Agricultura: Mecanização da cultura da cana é tema de workshop no Instituto Agronômico



IAC desenvolve novo sistema que reduz de 15% para 5% as perdas na colheita mecanizada

Maior produtor e maior exportador mundial de cana-de-açúcar, o Brasil tem nesse segmento do agronegócio seu porto-seguro, que não se deixa abalar por variações cambiais ou climáticas. A canavicultura brasileira ganha ainda mais força com as perspectivas abertas com a agroenergia.

O fortalecimento do setor sucroalcooleiro do País deve muito às tecnologias desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC). E as ferramentas disponibilizadas pelo IAC não se limitam às variedades desenvolvidas, mas alcança também tecnologias de produção mais eficientes. Exemplos disso são as pesquisas sobre a mecanização dos canaviais, tema do Workshop sobre Mecanização da Cultura da Cana-de-Açúcar, a ser realizado, gratuitamente, pelo IAC no próximo dia 30 de maio, das 9h às 17, na sede do Instituto, em

Campinas. Direcionado a engenheiros, pesquisadores, estudantes, agricultores e técnicos de usinas, o evento tem por objetivo divulgar os trabalhos realizados IAC em parceria com o setor produtivo. Dentre os assuntos do

Workshop estão tecnologia de aplicação de maturadores e herbicidas, videografia multiespectral, uso de copiadores de solo na colheita mecanizada, cortadores de base alternativos com uso de lâminas serrilhadas,

problemas relacionados ao uso de pneus agrícolas e uso de biodiesel. "Esses assuntos vêm sendo discutidos pela comunidade científica, tendo sido propostos pelo IAC e aprovados pelo GEMEC (Grupo de Mecanização da Cana)", afirma o pesquisador do IAC responsável pelo evento, Roberto da Cunha Mello.

A geração e a transferência dessas tecnologias são fundamentais para a eficiência da cadeia produtiva de cana, principalmente porque a mecanização ocorre em todas as fases da canavicultura - desde o preparo do solo, passando pelo plantio, tratos culturais até a colheita e o transporte.

Segundo o pesquisador do IAC, nos canaviais paulistas, o preparo do solo, os tratos culturais e o transporte são 100% mecanizados. No plantio, esse índice fica em torno de 30% e na colheita, chega a 50%, mas com grande

perspectiva de ampliação em ambas as fases, de acordo com Mello.

A ampliação da mecanização é estimulada por benefícios como aumento da eficiência e da competitividade do setor, redução de acidentes no trabalho e da dependência de mão-de-obra. Para o ambiente, as vantagens da mecanização são a melhoria do controle de erosão, a redução do assoreamento dos cursos d'água e a viabilização da colheita sem a queima prévia. A mecanização deve ser adotada com critérios para minimizar os impactos como a emissão de poluentes pelo escapamento das máquinas e a compactação do solo. Daí a

necessidade de orientação profissional e a relevância da transferência das tecnologias.Resultado de pesquisa IAC reduz perda na colheita Apesar dos benefícios, na colheita, uma das fases em que se faz uso de máquinas, há um desafio: reduzir as perdas.  De acordo com Mello, a máquina

provoca maior perda do que a colheita manual. "As perdas estão ao redor de 15%, mas vários estudos vêm sendo realizados para minimizá-las", afirma Mello.Com esse objetivo, o pesquisador do IAC desenvolveu um novo sistema que reduz esse índice para 5%, o que gerará uma grande diferença nos resultados da cultura em maior extensão no Estado de São Paulo. O diferencial dessa nova tecnologia está em não destruir a soqueira das raízes.  "O sistema consiste na utilização de lâminas serrilhadas acopladas de forma inclinada a um disco nas máquinas colhedoras automotrizes usadas nas lavouras de cana", explica. A moldagem das lâminas foi desenvolvida no Centro de Engenharia e

Automação do IAC, em Jundiaí, e os testes de campo foram realizados na Usina Santa Cruz, em Sertãozinho.Em fase final de testes, esse resultado de pesquisa IAC deve ser colocado no mercado a partir de setembro de 2006, mas antes disso o método será testado em outras usinas. Segundo Mello, o custo do novo sistema supera em 15% o do convencional. "Cada lâmina serrilhada deverá custar R$ 15, 00, enquanto o

preço médio da lâmina lisa é de R$ 13", afirma.

Até se chegar a uma resposta para as perdas na colheita mecanizada foram oito anos de estudos. Os ensaios foram iniciados em 1998, na Austrália.

Curiosidade

A mecanização é uma prática muito antiga, existente desde que o homem passou a domesticar os animais. A colheita, um dos temas mais polêmicos da cultura, teve suas primeiras tentativas mecânicas iniciadas há mais de 100 anos, na Austrália. As primeiras máquinas foram comercializadas em 1956.

SERVIÇO

Workshop sobre Mecanização da Cultura da Cana-de-Açúcar

Participação gratuita

Data: 30 de maio de 2006

Horário: das 9h às 17

Local: Sede do IAC, avenida Barão de Itapura, 1481, Guanabara, Campinas<

04/27/2006


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