Assassinatos em conflitos no campo cresceram 30% em 2010, diz Pastoral da Terra
Relatório divulgado nesta terça-feira (19) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) revela que foram registrados 34 assassinatos em conflitos no campo no Brasil em 2010. O número é 30% maior do que o registrado em 2009, quando 26 pessoas foram mortas. Segundo os dados da CPT, 30 assassinatos ocorreram em conflitos pela terra, dois em disputas pela água e dois estão ligados a questões trabalhistas.
O relatório “Conflitos no Campo Brasil 2010” mostra que o maior número de mortes ocorreu na região Norte (21). Em seguida aprecem Nordeste, com 12, e Sudeste, com um. O Pará é o estado com maior registro de assassinatos, 18, número 100% maior do que em 2009.
Segundo a CPT, no total, foram registrados 1.186 conflitos no campo no ano passado, dois a mais do que em 2009. A entidade, que é ligada à Igreja Católica, atribui esse crescimento ao número de conflitos no Nordeste, que passou de 320, em 2009, para 440, em 2010, representando aumento de 37,5%. Nas demais regiões, houve queda na ocorrência de conflitos.
Ocupações caíram
Ainda de acordo com o relatório, o número de conflitos pela terra permaneceu “praticamente estável” em 2010 (854 em 2009 e 853 no ano passado), enquanto as ocupações e acampamentos diminuíram 38% (de 290 para 180) de um ano para outro. O número de novos acampamentos também permaneceu estável: 36 em 2009 e 35 em 2010.
Segundo o relatório, os problemas de expulsão e ameaças de expulsão de trabalhadores, pistolagem, despejo e ameaças de despejo tiveram “incremento significativo” de 21%, passando de 528, em 2009, para 638 em 2010. O maior número de conflitos por terra ocorreu no Nordeste (279 ou 43,7%), seguindo-se as regiões Norte (234 ou 36,7%), Sudeste (61 ou 9,6%, Centro-Oeste (37 ou 5,8%) e Sul (27 ou 4,2%).
Sob o critério de regiões geoeconômicas, a Amazônia Legal concentra 65% dos conflitos, sendo 46,2% nos estados do Maranhão, Pará e Tocantins.
Conforme o relatório da CPT, em 2010, o número de famílias despejadas (9.640) foi menor que o de 2009 (12.388). Também caiu o número de famílias expulsas de terras que ocupavam, de 1.884 para 1.216. Mas as ameaças de expulsão aumentaram de 10.423 para 18.625, de um ano para outro, assim como a ação de pistoleiros, de 9.031 para 10.274, crescimento de 13,8%.
A Comissão Pastoral da Terra concluiu que “não é por causa da ação dos sem-terra que a violência no campo persiste, como muitos querem, taxando de violentas as ações dos trabalhadores, negando-se a ver a violência sobre a qual se alicerçou todo o processo de ocupação territorial, desde os tempos da Colônia até os dias de hoje”.
Fonte:
Agência Brasil
19/04/2011 19:15
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