Ademir: flexibilização da CLT não vai gerar empregos e enfraquece trabalhadores



O senador Ademir Andrade (PSB-PA) sustentou em discurso que o projeto em discussão na Câmara que permite acordos entre patrões e sindicatos, reduzindo direitos trabalhistas previstos na CLT, "não irá gerar empregos", como vem defendendo o ministro do Trabalho, Francisco Dorneles. A proposta "enfraquece os trabalhadores, a parte fraca da relação capital-trabalho", opinou o senador.

- Na verdade, o que o governo pretende é reduzir os custos do trabalho, aliviando o aperto da recessão e dos juros, passando para os trabalhadores o custo da desaceleração econômica - disse Ademir Andrade.

O senador considera uma ilusão pensar que os empresários usarão em novos investimentos o dinheiro economizado com a mudança na CLT. A seu ver, está claro que as empresas buscarão alternativas mais rentáveis e seguras no mercado financeiro para atravessar a atual crise, principalmente pela compra de títulos da dívida pública.

Se aprovado o projeto, os patrões "irão impor sua vontade" nos acordos trabalhistas e os direitos e os salários dos trabalhadores serão reduzidos. Ademir Andrade afirmou que, desde o início dos anos 90, quando começou a política de globalização da economia, o custo da mão de obra no Brasil caiu 33%, com a terceirização de serviços dentro das empresas. Nestes dez anos, acrescentou, 10 milhões de trabalhadores foram demitidos.

Toda a estratégia do governo busca inserir cada vez mais o Brasil no mundo da economia globalizada, mesmo que isso agrave a crise social, achate o mercado de trabalho e reduza os salários, conforme Ademir Andrade. Assim, não basta que haja demissão de empregados, mas é necessário também diminuir os custos do trabalho na produção.

- Tudo isso para melhorar o desempenho do capital, preservar os lucros das empresas, manter a estabilidade financeira e revigorar a economia, que se encontra em crise. Isso é uma exigência da globalização - observou o senador, que pediu aos senadores que rejeitem o projeto, caso ele seja aprovado pelos deputados.

20/11/2001

Agência Senado


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