Arthur Virgílio acusa Lula de autoritário e vê "infantilidade" em embaixador na Alca
Depois de 15 dias afastado do Congresso por uma crise de asma, o senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, reassumiu com um discurso em que acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de autoritário, por ter mandado um repórter "encher a boca de castanha" ao invés de fazer perguntas.
- Fazendo isso, para não responder a perguntas de jornalistas, o presidente Lula está revelando seu lado autoritário - disse.
O senador criticou pesadamente o embaixador do Brasil nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), Adhemar Bahadian, que comparou a Alca a uma "odalisca de cabaré barato, que, à noite, sob aquela luzinha calma, você acha uma deusa, mas, de dia, não é a mesma coisa e às vezes não é nem mulher".
- Eu fui aluno do embaixador Bahadian no Instituto Rio Branco. Ele era e é um bonachão. Ele percebeu que os tempos agora exigem uma linguagem chula e adota a linguagem chula. Não vamos confundir êxito de política externa com essa infantilidade de dizer tolices sobre odalisca de cabaré - afirmou Arthur Virgílio. Para ele, "acabam de descobrir uma nova forma de bajulação. Agora, querem ser grosseiros, como o chefe".
O líder do PSDB comentou pesquisa do Ibope indicando que 70% dos entrevistados querem que o presidente Lula viaje menos para o exterior. A pesquisa mostrou ainda que Lula "não é visto mais como o melhor presidente da República, apesar de estar no poder e da máquina de mídia que se movimenta ao seu favor". Fernando Henrique Cardoso é apontado como o melhor presidente, seguido de Juscelino Kubitschek. Em quarto lugar é lembrado o ex-presidente José Sarney. Arthur Virgílio destacou que quem está no poder é sempre mais lembrado nas pesquisas.
Virgílio não poupou também o presidente Lula por ter se reunido com o presidente da França, Jacques Chirac, para pedir apoio à sua idéia de instituir uma taxa sobre a venda de armas, destinando os recursos ao combate à fome no mundo. O senador lembrou que a França é o quarto maior exportador de armas e que, mais "grotesco" que isso seria pedir aos Estados Unidos, à Inglaterra e à Rússia o mesmo apoio, pois eles são os maiores exportadores de armas.
Pouco antes, ao explicar sua ausência do Senado por causa da doença, Arthur Virgílio apoiou o movimento para desvendar o assassinato de fiscais do trabalho em Unaí (MG) e questionou.
- Se atentar contra a vida de fiscais significa atentar contra o Estado, por que não há o mesmo empenho do governo em desvendar a morte do ex-prefeito Celso Daniel? - disse. Mais tarde, ao discursar, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) saudou a volta de Arthur Virgílio, afirmando que pretende convocar o embaixador Adhemar Bahadian para esclarecimentos.
09/02/2004
Agência Senado
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