Alcântara quer descobrir responsável por lista anônima divulgada na Internet



O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) relatou nesta quarta-feira (dia 25) as providências que tomou para descobrir o responsável pela criação de um site no portal HPG, que divulgou na terça-feira (dia 24) uma lista onde constavam os supostos votos secretos dos senadores na sessão que cassou o mandato do então senador Luiz Estevão. Indignado e considerando-se atingido por calúnia e difamação, Alcântara disse que pode até não descobrir quem fez a lista, mas garantiu que irá "até o fim".

- Não vou deixar isso pelo meio do caminho. Eu só tenho minha voz e esta tribuna - afirmou.

Alcântara solicitou ao Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado (Prodasen) que analise a possibilidade de descobrir o responsável pela confecção do site. O diretor do Prodasen, segundo o senador, já respondeu que é possível realizar o rastreamento e que tomará todas as providências necessárias. O senador disse ter feito uma consulta também ao dono do portal HPG, Caio Andrade, o qual teria afirmado ser impossível saber quem fez o site, pois o responsável tomou todas as medidas para não ser identificado.

Outra providência adotada por Alcântara foi solicitar ao Comitê Gestor da Internet no Brasil que localize o responsável pela lista apócrifa. O senador encaminhou o mesmo pedido ao ministro da Justiça, José Gregori. Ele também apresentou requerimento à Mesa do Senado para, se for possível, recuperar a lista original com a identificação dos votos dos senadores. Se essa possibilidade existir, solicitará a revelação pública desses votos.

O senador Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO) disse que Alcântara não precisa dar satisfações ao Senado, por ter credibilidade e fé pública. "Cada senador votou de acordo com a sua consciência. Não vou discutir como cada um votou, mas sim quem e como foi fraudado o sistema de votação", disse Eduardo, para quem a lista apócrifa deveria ser ignorada. O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) disse que todos estão reféns "dessa fofoca eletrônica" e repudiou declaração de um senador no jornal Correio Braziliense, de que a lista teria sido criada pelo PT. "Se depender do PT, a lista verdadeira vai surgir", garantiu.

O senador Sebastião Rocha (PDT-AP) atestou a postura digna de Alcântara em todos os assuntos tratados no Senado e apoiou as iniciativas anunciadas por ele. Rocha disse estar convicto de que é preciso abolir o voto secreto ou, pelo menos, permitir que o parlamentar opte pelo voto aberto em qualquer votação secreta. Os senadores Casildo Maldaner (PMDB-SC) e Luiz Pontes (PSDB-CE) solidarizaram-se com Alcântara e manifestaram a admiração que nutrem pelo senador cearense.

O senador Antero de Barros (PSDB-MT) disse que Alcântara é um exemplo de correção e ética e lamentou que todos os senadores estejam "submetidos a uma molecagem criada dentro do Senado". Antero solicitou ao presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Bernardo Cabral (PFL-AM), que substitua o relator do projeto de emenda à Constituição que acaba com o voto secreto, de autoria do senador Tião Viana (PT-AC). O relator é o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que, segundo Antero, não tem condições políticas para relatar o projeto. Cabral esclareceu que a distribuição de matérias para relatar é feita de forma rotineira. Ele informou que Antonio Carlos já apresentou parecer sobre o projeto, que será votado normalmente.

O senador Romeu Tuma (PFL-SP) disse que os integrantes do Conselho de Ética e da Corregedoria Geral do Senado estão agindo dentro da lei e apurando os fatos. Ele negou a existência de uma "operação abafa" e acusou a imprensa de estar ajudando a tumultuar as apurações e a evitar que se chegue à verdade com a rapidez necessária. O senador colocou-se à disposição de Alcântara para contatar autoridades policiais especializadas nesse tipo de crime virtual.

O senador Amir Lando (PMDB-RO) disse que Alcântara está enfrentando a situação inusitada de combater fantasmas. Ele entende que a violação do painel colocou todos sob suspeita e afirmou ser favorável ao voto secreto em algumas situações, "mas com sigilo perfeito". O senador Iris Rezende (PMDB-GO) manifestou sua admiração por Alcântara e disse que a lista divulgada na Internet é "resultado de uma molecagem". Para ele, a Mesa tem a obrigação de buscar a lista original e mostrar o voto dos senadores. "Temos um passado de luta, senador Lúcio Alcântara, e não será uma lista apócrifa que vai manchar nosso nome", afirmou.

25/04/2001

Agência Senado


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