Advogado de Mônica Veloso nega chantagem a Renan
Em depoimento voluntário ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar nesta segunda-feira (18), Pedro Calmon Mendes, advogado da jornalista Mônica Veloso, leu um termo de declaração escrito por sua cliente no qual ela nega que tenha chantageado o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado Federal, com quem tem uma filha de três anos. A jornalista também afirma no texto que os R$ 100 mil em dinheiro que recebeu de Renan foram para complementar valores das pensões alimentícias atrasadas, e não para um "fundo educativo", como está no recibo apresentado pelos advogados do senador.
A jornalista reafirma também nunca ter elaborado nenhum dossiê contra Renan, como publicou a revista IstoÉ. O advogado informou que a jornalista enviou resposta à revista, que não foi publicada, e por isso está processando IstoÉ pelas acusações.
Mônica Veloso garante, no documento, que não teve nenhuma participação na reportagem publicada pela revista Veja no dia 25 de junho passado, na qual a revista denunciou que o senador Renan teria parte de suas despesas pagas pelo funcionário da Construtora Mendes Júnior Cláudio Gontijo.
Entretanto, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) apresentou uma cópia do dossiê em que constariam documentos provando que o escritório de Calmon procurou o criminalista Aidano Faria para degravar fitas supostamente com conversas telefônicas de Mônica, de Renan e do funcionário da empreiteira Mendes Júnior Cláudio Gontijo. O dossiê, na avaliação de Almeida Lima, estaria sendo usado por Mônica estava chantagear Renan. Pedro Calmon Mendes disse nunca ter visto tal dossiê e reiterou que não houve nenhuma participação dele ou de sua cliente em sua elaboração.
Segundo Almeida Lima, Mônica teria pedido R$ 20 milhões a Renan, caso contrário o levaria ao Conselho de Ética. O senador disse que o pai de Pedro Calmon Mendes, Pedro Calmon, também advogado, teria ido à residência do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) e o questionou sobre o motivo da visita. A visita teria acontecido no dia em que a revista Veja publicou a primeira reportagem sobre o caso envolvendo Mônica e Renan.
O advogado Pedro Calmon Mendes disse que seu pai compareceu a um almoço na casa de Cafeteira um dia antes da publicação da matéria pela revista, no qual também estiveram vários políticos e advogados. Durante a festa, algum senador teria indagado a Calmon, o pai, como estaria o caso Renan. Ele negou que sua cliente tenha pedido R$ 20 milhões a Renan, ironizando a denúncia e classificando-a como um absurdo em se tratando de um caso de pensão alimentar.
Pensão
No termo de declaração lido pelo advogado, Mônica Veloso faz um retrospecto dos acontecimentos referentes às questões da paternidade e da pensão alimentícia da filha que teve com Renan Calheiros. Pedro Calmon explicou que Mônica Veloso recebia, desde março de 2004, a título de pensão alimentícia, R$ 12,5 mil. Nos primeiros 12 meses, eram pagos R$ 8 mil em espécie e R$ 4,5 mil por meio da quitação feita de um ano de aluguel de uma casa no bairro Lago Norte. Depois, a jornalista mudou-se para um apartamento, cujo aluguel era de R$ 4 mil. Nesse instante, segundo o advogado, passou a ser paga uma pensão, sempre em dinheiro, de R$ 12 mil.
Após o reconhecimento da filha, prosseguiu o advogado, Renan teria oferecido uma pensão alimentícia de R$ 3 mil, valor que não teria sido aceito por Mônica Veloso. Mesmo assim, esse dinheiro foi sendo depositado na conta da jornalista até maio de 2006, já que havia uma audiência marcada para julho. Antes da audiência, os advogados das duas partes, segundo a versão do advogado, chegaram a um acordo, no valor de R$ 100 mil, sobre as pensões atrasadas.
Questionado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Pedro Calmon disse que sua cliente não sabe se o dinheiro que recebia vinha exclusivamente de Renan ou também de outras fontes.
- Assinamos o recibo, porque se ela não assinasse, não receberia pensão nenhuma. Os advogados apareceram com duas sacolas de dinheiro e um recibo pronto: 'ou assina ou não recebe'. Não me consultaram para a elaboração desse documento. É um documento simulado - disse Pedro Calmon, que disse ter concordado em assinar o recibo, pois sua cliente estava precisando do dinheiro.
O senador Valter Pereira (PMDB-MS) opinou que a assinatura de um documento simulado é crime, no mínimo representando uma infração ao Código Civil.
Ameaça de morte
O advogado Pedro Calmon confirmou ao Conselho de Ética que, no dia 9 de junho, por volta das 19h, recebeu uma chamada em seu telefone celular e um homem, que não se identificou, o xingou e o ameaçou de morte, caso ele e sua cliente, a jornalista Mônica Veloso, não parassem de "falar essas coisas".Ele disse ter prestado queixa na polícia imediatamente e que a polícia identificou a chamada, que teria sido feita a partir de um telefone público localizado em frente a uma padaria nas Áreas Octogonais Sul de Brasília. De acordo com Calmon, a polícia investiga o caso e já tem suspeitos.
Almeida Lima acusa advogado
O senador Almeida Lima apresentou uma procuração assinada pela jornalista Mônica Veloso em 3 de dezembro de 2004, em que autorizaria o advogado Pedro Calmon a processar Renan Calheiros. Segundo Almeida Lima, Calmon mentiu ao conselho, ao ter afirmado que só se tornou formalmente advogado de Mônica em dezembro de 2005. Calmon lembrou que, ao início de seu depoimento havia dito que tinha sido procurado pela jornalista à época para uma consulta e que qualquer advogado teria pedido a assinatura de uma procuração para se salvaguardar.
O senador também apresentou bilhetes e e-mails que comprovariam que, diferente do que nega a jornalista, ela teria, sim, relação de amizade com o funcionário da Mendes Júnior. Calmon disse que os e-mails de Mônica e Gontijo não desmentem o que ela declarou à revista Veja, ou seja, de que não tinha relação com ele, o qual lhe foi apresentado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, em meados de 2003. Segundo Calmon, ela realmente não conhecia Gontijo e, por força de se encontrar com ele todos os meses para o recebimento de envelopes com dinheiro, manteve uma relação amistosa.
O advogado da jornalista Mônica Veloso disse que o presidente do Senado, Renan Calheiros, reconheceu a paternidade da filha com Mônica, mas recusou-se a registrá-la com seu sobrenome, o que foi considerado "agressão a uma criança". Segundo Calmon, essa negativa levou Mônica a entrar com uma ação contra Renan na Vara de família.18/06/2007
Agência Senado
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