ADEMIR INDAGA POR QUE A DÍVIDA INTERNA CRESCEU 200%



Na audiência dos ministros da Fazenda e do Planejamento com deputados e senadores, Ademir Andrade (PSB-PA) questionou hoje (22) a competência da equipe econômica que, em sua opinião, inexplicavelmente, tornou mais endividado o país apesar de ter vendido expressivo patrimônio público.

Conforme o senador, a dívida interna brasileira era de US$ 70 bilhões quando Fernando Henrique Cardoso assumiu e, passados dois anos e dez meses, essa dívida hoje totaliza US$ 190 bilhões, o que significa mais de 200% de aumento. Ele questionou sobretudo o fato de que, no mesmo período, o governo vendeu várias empresas estatais.

Ademir Andrade também disse que os US$ 3 bilhões conseguidos com a venda da Companhia Vale do Rio Doce foram dissipados só na parcela do aumento dos juros determinado pelo governo nesse período de crise. Ele lembrou que a equipe econômica não aumentou apenas a dívida interna: a externa também passou de US$ 110 bilhões para US$ 115 bilhões. Destacou ainda que o Brasil continua exportando apenas produtos primários ou semi-elaborados, o que é desvantajoso para nosso comércio exterior.

O ministro da Fazenda respondeu que o Brasil ganhou muito nesse período, a começar pelo fato de que, em 1993, a inflação anual brasileira era de 2.700% e a renda per capita da nação caía anualmente. Ele disse que, até iniciar-se o governo de Fernando Henrique Cardoso, o Brasil vinha recebendo volumes irrisórios de investimentos diretos, o que mudou completamente nos últimos anos.

"Hoje estamos há quatro anos consecutivos numa trajetória de queda inflacionária, que não experimentávamos desde o início dos anos 50", disse ainda o ministro. Ele explicou que o PNB vem crescendo anualmente e que o Brasil recuperou a credibilidade internacional. Quanto à indagação do senador sobre o que o Brasil ganhou, Malan respondeu que o país "ganhou o acesso de milhões de brasileiros ao mercado de consumo". O ministro também sustentou que vender estatal não é dilapidação do patrimônio público, mas redução do déficit fiscal e investimento na área social.



22/11/1997

Agência Senado


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