ADEMIR ANDRADE DIZ QUE GOVERNO SE ENDIVIDA MAS NÃO COMBATE A POBREZA
Sustentando que é papel do Senado fiscalizar as ações do Executivo, o senador Ademir Andrade (PSB-PA) alertou nesta quarta-feira (dia 19) o plenário para a tramitação de mensagem do governo que pede autorização para contratar crédito externo de US$2,2 bilhões junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). "Poderemos, se houver a decisão da maioria deste Senado, aprová-la, condicionando, porém que os recursos sejam utilizados exclusivamente para financiar programas sociais destinados ao combate da pobreza", conclamou o parlamentar.Conforme o senador, o acordo negociado com o FMI, que impôs ao Brasil a paralisação do crescimento e uma profunda recessão, garante empréstimos na ordem de US$41 bilhões, numa composição de diferentes fontes, entre as quais o Banco Mundial e o BID. Ele explicou que a participação dessas duas instituições tinha por objetivo propiciar medidas compensatórias. Como condicionante para esses empréstimos, esses bancos teriam exigido a manutenção e até um aumento de gastos do governo com o social.Ele observou, contudo, que 61% dos programas voltados à população de baixa renda, no Brasil, sofreram cortes este ano em relação aos gastos de 1998. Ao todo, os cortes ultrapassaram R$2 bilhões, disse ele. Essa redução, somada aos efeitos da recessão imposta para este ano e para os próximos, conforme o parlamentar, demandariam investimentos sociais que impedissem o agravamento da pobreza no país.Ademir Andrade disse ser "uma grande mentira" a afirmação de que os empréstimos vêm compensar os cortes promovidos e os efeitos da recessão provocada pelo acordo com o FMI. Ele sustentou que, "na realidade, este dinheiro está predestinado a voltar para o mesmo lugar de onde vem, na forma de pagamento de juros da dívida". Para o senador, tudo não passa de jogo de cena para a opinião pública nacional e internacional, visto que esses bancos não poderiam emprestar para a finalidade que está sendo dada ao dinheiro: o pagamento de juros da dívida externa brasileira.
19/05/1999
Agência Senado
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