Alta das taxas de juros é "equivocada", para Nabor
O senador Nabor Júnior (PMDB-AC) criticou nesta sexta-feira (20), em Plenário, no seu último pronunciamento no Senado, a elevação pelo Comitê de Política Monetária (Copom) da taxa básica de juros, de 22% para 25% ao ano. Para o senador, a política de tentar conter a alta da inflação através da elevação de juros, -é completamente equivocada-.
Nabor Júnior advertiu que a fixação das taxas de juros em 25%, pelo Banco Central, implica imediata elevação das taxas cobradas nas vendas a crédito, em valores muito acima dos sinalizados pelo governo, em torno de 200% ao ano.
No setor empresarial, advertiu Nabor, mesmo os que não necessitam tomar dinheiro no mercado para investir procuram, de imediato, repassar para os preços dos seus produtos a elevação das taxas de juros sinalizadas pelo Banco Central. Portanto, alertou o senador, a elevação dos juros, adotada como medida de combate à inflação, acaba, na verdade, contribuindo para a sua elevação.
Em apartes a Nabor Júnior, os senadores Nivaldo Kruger (PMDB-PR), Carlos Patrocínio (PTB-TO) e Fernando Ribeiro (PMDB-PA), disseram concordar com a análise do senador. Kruger afirmou que a análise feita por Nabor demonstrava coerência com todo o seu passado político. Lembrando citações das cartas de São Paulo (Novo Testamento), o senador disse que Nabor Júnior combateu sempre -o bom combate-, marcando sua trajetória política pela ética, pela competência e pela dignidade.
Para Carlos Patrocínio, o atual patamar dos juros é algo que -martiriza a população brasileira- e não há como compreender qualquer efeito salutar nessa política de juros elevados. Também elogiou o futuro presidente Lula, por colocar um médico à frente da economia (referindo-se ao futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci), a qual, nas palavras do presidente eleito, estaria -na UTI-.
Nesta mesma linha, o senador Fernando Ribeiro se disse bastante surpreso com as atitudes do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que estaria falando a -mesma linguagem- do governo atual. Disse também não entender como o PT pode esperar que um banqueiro, como Henrique Meirelles, futuro presidente do Banco Central, tenha um comportamento mais humanista. -A expectativa é de que as coisas continuem exatamente como estão-, afirmou.
Nabor Júnior destacou, ainda, no seu pronunciamento, o esforço feito pelos parlamentares, principalmente os da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), para aprovar o projeto de lei do Orçamento da União para 2003, dando ao país uma -verdadeira lição de espírito público-.
O senador aproveitou também seu último pronunciamento para agradecer aos senadores pelo convívio na Casa, e também aos funcionários do Senado pelo apoio ao seu trabalho, em especial - observou - os do seu gabinete e da Subsecretaria de Taquigrafia.
20/12/2002
Agência Senado
Artigos Relacionados
Taxas de juros do empréstimo pessoal apresentam pequena alta
LIMITE DE 12% PARA TAXAS. DE JUROS É REVOGADO
Taxas de juros para crédito continuam elevadas, diz Anefac
Taxas de juros para pessoa física têm mínimas alterações
MALDANER ALERTA AUTORIDADES PARA TAXAS DE JUROS ELEVADAS
Caixa reduz taxas de juros em até 88% para mais de 25 milhões de clientes