Alunos do Pró-Jovem precisam estar na escola para ter acesso a bolsas e cursos profissionalizantes



Para ter acesso aos cursos e bolsas dos projetos de capacitação do Pró-Jovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens), nas áreas urbanas, os candidato devem cumprir uma condição essencial: estar matriculado ou comprovar o retorno à escola regular. A informação foi prestada nesta quarta-feira (14), pelo titular da Secretaria Nacional da Juventude, Juiz Roberto de Souza Cury, ao participar de audiência na Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

Cury disse que o acesso à educação e ao mercado de trabalho são os dois problemas mais freqüentemente citados pelos jovens em pesquisas destinadas a diagnosticar suas necessidades. Ao mesmo tempo, como disse, o mercado apresenta exigências cada vez maiores de escolarização no tocante ao emprego. Observou que, no entanto, nove milhões de jovens brasileiros das cidades não possuem ensino profissional e estão fora da escola.

Segundo ele, a resposta do governo foi a reformulação dos programas para atendimento da juventude, com a criação do Pró-Jovem, em 2007, que passou a integrar programas antes dispersos em vários ministérios. O programa, que oferece bolsa de capacitação de até R$ 600 durante os cursos, tem como alvo cerca de 50 milhões de brasileiros na faixa de 18 a 29 anos, de famílias com renda abaixo de meio salário mínimo.

- O público alvo está situado em linha de extrema vulnerabilidade. Cerca de vinte por cento dos jovens nessa faixa etária nunca trabalharam e são mais suscetíveis de serem desviados da cidadania, por cooptação para o crime - avaliou.

Ao abrir a reunião, a presidente da CAS, Patrícia Saboya (PDT-CE), salientou que o colegiado não poderia ficar de fora do debate sobre os problemas que afetam a juventude. Conforme a senadora, a inserção dos jovens é essencial para transformar a realidade adversa em que vivem e, ainda, favorecer o próprio desenvolvimento do país.

- Precisamos saber quais são os nossos desafios e como poderemos abraçar de forma mais contundente e apaixonada causa de tão grande significado como essa - disse.

Fundep

O senador Paulo Paim (PT-RS) falou de sua paixão pelo ensino profissionalizante e citou projeto de sua autoria destinado à criação de um fundo para financiar a educação profissional (Fundep). Paim lamentou que a proposta esteja ainda sem aprovação, oito anos depois de apresentada. Também criticou as entidades do Sistema S que cobram taxas dos alunos matriculados em seus cursos. Depois de dizer que é um defensor desse sistema, ele revelou que se formou pelo Senai e que, em sua época, os cursos eram gratuitos e os alunos contavam com o benefício de bolsas.

Responsável pela área de educação profissionalizante do Ministério da Educação, Lizete Kagami falou dos resultados do Projeto Escola de Fábrica, agora também integrado ao Pró-Jovem. Segundo ela, o projeto foi concebido para usar o espaço produtivo também como espaço de educação. Com apoio de bolsas, os jovens inseridos nas empresas eram acompanhados passo a passo, inclusive com acompanhamento psicológico. No passado, o projeto atendeu cerca de 16,6 mil alunos, em 440 municípios.

Outra expositora foi Andréa Barbosa Alves, chefe do Departamento de Educação Profissional do Serviço de Aprendizagem Rural (Senar) - entidade que integra o Sistema S, como o Senai e o Sesc. Ela explicou que o órgão não possui escolas e atua por meio da oferta de cursos montados no campo, diretamente junto ao público-alvo. No ano passado, foram capacitadas 721 mil pessoas, em 167 ocupações, em leque que inclui formação para tratoristas, apicultores e vaqueiros, entre muitas. O Senar não cobra taxas de seus alunos e também oferta cursos de alfabetização.



14/05/2008

Agência Senado


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