Aprovadas por duas comissões, normas de sigilo de documentos oficiais podem ter tramitação acelerada



As Comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) e de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) aprovaram, nesta terça-feira (19), projeto de lei da Câmara (PLC 41/10) que trata da Lei de Acesso à Informação. A expectativa é de que a proposta seja votada pelo Plenário do Senado na próxima semana, abrindo caminho para sua sanção pela presidente da República, Dilma Rousseff, no Dia Internacional pela Liberdade de Imprensa, comemorado em 3 de maio.

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- Esse não é um projeto de "caça às bruxas", mas destinado a disponibilizar o acesso a informações públicas e permitir que a sociedade fiscalize o poder público - comentou o senador Walter Pinheiro (PT-BA), relator do PLC 41/10 na CCT.

O representante da Bahia endossou o texto aprovado pela Câmara dos Deputados, mas apresentou quatro emendas de redação para livrar alguns dispositivos de inconstitucionalidade. Caminho idêntico seguiu o senador Humberto Costa (PT-PE), relator da proposta na CDH.

Como as alterações realizadas não interferem no conteúdo do projeto, ele não precisará voltar à Câmara. Segundo o presidente da CCT, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), pode haver ainda um acordo de lideranças no Senado para que o PLC 41/10 passe a tramitar com urgência e siga para o Plenário sem passar antes pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), última comissão a examiná-lo.

- A aprovação dessa matéria conclui o processo de transição democrática do país. O acesso a essas informações vai trazer mais transparência e aumentar a conscientização dos cidadãos sobre seus direitos e deveres - avaliou Eduardo Braga.

Graus de sigilo

Durante a discussão do PLC 41/10, o senador Pedro Taques (PDT-MT) questionou dispositivo que impediria a divulgação de resposta a consultas de cidadãos sobre o acesso a informações públicas mantidas sob sigilo. Eduardo Braga também enxergou o mesmo problema, mas ponderou que, diante do acordo para não se alterar o conteúdo do projeto, essa correção poderá ocorrer por meio de veto presidencial.

Por sugestão de Pedro Taques, foi mantido o mandato de dois anos para os integrantes da Comissão Mista de Reavaliação de Informações. Esse organismo deverá ser composto por ministros e representantes dos Poderes Legislativo e Judiciário e terá a missão de enquadrar as informações públicas por grau de sigilo: ultrassecretas, secretas e reservadas. A independência que a fixação de mandato dará a essa comissão, argumentou ainda Pedro Taques, também foi reconhecida por Eduardo Braga e pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS).

As emendas incorporadas ao PLC 41/10 também tiveram a intenção, de acordo com Walter Pinheiro, de deixar claro que a prorrogação do sigilo só se dará uma única vez e definir o nível hierárquico das autoridades nas esferas federal, estadual e municipal encarregadas de classificar as informações de caráter reservado.



19/04/2011

Agência Senado


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