Bairro Vila Madalena na zona oeste da capital ganha novo pólo do Projeto Guri
Moradores, intelectuais e políticos participaram do evento, cuja principal novidade foi a oficina de construção de instrumentos musicais
A Vila Madalena, famoso bairro da zona oeste pela vocação artística, ganhou novo ponto de referência cultural: o Pólo Projeto Guri-Comunidade Harmonia. O lançamento ocorreu no domingo passado, na Praça Aprendiz das Letras, em meio a muita música interpretada por Mônica Salmaso e o acordeonista Toninho Ferragutti. Centenas de pessoas, moradores, intelectuais e universitários prestigiaram o evento promovido pela Associação Amigos do Projeto Guri, que trouxe como principal novidade a oficina de instrumentos musicais, atividade também chamada de luthieria, em funcionamento desde o dia 20.
A idéia, segundo os organizadores, é aliar os conceitos criados pelo Projeto Guri – inclusão social, por meio do ensino coletivo da música – com o projeto sociocultural da Associação Cidade Escola Aprendiz, que mira desenvolver práticas educativas utilizando as artes e a comunicação como instrumentos de investigação do espaço urbano e de interação com o público.
Educação pela música – Apaixonado pelo Projeto Guri desde a sua criação, o jornalista Audálio Dantas aplaudiu, entusiasmado, a chegada do Pólo ao bairro onde vive. “A educação pela música é o melhor caminho, talvez o único para o jovem aprender e crescer com qualidade. Essa movimentação toda de jovens para lá e para cá, com instrumentos nas mãos, preocupados em executar música popular brasileira, me encanta e me comove”.
A Praça Aprendiz das Letras abrigou, por mais de cinco horas, integrantes de diversos Pólos do Projeto Guri, que ali se achavam para saudar o novo espaço. A primeira apresentação, com Mônica Salmaso e Toninho Ferragutti, teve coral e orquestra (violão, cavaco e percussão) do Projeto Guri, formado por 135 mulheres, com repertório de Chico Buarque, Tom Jobim, Tom Zé, João Pernambuco e folclore afro-brasileiro. Na seqüência, o grupo de sopros e percussão do Pólo Júlio Prestes, coral e orquestra também do Júlio Prestes. Vieram outros: Camerata de Flautas do Pólo Amácio Mazzaropi e grupo de Percussão do Pólo Turma da Touca. Foram 50 minutos de música, com repertório que alternou canções de Ary Barroso, Nando Cordel, Mozart, Pixinguinha, Luiz Gonzaga, Gilberto Gil e fantasias de valsas brasileiras.
Gente feliz – Na platéia, Erik Oliveira Santos, 27 anos, analista de marketing, contou que se deslocou da Avenida Paulista só para conhecer de perto o talento de Mônica Salmaso. “Saio daqui feliz, porque não só conheci a Mônica como descobri o Projeto Guri, que me surpreendeu pela organização e estrutura. A Vila Madalena, agora, está completa”.
Essa é, também, a opinião de Angel Aloma, 16 anos, estudante do 2o ano do ensino médio e integrante do Pólo Júlio Prestes. “É bacana ver a expansão do projeto, principalmente com esse diferencial da oficina”. Angel toca violão e sonha, um dia, ela mesma, construir seu próprio instrumento. Dalila Alencar, 15 anos, aluna de 1o ano do ensino médio, conta que faz parte do Pólo de Osasco desde os 10 anos de idade. “Acho que o Pólo da Vila Madalena vai fazer muita gente feliz. É um jeito de ocupar as crianças, ainda mais porque vão aprender a construir instrumentos”. Dalila e suas colegas Jéssica, Melissa e Lhaís dizem que oportunidades assim devem ser aproveitadas com dedicação, porque os frutos vêm logo. “Muitos colegas têm progredido. O Pedro, por exemplo, saiu do projeto e foi trabalhar numa orquestra. Não é bárbaro?”, pergunta orgulhosa.Vagas abertas – O pólo recém-inaugurado recebe o apoio da Associação Cidade Escola Aprendiz e engloba-se no Projeto Bairro-Escola Vila Madalena. Com isso, os jovens participantes terão acesso à rede que abrange escolas públicas e particulares, posto de saúde, hospitais, ateliês de arte, comerciantes, abrigos, artistas, cinema, teatros, ONGs e outros agentes.
O novo Pólo dispõe, gratuitamente, de 234 vagas nos cursos de flauta transversal, clarinete, saxofone, trompete, trombone, bombardino, bateria, percussão, guitarra, contrabaixo elétrico, violão, violino, viola erudita, violoncelo e contrabaixo. Além disso, oferece mais de 30 vagas nas oficinas de luthieria – arte da construção e manutenção de instrumentos musicais – de violino e guitarra. Luigi Bertelli, mestre dessa arte, é o comandante do curso de fabricação de violinos. Com experiência de 25 anos no ramo, vividos em grande parte na Itália e no Conservatório de Tatuí, diz que o curso terá vários professores, entre eles, Anélio Amilcar Perroni e Isaías Batista de Oliveira. Bertelli aposta no sucesso da iniciativa. “Uma oficina de luthieria na Vila Madalena, com certeza, será atração absoluta. Primeiro, porque construir instrumentos é pura arte, além de profissão e segundo, porque a importação do violino é muito cara. Depois, com o crescimento da arte musical no Brasil, aumentou a procura”.
Maria das Graças Leocádio
Da Agência Imprensa Oficial
SERVIÇO
Projeto Guri promove a inclusão sociocultural de crianças e adolescentes de 8 a 18 anos desde 1995. Presta 51 mil atendimentos e está presente em 382 pólos: 334 no Estado de São Paulo, um em Maringá (Paraná) e 47 no Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação Casa). Entidade tem diversos parceiros, mas o principal mantenedor é o governo do Estado de São Paulo.
(R.A.)
08/25/2007
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