Autoridades garantem que foi normalizado fornecimento de material radioativo para realização de exames de câncer no país



Autoridades ligadas à área da saúde tranquilizaram os senadores nesta quarta-feira (19), ao garantirem que já está normalizado o fornecimento, para o Brasil, do molibdênio, elemento químico e radioativo necessário para a produção do tecnécio, utilizado para diagnosticar e acompanhar várias doenças, entre elas o cancêr. Os especialistas participaram de uma audiência pública realizada pela Subcomissão Permanente de Promoção, Acompanhamento e Defesa da Saúde, que funciona no âmbito da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), com o objetivo de debater a suspensão, neste mês, de parte do fornecimento do material importado da empresa canadense MDS Nordion.

Segundo matérias publicadas pela imprensa, clínicas e hospitais brasileiros tiveram que reduzir pela metade o número de cintilografias - exame que permite o diagnóstico do câncer, problemas renais e cardíacos - devido à falta do tecnécio. A Nordion alegou que teve que colocar seu equipamento em manutenção para atender a uma determinação de órgãos sanitários do Canadá.

O superintendente do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Cláudio Rodrigues, explicou que o problema foi causado pela falta de produção do molibdênio, um elemento químico usado nos geradores de tecnécio. Segundo ele, o Ipen recebe, em média, uma quantidade necessária de molibdênio para a produção semanal de 300 geradores de tecnécio, mas, na primeira semana de dezembro, recebeu, a princípio, apenas uma porção suficiente para fabricar 44 geradores. Essa quantidade, segundo Cláudio Rodrigues, foi, aos poucos, aumentando ao longo do mês, até normalizar totalmente o fornecimento nesta terceira semana.

- Vamos chegar ao fim de dezembro entregando normalmente os geradores de tecnécio para todas as clínicas e hospitais do país - afirmou Cláudio Rodrigues.

Segundo o superintendente do Ipen, há apenas quatro empresas que produzem o molibdênio em todo o mundo. Por essa razão, a crise na Nordion afetou não só o Brasil, mas vários outros países.

O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Odair Dias Gonçalves, não acredita que essa crise internacional no fornecimento do molibdênio aconteça novamente . Ele afirmou ainda que uma solução futura para o Brasil, caso ocorram novamente problemas similares, seria a compra de um reator do molibdênio para suprir as necessidades internas, mas, atualmente, segundo ele, a produção desse elemento químico no país é inviável.

- A gente vai ter condição de crescer muito nessa área a partir da construção de Angra 3, que colocará o Brasil definitivamente na linha de produção nuclear - explicou Odair Gonçalves.

Já o diretor-clínico do Instituto do Coração do Distrito Federal (Incor/DF), Adriano Caxeta, discorreu sobre a importância dos exames realizados por meio do reator de tecnécio. Segundo explicou, são realizadas, no país, mensalmente, cerca de 200 mil cintilografias.

- Essa é uma ferramenta extremamente importante para a saúde da população. A cintilografia é um exame realizado não só uma única vez pelo paciente, mas várias, para o necessário acompanhamento da doença - esclareceu Adriano Caxeta.

A gerente de Tecnologia de Organização em Serviços da Saúde da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), Maria Ângela de Avelar Nogueira, afirmou que, em breve, o Brasil terá uma normatização específica, voltada para a área de Medicina Nuclear. Segundo ela, já há, na Anvisa, um cadastro de 426 serviços de medicina nuclear registrados no país e, tão logo seja publicada a resolução que regulamentará o setor, a agência vai desenvolver um trabalho de vigilância sanitária voltado para a área.

- Vamos fazer um trabalho de vigilância para saber como está funcionando o setor e também nortear o ministério (da Saúde) na avaliação adequada da rede nacional - explicou ela.

19/12/2007

Agência Senado


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