Agricultura: Resultado de pesquisa do IAC está na bolsa de ações de Paris
O projeto IAC/Linax é o único representante do Brasil nessa conferência de negócios
O resultado de pesquisa do Instituto Agronômico (IAC) estará no Palace de La Bourse — bolsa de ações de Paris — esta semana, de 8 a 10 de novembro de 2006, como exemplo de empreendimento bem sucedido no Brasil. O trabalho será apresentado durante a Conferência do TBLI (Triple Bottom Line Investing Conference) – Europe 2006, — fórum que reúne investidores do mundo todo interessados em apoiar negócios caracterizados pelas três bases: econômica, social e ambiental. Com apoio da FAPESP, a pesquisa do IAC destinada à extração de óleo linalol, usado na indústria de perfumes, resultou na implantação da pequena empresa Linax, em Votuporanga, São Paulo. O projeto IAC/Linax é o único representante do Brasil nessa conferência de negócios.
De acordo com o pesquisador do IAC responsável pelo estudo, Nilson Borlina Maia, a expectativa é encontrar no TBLI investidores interessados pelo trabalho. Maia explica que dos investimentos obtidos, uma parte é direcionada para a Linax e outra vai para a pesquisa no IAC, com vistas ao desenvolvimento de novas variedades e análises de plantas. Ele ressalta que essa pesquisa é um bom exemplo do trabalho prático que o IAC faz. “Os estudos tiveram início em 2000, em laboratório, e em 2006 já geram arrecadação de impostos para o Estado e projeção internacional”, diz.
O WRI – World Resources Institute (www.wri.org) escolheu o trabalho para representar o Brasil como exemplo de empreendimento bem sucedido no TBLI após a Linax ter sido vencedora no New Ventures – Brasil, no final de 2004. O New Ventures é um fórum de investidores e empresários organizados pela Instituição Americana em conjunto com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ABN ANRO Banco Real. O WRI está levando para o TBLI quatro empresas do mundo, dentre elas a Linax, criada para adotar a tecnologia IAC, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Maia é responsável pela pesquisa que visa produzir o linalol natural, usado em perfumes finos, de maneira ambientalmente correta, por meio do cultivo de manjericão. Do óleo essencial das folhas dessa planta, extrai-se linalol natural de excelente qualidade — já aprovado pelas indústrias consumidoras. Esse método substitui a fonte tradicional do linalol, que destrói árvores de pau-rosa na Amazônia e coloca essa espécie em risco.
Segundo o pesquisador do IAC, empresas estrangeiras que usam o linalol do pau-rosa já aprovaram a qualidade dessa substância extraída a partir do projeto IAC/Linax, abrindo novas possibilidades de negociação. Até o momento, a produção da Linax é destinada ao Canadá, que comprou a primeira remessa do produto e continua adquirindo, e a pequenas empresas brasileiras.
O pesquisador ressalta que a produção de linalol compatível com a indústria de perfumes está associada à adoção de variedade adequada e ao correto uso de métodos de cultivo da planta e extração do óleo.
Projeto já gera cerca de 10 empregos diretos
Com financiamento do programa PIPE (Programa de Inovação em Pequenas Empresas), da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a Linax foi instalada, em 2004, para adotar essa inovação tecnológica. A empresa promove e orienta o cultivo de manjericão com pequenos produtores da região de Votuporanga. Atualmente, quatro produtores participam da atividade. A expectativa é estabilizar a produção com cerca de 15 agricultores. A empresa tem capacidade para extrair até uma tonelada de linalol, por ano. Para isso, serão necessários 40 hectares de manjericão. Segundo Nilson Maia, a produção será ampliada à medida que forem feitos novos contratos com indústrias.
Nesse contexto, o projeto IAC/Linax atende ao perfil do TBLI por apresentar as características de sustentabilidade econômica, social e ambiental — o caráter social se deve ao envolvimento de pequenos produtores, o ambiental está ligado à proposta de extinção do método predatório do pau-rosa e o econômico foi comprovado pela viabilidade da atividade.
O pesquisador explica que as grandes empresas do setor têm muita dificuldade para adquirir linalol natural em quantidade necessária e, principalmente, de origem legal, já que as restrições ambientais que proíbem o corte das árvores são muitas vezes burladas. Essa situação abre novas oportunidades à atividade IAC/Linax.
Na Espanha
Na próxima semana, o pesquisador do IAC, Nilson Borlina Maia, segue para a Espanha, onde fará palestra na Universidade de Alcalá de Herares, sobre o trabalho de pesquisa em parceria com a emp
11/06/2006
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