Angela Portela alerta para violência no trânsito e aponta educação como forma de reduzir mortes
Em pronunciamento em Plenário nesta quarta-feira (9), a senadora Angela Portela (PT-RR) fez um alerta sobre o aumento do número de mortes no trânsito no país na última década. A senadora usou dados do estudo do Ministério da Saúde, divulgados na sexta-feira (4), que apontam um crescimento de quase 25% nos acidentes fatais entre 2002 e 2010. Para a senadora, os números revelam que, apesar das medidas adotadas nos últimos anos para tornar o trânsito menos violento, o país estaria "perdendo a guerra".
O estudo do Ministério da Saúde citado pela senadora apontou que o Brasil é responsável, sozinho, por 4% das mortes de transito do mundo inteiro. A situação seria ainda mais grave na região Norte, que registrou o maior percentual de aumento na quantidade de óbitos (53%), seguida do Nordeste (48%).
O maior problema, apontou Angela Portela, está entre os motociclistas. Em nove anos, o número de acidentes envolvendo motos praticamente triplicou, passando de 3.744 em 2002 para 10.134 no ano passado. Além disso, 25% do total de acidentes fatais registrados no país envolvem motocicletas. Em Roraima, estado da senadora, que tem a menor população e a menor frota de automóveis, a situação seria ainda mais grave. Devido à baixa renda da população, a motocicleta é o veiculo mais usado. E das 147 mortes ocorridas em 2010, quase a metade (57) foram em duas rodas.
Angela Portela disse, no entanto, que não se pode culpar apenas a imprudência e o álcool como responsáveis pelos altos índices de acidentes no país. O aumento do poder aquisitivo da população, que permitiu o surgimento de milhares de novos carros e motoristas nas ruas, a péssima condição das estradas e a falta de educação para o trânsito também ajudam a provocar todas essas mortes.
- Na raiz de tudo está a educação. Nosso povo está melhorando de vida, está tendo acesso a bens de consumo duráveis, mas não está recebendo educação à altura para fazer bom uso de todas essas facilidades. É preciso investir nas crianças, criá-las dentro de uma cultura de paz, reforçando o respeito à vida e à integridade física. Por outro lado, é preciso endurecer as leis, especialmente a Lei Seca, para que os infratores, os criminosos do volante, deixem de contar com a certeza da impunidade - afirmou a senadora.
Esse cenário de violência, avaliou, se traduz em enorme prejuízo para o país. Empresas perdem funcionários, famílias perdem entes queridos. É grande a pressão sobre o Sistema Único de Saúde, com internações, lotações das emergências, fisioterapias, uma grande despesas para o sistema. Também é grande a pressão sobre a Previdência Social, que gasta cerca de R$ 8 bilhões por ano com pagamento de benefícios a vítimas de acidentes. Isso sem contar as aposentadorias por invalidez permanente.
- Quase 41 mil vidas foram perdidas no ano passado em situações que poderiam ser evitadas. Outras incontáveis vítimas do transito permanecem nos leitos dos hospitais. O Brasil jamais será um país desenvolvido enquanto suas ruas e estradas continuarem a ser palcos de uma guerra que mata, por ano, 41 mil pessoas - alertou a senadora.
Em aparte, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) concordou que a educação é o melhor caminho para reduzir a violência no trânsito e parabenizou a colega de Roraima pelo alerta feito à sociedade.
09/11/2011
Agência Senado
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