Tuma diz que Renan tinha dinheiro para pagar pensão e aluguel, mas quer ver extratos de Mônica Veloso
Depois de questionar o funcionário da empreiteira Mendes Júnior Cláudio Gontijo, o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse nesta terça-feira (5) que tem elementos para crer na capacidade financeira do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para fazer os pagamentos de pensão, aluguel e segurança privada à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. O corregedor, entretanto, quer ter certeza de que os recursos foram efetivamente recebidos por Mônica numa conta corrente no Unibanco, citada por Gontijo como o meio utilizado pelo funcionário da empreiteira para entregar o dinheiro que lhe era confiado mensalmente pelo presidente do Senado, "na qualidade de amigo".
Tuma está fazendo uma investigação preliminar endereçada ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. Segundo ele, de posse dos resultados dessa apuração, é o conselho que decidirá ou não pela abertura de processo contra Renan, já que há uma representação contra o presidente do Senado encaminhada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Com base em matéria publicada pela revista Veja, o PSOL quer que o Conselho de Ética investigue se o presidente do Senado tinhas suas despesas com Mônica Veloso e a filha pagas pela Mendes Júnior,com a intermediação de Gontijo. Além disso, o partido quer esclarecer também possíveis ligações de Renan com a empreiteira Gautama.
O interrogatório de Cláudio Gontijo foi feito no gabinete do próprio senador do Democratas e com participação dos senadores Wellington Salgado (PMDB-MG), Gilvam Borges (PMDB-AP), Valter Pereira (PMDB-MS) e Augusto Botelho (PT-RR). Estavam presentes um advogado do Senado e o advogado do funcionário da empreiteira e irmão de Cláudio, Segismundo Gontijo. Este último leu uma nota de Cláudio Gontijo e respondeu algumas perguntas ao final da reunião.
Sem precisar datas, o corregedor disse que antes de assumir a paternidade da filha, Renan, conforme Gontijo, repassou à jornalista R$ 8 mil mensais de pensão alimentícia e R$ 4 mil referentes a aluguéis, primeiramente de uma casa - durante um ano - e a partir daí de um apartamento. Quando ainda residia na casa, Mônica recebeu também ajuda de R$ 4 mil mensais - R$ 2 mil por quinzena - para custear despesas com segurança particular, uma vez que ela estava recebendo ameaças anônimas por telefone e suspeitava de carros rondando a residência. Gontijo confirmou a afirmação de Renan, em discurso no Plenário do Senado, de que o aluguel da casa foi pago de uma vez, no valor de R$ 40 mil, e que o senador entregou a Mônica Veloso R$ 100 mil a título de fundo para educação da filha.
Quando Mônica Veloso mudou-se com a filha para um apartamento, os gastos mensais de Renan caíram a R$ 12 mil, conforme relatou Gontijo a Tuma. O funcionário da Mendes Júnior confirmou ter recebido os recursos em espécie - exceto no caso de um único cheque - e os repassado em envelopes à jornalista, algumas vezes no escritório da empreiteira em Brasília. Garantiu, entretanto, que era dinheiro pertencente ao presidente do Senado - nunca dele, Gontijo, ou da Mendes Júnior.
- Ele estava sereno e seguro. Disse que agia por amizade, pois conhecia Renan desde que ainda trabalhava na construtora Santa Bárbara - disse Tuma.
A amizade teria se estreitado quando Gontijo se separou da mulher e passou a contar com apoio emocional do casal Calheiros. Gontijo teria acompanhado o relacionamento de Renan com a jornalista desde o início e a aconselhado a afastar-se do presidente do Senado. O contato com ela teria sido interrompido por decisão de Mônica Veloso, supostamente orientada pelo advogado Pedro Calmon.
O corregedor do Senado afirmou que não emitirá um parecer sobre a conveniência ou não da abrtura de processo contra Renan. E que na hipótese de esse processo vir a ser aberto, não assumirá a relatoria, para preservar a sua condição de corregedor.
- Eu apenas apresentarei ao conselho os resultados das minhas investigações - afirmou Tuma, que, além da advocacia do Senado, está recebendo assessoria de dois peritos da Polícia Federal (exame de movimentações bancárias de Renan) e de dois peritos tributários (análise de declarações de renda e da contabilidade de atividades agropecuárias do presidente do Senado). A documentação dos negócios com gado foi encaminhada nesta terça a Tuma.
O corregedor, que ainda está decidindo se convocará a jornalista a depor, explicou que não pode determinar a quebra do sigilo bancário da jornalista. Ele foi convidado para uma reunião ainda nesta terça no Superior Tribunal de Justiça (STJ), corte encarregada das providências jurídicas da chamada Operação Navalha, realizada pela Polícia Federal para investigar fraudes em obras públicas supostamente envolvendo empreiteiras e políticos.05/06/2007
Agência Senado
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