Ademir: desenvolvimento tecnológico será um dos grandes desafios do próximo governo



O desenvolvimento tecnológico será um dos grandes desafios a serem enfrentados pelo novo governo, na opinião do senador Ademir Andrade (PSB-PA). O novo governo, afirmou o senador, precisará dar ênfase ao investimento em pesquisa e desenvolvimento, com a articulação entre universidades e centros de criação de ciência e tecnologia com empresas dispostas a dar curso à chamada -economia do conhecimento-.

Ademir Andrade lembrou que o Brasil aplica atualmente o equivalente a 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento, o que é pouco em comparação a países menores como a França, que investe no setor 2,5% do PIB. Ele citou ainda pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo a qual 16,7% das aplicações das empresas brasileiras destinam-sea atividades de pesquisa e desenvolvimento, contra 30,8% aplicados pelas empresas da Espanha.

Embora o Brasil tenha fundos setoriais de apoio ao desenvolvimento tecnológico, observou o senador, -as empresas, universidades e órgãos públicos que os recebem estão habituados a práticas feudais e corporativas-. Para o senador, o segredo do desenvolvimento com base na inovação tecnológica está menos no volume de recursos e mais na qualidade das redes que se formam para recebê-los.

Ademir Andrade disse ser imprescindível a implementação de políticas de incentivo à inovação tecnológica no Brasil, à semelhança de outros países que utilizam a tecnologia articulada com a política educacional, como fator de tração do desenvolvimento econômico. Ele citou o exemplo do Canadá, que tem leis de incentivos fiscais para a inovação desde 1944. Uma empresa que queira utilizar todos os subsídios existentes no país, poderá ter até 57% de seu desenvolvimento tecnológico patrocinado pelos contribuintes. Estados Unidos, França, Alemanha, Taiwan, Japão e Coréia do Sul têm leis semelhantes, informou.

O senador apontou como um complicador o fato de a pouca pesquisa que se faz no país estar concentrada nas universidades. Além de seus resultados levarem anos para chegar à indústria, disse o senador, apenas 5% dos resultados dos projetos financiados pelas agências estatais de fomento à pesquisa interessam à indústria. Enquanto no Brasil 73% dos cientistas se concentram em universidades, nos Estados Unidos esta fatia é de 13%, disse o senador, acrescentando que no Brasil 11% estão em centros de pesquisa de empresas privadas; nos Estados Unidos, 79%.

Ademir Andrade culpou os altos juros - que incentivam as aplicações financeiras - e a instabilidade nas regras do país pelo desinteresse do empresariado brasileiro pela contratação de pesquisadores. Para ele, se o Brasil quiser alterar esta realidade precisará de políticas agressivas de incentivo ao desenvolvimento tecnológico do setor produtivo.

- O que está em jogo é o nosso futuro como nação. Ou nos conformamos em sermos uma economia periférica ao sabor dos humores do mercado internacional, ou estimulamos a inovação tecnológica das empresas, auxiliando a geração de empregos, na melhoria do sistema educacional e na implantação de bases econômicas que levem a uma distribuição de riquezas mais justa e à melhoria da qualidade de vida dos brasileiros - concluiu.



18/11/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


Evento debate desafios do desenvolvimento tecnológico no setor farmacêutico

Ademir critica falta de empenho do governo em cobrar valores devidos por grandes sonegadores

Tombini diz que inclusão financeira será um dos grandes objetivos do governo

Gás natural e novas hidroelétricas são os grandes desafios no planejamento estratégico da energia

Desoneração da folha de pagamento será ampliada no próximo ano, segundo governo

ADEMIR ANDRADE SERÁ CANDIDATO AO GOVERNO DO PARÁ