ARTUR DA TÁVOLA CONSIDERA VISITA DO PAPA A CUBA UM SÍMBOLO DE TRANSFORMAÇÃO



O senador Artur da Távola (PSDB-RJ) afirmou hoje (dia 23), em discurso, que a visita do papa João Paulo II a Cuba é um dos momentos decisivos do século XX, e "símbolo de uma transformação que se opera no mundo desde o fim da guerra fria".

- Considero oque cerca o encontro do Papa com Fidel Castrosimbólico de um novo tempo. Primeiro, um regime fechado que sempre hostilizou a presença da Igreja, porque há uma pregação de conteúdo contrário, abrir-se para ela. Segundo, a presença da Igreja, que embora fechada igualmente e hierárquica em seu plano interno, é aberta, é promotora da idéia da democracia e dos ideais da pluralidade como parte do ser humano - disse.

Para Artur da Távola, quem conhece a política sabe que "lavra por baixo das pregações externas, muitas vezes,a tentativa do encontro de pontos comuns.

- E sei que entre Fidel Castro e a Igreja Católica está se dando, neste momento, uma forma de integração, e essa forma de integração pode, do ponto de vista interno de Cuba, ventilar uma sociedade fechada com a presença da reflexão da espiritualidade, que, no mundo materialista, tanto no socialismo como no capitalismo, é uma das necessidades contemporâneas - frisou.

Ele salientou que essa integração "também pode ajudar para que Cuba deixe de ser um país estrangulado, e, ao mesmo tempo, possa se abrir, não para a derrubada de conquistas importantes de sua revolução, mas para a organização de um sistema político que não tenha mais que se basear exclusivamente na centralização de poder, sem substituição no poder e sem vida e possibilidade de pulsação mais profunda de uma sociedade tão rica, tão bonita, tão repleta de cultura, tão cheia de generosidade como a sociedade cubana, que, por sinal, tem na sua formação a mesma natureza da sociedade brasileira e a presença formidável da raça negra".

Artur da Távola fez uma breve análise sobre a Guerra Fria, a Igreja Católica e Cuba, referiu-se à derrocada do socialismo estatal e aos países que resistem - Cuba e China -, disse que o socialismo não está morrendo, mas marcha para uma transformação, e lembrou que os países capitalistas também passam por crises, não tendo resolvido o problema social.

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) considerou "notável" o encontro entre João Paulo II e Fidel Castro, e disse partilhar dos objetivos a serem atingidos pela humanidade enunciados por Artur da Távola - justiça com liberdade e democracia.



23/01/1998

Agência Senado


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