra depois de conversar com representantes do partido.
Azeredo descarta união com Itamar
O ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo, do PSDB, criticou ontem a suposta aproximação do ministro da Saúde, José Serra, e o governador Itamar Franco, do PMDB, para composição à Presidência da República. 'Serra vai ter de escolher. Itamar não é boa companhia', disse Azeredo, ao afirmar que não estava chateado com a eventual proximidade do ministro da Saúde com o governador em função dos votos mineiros para a sua campanha. 'Se Serra quiser os votos de Minas, terá de conversar conosco e não com Itamar', avisou Azeredo. Ele já tratou do assunto com o governador do Ceará, Tasso Jereissati.
Artigos
Democracia como valor
Adão Villaverde
A forma de aprovação do relatório da CPI da Segurança e a reprovação do Programa de Incentivo à Economia Gaúcha, na Assembléia Legislativa, bem como os recentes episódios da Câmara da Capital nos remetem a um tema que ronda as sociedades periféricas, entre elas a nossa: qual caráter tem a democracia, sobretudo após passado recente de convívio com regime de arbítrio.
Um contencioso político, que pressiona as sociedades que buscam se firmar como democráticas, é a tensão permanente entre embates que se dão no âmbito de determinados limites e regras - que fortalecem o convívio democrático - e aqueles que vêem, nestes, apenas a condição de um instrumento para atingir seus fins.
Sem maniqueísmo e imbuído do maior respeito de que idéias e opiniões, quando ouvidas e consideradas, ajudam o regime democrático, não é possível deduzir desses episódios e da forma como eles se deram, que acumularam para fortalecer as instituições e, por conseqüência, a democracia. Ao contrário, da leitura que se pode fazer, no contexto da dinâmica irracional em que eles se inserem, fica a percepção, no mínimo ambígua, no sentido de que fortalecem uma forma de fazer política que se apóia numa lógica inquisitória e coercitiva de maioria. Que prescinde do diálogo e do debate entre posições e visões de mundo divergentes, buscando nivelar por baixo o embate de conteúdo, tratando de jogar no descrédito a política, os partidos e, conseqüentemente, enfraquecer a democracia.
O que setores minoritários de nossa oposição não percebem é que vivemos uma etapa histórica, em que a luta política no nosso país e no Estado não deve se limitar a uma disputa de maioria. Deve ir além, precisando ter, como um de seus elementos estruturantes, a disputa do significado teórico-prático em torno dos rumos democráticos. Que, por sua vez, não devem se confundir com a luta pela hegemonia política, esta sim um instrumento de disputa na sociedade, aceito evidentemente enquanto método legítimo que faz avançar a democracia, se permitir no seu conteúdo a possibilidade de convívio civilizado entre o confronto de idéias e opiniões, sobretudo aquelas opostas ou divergentes. Ao exercer a democracia, é fundamental compreendê-la como um valor universal, um valor que é de todos, irrenunciável, portanto, para a realização da dignidade humana rumo a um novo processo civilizatório.
Colunistas
PANORAMA POLÍTICO - A. Burd
Projeção nacional
1) O senador Pedro Simon atingiu ontem o primeiro objetivo de sua pré-candidatura à Presidência da República: o reconhecimento nacional do PMDB gaúcho como até agora não tinha ocorrido desde a fundação. O discurso na sede regional em São Paulo, com auditório lotado, empolgou os filiados pelo conteúdo histórico, invocando as raízes do PMDB, e dando ênfase à justiça social. Simon só somou aliados à campanha que agora se inicia.
2) O governador Itamar Franco recusou ontem o convite do ministro Raul Jungmann para participar de debate antes da prévia do PMDB. Justificou discriminando: 'Não discuto com auxiliares'. Jungmann era assessor do Ministério do Planejamento quando Itamar foi presidente da República.
Confronto
A reunião do diretório do PT, amanhã, deixará frente a frente incendiários e bombeiros da prévia. O andar da carruagem indica que os primeiros levam vantagem. Resta saber se receberão um jato d'água.
Nem tanto
O resultado da pesquisa do Ibope, encomendada pelo PT para aferir o desempenho de Olívio Dutra e Tarso Genro, não será tão decisiva na escolha do candidato ao Piratini como alguns chegaram a supor.
A caminho - 1) Leonel Brizola fala em tríplice aliança com a condição de que o PPS e o PTB apóiem os candidatos do PDT aos governos do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Tudo se encaminha para isso; 2) está aí uma boa idéia: emenda constitucional do deputado Paulo Lessa, do PPB do Rio, quer limitar as despesas com subsídios dos vereadores à arrecadação de cada município no ano anterior. Acabaria com o perdão de dívidas.
Estranho
O ex-ministro Eliseu Padilha foi à sede do diretório estadual do PMDB em São Paulo para prestigiar o lançamento da pré-candidatura do senador Pedro Simon. Por esquecimento ou intencionalmente, não foi citado entre as autoridades, nem convidado por Orestes Quércia para discursar. Ao perceber, foi embora.
Despedida
Leonel Brizola chegou ontem à noite a Porto Alegre. Acompanha, às 11h de hoje, o sepultamento do ex-vice-prefeito Ajadil de Lemos, de quem foi amigo por mais de 50 anos.
Habilidade
A presidente da Agergs, Maria Augusta Feldman, tem comprovado habilidade política no cargo que assumiu há um mês. Se superar todas as arestas na área portuária, permitirá chegada a Rio Grande de 120 mil contêineres a mais durante ano.
Quanto
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Antônio Goidanich, lembra: 57% do preço da gasolina é de impostos. Se voltássemos aos parâmetros fiscais de antes das constituições federal de 1988 e estadual de 1989, o preço do litro ao consumidor seria R$ 0,55.
É golpe
Aumentam te lefonemas em que são pedidos, com toda a cortesia, os números da carteira de identidade e do CPF, a título de atualização de cadastros. É um novo golpe aplicado na praça e porta de entrada à posterior falsificação de documentos.
Como anda
A crise argentina chegou a este ponto: até pequenos empresários que fabricam casquinha de sorvete e bandeja de papelão para ovos fizeram consultas ontem. Querem se transferir imediatamente ao Brasil.
Apartes
Pré-candidato Raul Jungmann espera convite para vir a Porto Alegre. Por enquanto, ninguém se habilitou.
Senador Eduardo Suplicy não deve aparecer no RS durante campanha da prévia. Queimou o filme.
Oposição espera que, de volta a Brasília, presidente FHC sustente discurso da Rússia com críticas ao FMI e ao Banco Mundial. Quase impossível.
Editorial do Clarín, de Buenos Aires, ontem, reconheceu auxílio dos brasileiros para minorar a crise.
Bancada do PT estranhamente tirou pé do acelerador sobre sucessão no comando da Câmara Municipal.
Presidenciável José Serra foi derrotado em duas eleições à Prefeitura de São Paulo: 1988 e 1996.
Bom Dia, com Jurandir Soares, das 6h às 7h30min na Rádio Guaíba.
Deu no jornal: 'Serra está proibido de atacar Malan'. S. Excia. terá de conter o forte ranger de dentes...
Na sucessão, Itamar Franco pode adotar o lema: 'Vim para confundir'.
Editorial
FLEXIBILIZAR SERÁ A SOLUÇÃO?
A seqüência de crises intermináveis na Argentina está obrigando o governo do peronista Eduardo Duhalde a tomar várias iniciativas urgentes para evitar a convulsão social iminente, uma das quais é a flexibilização do corralito fiscal (congelamento dos depósitos), que apanhou de surpresa 80% dos argentinos. O ministro de Relações Exteriores daquele país, Carlos Ruckauf, admitiu que o corralito era uma armadilha da qual o governo estava procurando se safar. Ele reconheceu publicamente a raiva dos argentinos e disse que os protestos eram plenamente justificáveis.
Nos últimos dias, os protestos aumentaram significativamente em todo o país e de forma violenta. Houve apedrejamento de bancos e lojas, saques e roubos. Está prevista para hoje, em Buenos Aires, uma marcha popular pacífica que homenageará as 30 vítimas dos protestos ocorridos nos dias 19 e 20 de dezembro, que culminaram com a renúncia de Fernando de la Rúa. O governo teme mais essa manifestação e, por isso, tratou de divulgar as iniciativas. A flexibilização, motivo de estudos e discussões do governo há pelo menos quatro dias, deverá beneficiar 78% das pessoas que possuem dinheiro depositado no sistema financeiro argentino. Eduardo Duhalde vem afirmando que o corralito é uma bomba de tempo muito perigosa e que é necessário um cuidado extremo para desarmá-la. Com isso, o presidente estaria justificando a demora para a liberação de 100% dos depósitos.
Outra medida importante foi a permissão para que parte dos depósitos em pesos possam ser transferidos para contas correntes ou cadernetas de poupança, o que também dará chance de serem sacados. Um segundo anúncio já estudado pela equipe econômica foi a distribuição de 200 pesos mensais para as famílias mais pobres cujos pais estejam desempregados. Os recursos serão entregues por meio de cartão bancário para evitar as intermediações, os desvios e a corrupção. Todas as indicações apontam para uma solução paliativa. Ou seja, a flexibilização não deverá resolver a crise. Os argentinos, os seus vizinhos da América Latina e a comunidade internacional aguardam um plano capaz de tirar o país da crise.
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01/18/2002
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