Alto custo da mão de obra eleva inflação de serviços, diz Ipea
Nos últimos 12 meses, encerrados em maio de 2011, os serviços acumularam alta de 8,5%, superior à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de (+) 6,6%. As maiores pressões derivam dos segmentos cujo principal fator de produção é constituído pela mão de obra (residenciais, pessoais, educação). A informação consta do boletim Conjuntura em Foco de junho, divulgado na quarta-feira (15) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O setor de serviços foi o que apresentou maior disparidade entre aumentos salariais e de produtividade, e isso parece ser uma das causas da aceleração da inflação nesse segmento no Brasil, diz a publicação. Enquanto os salários reais cresceram 10,7% na comparação dos quartos trimestres de 2010 e 2007, a produtividade elevou-se em 3,1%, segundo dados do Banco Central. Para o primeiro trimestre de 2011, os ganhos salariais reais em relação ao quarto trimestre de 2007 (12%) foram duas vezes superiores aos ganhos de produtividade (6%) no período. No caso dos serviços, este diferencial é ainda mais elevado, com salários exibindo crescimento de 12,5% ante apenas 4% da produtividade.
O processo de formalização do mercado de trabalho no Brasil nunca esteve em patamar tão elevado desde a mudança na metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2002. Mas é no setor terciário que essa formalização se faz mais presente. O crescimento de ocupações no setor terciário tende a concentrar-se nas atividades de serviços sociais e de apoio à atividade empresarial (serviços financeiros, imobiliários, de seguros etc.), cuja qualificação da mão de obra é recompensada com rendimentos acima da média do setor de serviços. Por outro lado, ocupações em serviços pessoais ou em atividades comerciais geram rendimentos baixos e precárias condições de trabalho.
A elevação da demanda por mão de obra mais qualificada no setor de serviços está diretamente ligada à deficiência da qualificação do trabalhador, responsável pelo baixo ritmo de produtividade. Daí a necessidade de atração da mão de obra por meio de um nível de remuneração mais elevado. Para que o crescimento da economia, que é o principal motor de impulsão no mercado de trabalho, ocorra sem gargalos setoriais, é necessário melhorar a qualidade da mão de obra, para que os ganhos de produtividade comportem a expansão dos salários reais sem prejuízo da estabilidade inflacionária, explica o boletim.
Fonte:
Ipea
17/06/2011 17:34
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