Americanos já temem volta do macarthismo



Americanos já temem volta do macarthismo Entre vingar o ataque terrorista a seu país e preservar valores que considera vitais à democracia, a sociedade americana debate, dividida, o pacote que o presidente George W. Bush enviou ao Congresso aumentando os poderes policiais do governo em detrimento de garantias constitucionais do cidadão. "Temo um novo macarthismo", diz a presidente da Associação Americana de Liberdades Civis, Nadine Strossen, lembrando a perseguição a artistas e intelectuais supostamente de esquerda nos EUA, nos anos 50. "Muitas das medidas propostas agora copiam as piores da Era McCarthy", afirmou ela, anteontem ao "Jornal do Brasil". O projeto da Casa Branca remove barreiras judiciais à escuta telefônica, facilita a prisão por tempo indeterminado e a deportação de estrangeiros, e libera buscas secretas. Para Nadine, são poderes abusivos. Os "bodes expiatórios" dessa radicalização serão "os árabe-americanos, as pessoas do Oriente Médio, os islâmicos e todos os que se pareçam com eles". (pág. 1 e 12) * Osama bin Laden é o líder invisível de uma rede descentralizada, com representações em 43 países e recursos próprios, cujos componentes não precisam de ordens do chefe para agir. "Nosso papel é ser inspiradores", confirmou Bin Laden à revista "Time", em 1998. "É o terrorismo com franquia", resume Jean-François Daguzan, da Fundação de Pesquisas Estratégicas da França. David Long, do Departamento de Estado dos EUA, compara a Al Qaeda, da organização dirigida pelo milionário saudita, a "uma ameba que está constantemente mudando de forma". (pág. 1 e 18) * O estadista há de ter visão correta, dentro da qual está até o pressentimento das antecipações do futuro, e deve saber prescindir o momentâneo sufrágio popular, quando estão em causa valores universais. O governante deve estar presumivelmente preparado para isso, por sua vivência política, que lhe dá a intuição, a percepção clara e imediata que há de ter o verdadeiro estadista para tomar resoluções apropriadas, que o futuro aplaudirá. Estão faltando estadistas. Infelizmente, Bush e Tony Blair não estiveram à altura do papel que a História lhe reservou e que deles esperávamos. Mesmo os menos pessimistas temem que estejamos no princípio do fim. (pág. 1 e cad. Opinião, pág. 9) * Uma das características mais desconcertantes do presente é a relutância em se aceitar o uso do termo guerra. Uma "guerra contra o terrorismo" é a luta contra uma rede de organizações não- governamentais. Não há governo a ser dobrado, povo a ser controlado, território a ser ocupado. É uma guerra de sombras. (pág. 1 e 19) * Ressalvadas as diferenças, há pontos de semelhança entre o atentado terrorista de 11 de setembro e o seqüestro do embaixador americano no Brasil Charles Elbrick, em 1969. Em ambos os casos, atingiu-se apenas a imagem do adversário, não a força real dele. E, em ambos os casos, o que vem a seguir é chumbo grosso. (pág. 1 e 4) * A aproximação da data-limite de filiação partidária, para a eleição em 2002, acelerou a troca de legendas. Quem não se filiar até a meia-noite do próximo dia 6 perde o assento. Os partidos lutam para reforçar suas bancadas de olho na sucessão presidencial. No frenético troca-troca, o PTB, por exemplo, quadruplicou a bancada no Senado. Na sexta-feira, as estrelas do PSDB desembarcaram no sertão paraibano para a festa de filiação do senador Ronaldo Cunha Lima, vindo do PMDB. Mas os tucanos não tiveram sorte com o ministro Pedro Malan. Ele manteve os pés fincados fora da política partidária. Mas ainda há nomes à disposição. Pode ser bem-sucedido quem quiser convidar o deputado alagoano João Caldas, recordista da troca de siglas. Autor do projeto que obriga o cidadão ao ver um disco voador comunicar às autoridades. Caldas elegeu-se pelo PMN, foi para o PL e depois para o PST. Voltou ao PL e, em seguida, migrou para o PTB. O deputado retornou ao PL, onde estava filiado até a hora de fechamento da presente edição do "Jornal do Brasil". (pág. 1 e 3) * O programa nacional de racionamento levou a uma onda de calotes entre distribuidoras e geradoras de energia. Levantamento feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostra que desde junho, quando o sistema de cotas de consumo foi implantado, o número de companhias que vêm atrasando o pagamento das faturas chega a dez. A lista de caloteiras inclui até a CPFL, empresa que abastece 234 municípios do interior de São Paulo e que sozinha distribui 6,5% de toda a energia consumida no Brasil. A agência já enviou notificação a cinco empresas, que correm o risco de perder a concessão. O ministro Pedro Parente, presidente da Câmara de Gestão da Crise de Energia (GCE), encarregou o presidente do BNDES, Francisco Gros, de encontrar solução para o caso. Cálculos do banco estimam que a perda de receita das distribuidoras já chega a R$ 5,6 bilhões. As geradoras estão preocupadas, mas decidiram não interromper o fornecimento de energia. (pág. 1 e 22) * Em pouco mais de dois anos, o Senado Federal presenciou cenas pouco comuns para um plenário que parecia ser freqüentado por "imortais". Desde a CPI do Judiciário, foram duas renúncias, uma cassação e, nos próximos dias, outro provável discurso de adeus. Apesar de seus integrantes admitirem a necessidade do que chamam de "faxina", o Senado cansou. E os parlamentares começam a dar sinais de que o caso do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) encerrará a lista de investigações e processos no Conselho de Ética. Pelo menos até a próxima legislatura. Essa exaustão, que passa por governistas e oposicionistas, vai beneficiar alguns colegas encrencados com denúncias. Neste mês, por exemplo, o Conselho de Ética arquivou representações contra dois senadores. Mas existe muito mais gente enrolada. (pág. 10) * O superfaturamento na obra do Fórum Trabalhista do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP), a violação do painel eletrônico do Senado e o desvio de recursos do Banpará encerraram o mandato de quatro senadores. Mas produziram três estrelas na Casa. Ramez Tebet, Jefferson Péres e Heloísa Helena eram desconhecidos, e acabaram lucrando com as confusões alheias. A participação decisiva no Conselho de Ética melhorou o currículo dos três, que passaram ao primeiro time da Casa. (pág. 10) Editorial "O templo de Diana" A destruição das torres gêmeas de Nova York gerou conseqüências tão profundas que só aos poucos o mundo vai assimilando-as. No entanto, passada a surpresa inicial, vê-se que nem tudo é tão surpreendente assim, como diz o filósofo (e também arquiteto) francês Paulo Virilio que, já em 1993, quando o World Trade Center sofreu um primeiro atentado, com cinco mortos, por intermédio de uma caminhonete cheia de explosivos, falou da fragilidade deste tipo de arranha-céus - símbolos que não levam em conta a insensatez de um urbanismo que multiplica as torres gigantescas, aumentando assim sua fragilidade. (...) (pág. 10) Colunistas Coisas da Política - Dora Kramer Está passando da hora de se imprimir um pouco mais seriedade e senso de realidade ao debate sucessório no que tange à discussão sobre a disputa da vaga de candidato à vice-presidente. Se não, vejamos: quantos votos mesmo Marco Maciel deu a Fernando Henrique Cardoso e que grande contribuição o cargo de vice deu à carreira política de Marco Maciel? FH ainda se beneficiou da estrutura do PFL, mas Maciel sofreu forte subtração eleitoral. (...) (pág. 2) Informe JB - Ricardo Boechat Antonio Carlos Magalhães só vai fazer o anúncio formal em março, mas já está decidido: Será candidato ao Senado, não ao governo da Bahia. Sua explicação: "Quero uma tribuna para ficar falando mal do Fernando Henrique. Até lá seu alvo será ex-presidente." "Melhor", provoca ACM. "Assim ele terá mais tempo livre para ler nos jornais o que vou falar dele..." Topo da página

09/30/2001


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