Antero diz que há fatos novos "aos borbotões" para investigação



O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) contestou da tribuna a afirmação dos governistas de que só fatos novos que possam sair nesta terça-feira (2) do depoimento de Waldomiro Diniz, na Polícia Federal, poderiam justificar uma CPI para investigar as denúncias de corrupção do ex-assessor da Casa Civil. Para ele, trata-se de mais uma fase da tentativa de abafamento da CPI.

- Desde o recesso de carnaval, surgiram fatos novos aos borbotões. Primeiro, o governo afirmou que não precisava CPI, pois os fatos teriam ocorrido antes do governo Lula. Isso foi desmentido pelo próprio Waldomiro e a imprensa comprovou encontros dele com Carlos Cachoeira e diretores da Caixa já neste governo. Pior: pouco depois desse encontro, foi renovado um contrato da Gtech com a Caixa - disse.

Antero de Barros disse que os brasileiros foram surpreendidos nos últimos dias por revelações que questionam as atividades dos grupos técnicos da Casa Civil da Presidência da República. Um deles foi a divulgação de que Waldomiro Diniz é sócio de Maria Estela Boner Léo, uma das acionistas da TBA Informática, empresa representante da Microsoft no Brasil e que se tornou uma das maiores fornecedoras de serviços ao governo.

- O Sr. Waldomiro é sócio de Maria Estela, da TBA, empresa que tem interesse num dos grupos técnicos da Casa Civil que trata de problemas da área de informática. Pode ser que o ministro José Dirceu não soubesse disso? Pode. Mas só uma investigação comandada de fora do Planalto, por uma CPI, irá tirar isso a limpo - sustentou o senador.

Outro fato novo no caso Waldomiro, continuou Antero de Barros, é uma entrevista dada por Luiz Eduardo Soares, ex-secretário Nacional de Segurança Pública. Na entrevista, ele afirma ter alertado a ex-governadora Benedita da Silva (Rio) e outras autoridades, inclusive o então presidente nacional do PT, José Dirceu, sobre as atividades de Waldomiro Diniz junto a empresários de jogos de azar, no Rio.

- Ele disse que a Benedita chorou, mas não fez nada. Já José Dirceu disse que Luiz Eduardo Soares estava criando problemas no Rio. Quem faz uma afirmação dessas não sabia o que estava ocorrendo? - questionou o senador.

Antero de Barros criticou a decisão do governo de tentar criar uma "agenda positiva" para que o caso Waldomiro saia dos jornais, revistas e telejornais.

- Desculpem, mas investigar denúncias de corrupção é o que há de melhor em agenda positiva. Aumenta a confiança da população no governo. Aumenta a confiança dos investidores - disse.

Ele lembrou que, há um ano, o governo não queria a CPI do Banestado, sob os mesmos argumentos. Pois mesmo com CPI do Banestado o Congresso aprovou duas reformas da mais importância e a CPI vem desvendando um grande sistema de remessa de dinheiro ilegal para a exterior. Por isso, observou, não têm fundamento os argumentos do governo contra a CPI do caso Waldomiro. Antero foi apoiado em apartes pelos senadores José Jorge (PFL-PE) e Mão Santa (PMDB-PI).



01/03/2004

Agência Senado


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