Álvaro Dias propõe revisão na representação parlamentar



A insatisfação da sociedade em relação às instituições públicas decorre, na avaliação do senador Álvaro Dias, entre outras razões, das distorções na forma de representação popular no Congresso. Para sanar este problema, o senador apresentou três propostas de emenda constitucional alterando a proporcionalidade dos estados na Câmara dos Deputados, que teria sua composição diminuída, e reduzindo também o número de deputados estaduais e vereadores.

Álvaro Dias admite que o tema é polêmico, mas insiste na necessidade de uma ampla reforma no Poder Legislativo, de forma a tornar o Parlamento mais ágil e eficiente. "Vai ser uma discussão difícil, mas os parlamentares competentes não devem temer as mudanças", disse o senador, salientando que não pretende esgotar as discussões sobre o assunto.

Uma das propostas, esmiuçada pelo senador na Sessão Plenária desta terça-feira (30), leva em conta as distorções na representação popular e propõe que ela deve ser proporcional ao número de habitantes. Hoje, exemplifica o Álvaro Dias, um parlamentar do estado de São Paulo representa 500 mil habitantes, enquanto que um de Roraima, apenas 32 mil. A idéia é que cada estado tenha um mínimo de quatro deputados e no máximo 70.

O senador quer a redução do número de deputados e, pelo novo cálculo das bancadas estaduais, todos os estados passariam a ter menos deputados, à exceção de São Paulo. Na prática, a proposta, já aprovada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, reduz em 21% o número de deputados federais - dos atuais 513 para 405. A composição do Senado não está sendo alterada porque já existe uma igualdade nas representações estaduais. A reforma, se aprovada nas duas Casas do Congresso, passaria a vigorar a partir de 2006.

No caso das assembléias legislativas, o senador propõe uma redução de 37%, passando dos atuais 1059 deputados estaduais e distritais para 663; e as câmaras municipais sofreriam uma redução de 15%, indo dos atuais 59.525 para 50.390. Álvaro Dias frisou que a iniciativa proporcionaria uma economia de R$ 700 milhões por ano, mas que o ganho maior seria em credibilidade das instituições junto à população.

DEBATE
As propostas geraram intenso debate no Plenário. O presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), disse que o atual número mínimo de oito deputados por estado é o ideal. Ele considera injusto que a redução atinja os pequenos estados, o que poderia acentuar as desigualdades sociais. Para senador José Fogaça (PPS-RS), as propostas podem, em vez de solucionar a questão, acabar agravando os problemas de representação no Congresso. Ele lembrou que durante a Assembléia Nacional Constituinte a proposta do deputado Ulysses Guimarães de aumentar a bancada paulista acabou provocando a elevação do número de representantes de todos os estados.

O senador Sebastião Rocha (PDT-AP) também vê nas propostas prejuízos para os pequenos estados. Já o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) lembrou que em todas as constituições que o país teve houve alternância nos critérios de representação. Para o senador Romero Jucá (PSDB-RR), a proposta vai ampliar o fosso entre os estados ricos e os mais pobres. A senadora Marluce Pinto (PMDB-RR) recomendou a Álvaro Dias que o tema não seja tratado apenas do ponto de vista da proporcionalidade populacional, mas também levando em consideração as carências de cada estado.

30/10/2001

Agência Senado


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