Bairro da Capital ganha colorido com projeto de Ruy Ohtake
A apresentação à comunidade foi feita pelo secretário Lair Krähenbüh e o arquiteto
O bairro União de Vila Nova, que se formou na várzea do Rio Tietê, entre a Rodovia Ayrton Senna e uma linha de trens da CPTM, na zona leste da Capital, tinha uma paisagem sem harmonia nas cores quando as águas do rio baixavam deixando lama e lixo nas ruas e vielas. Hoje, a população não sofre mais com as grandes enchentes. Com ruas pavimentadas e obras de infra-estrutura concluídas, a primeira etapa de urbanização do "Projeto Pantanal", desenvolvido pelo Governo do Estado, está em fase final e será coroada com um colorido orquestrado por Ruy Ohtake, projetista do Parque Ecológico do Tietê e de outro que será implantado na Vila Nair, ambos na região.
Nesta quinta, 3, o secretário estadual da Habitação e presidente da CDHU, Lair Krähenbüh e Ruy Ohtake apresentarão à população a proposta cromática desenvolvida pelo arquiteto para a pintura de 300 casas. O evento será na Rua Papiro do Egito, em União de Vila Nova, às 10 horas. O trabalho, desenvolvido nos mesmos moldes da Favela Heliópolis, será concluído entre seis e oito meses e envolve a participação direta dos moradores em todos os estágios. Eles elegeram as ruas, as casas, as cores e os pintores (moradores locais), que terão capacitação profissional. "É uma proposta ambiciosa. A comunidade participa do projeto e se encanta pelas cores. Vemos uma comunidade se emocionando pela cor. Isso é algo maravilhoso", explica Ruy Ohtake.
A proposta foi encomendada pela CDHU, autora e executora do Projeto Pantanal, e coordenadora de toda a articulação social do programa de urbanização. As tintas foram doadas por um fabricante, que treinará os trabalhadores e acompanhará o desenvolvimento da obra. Durante duas reuniões com a comunidade, Ohtake compartilhou a experiência desenvolvida em Heliópolis, expôs o projeto e envolveu a comunidade na participação do trabalho. Ao final do segundo encontro as ruas Catléias, Papiro do Egito, Adão Manoel, do Parque, 1º de março e Denner estavam eleitas para ganhar o novo colorido.
Um dos critérios da escolha feita pelos moradores foi geográfico, ou seja, a localização das ruas que dão vista para o novo viaduto que liga a Avenida Jacu-Pêssego à Rodovia dos Trabalhadores. Para a comunidade, o colorido da paisagem retrata o esforço na construção de uma identidade cultural. "Essa atenção que o secretário está dando à comunidade é fundamental. São os primeiros passos para a formação da cidadania, para fazer esses núcleos verdadeiros bairros integrados à cidade", defende Ruy Ohtake.
Inclusão sócio-cultural? Uma das características marcantes dos moradores de União de Vila Nova é o esforço para reverter a situação imposta pela condição geográfica, urbana e ambiental do bairro. O principal acesso ao bairro para os pedestres é um túnel, sob a linha de trens da CPTM. A passagem, que simbolizava a exclusão social, recentemente foi convertida em um portal grafitado, graças a um projeto desenvolvido pela CDHU em parceria com a ONG Casa do Zezinho. Um muro que separa a linha férrea da Rua Papiro do Egito também foi a tela onde os jovens da comunidade desenharam a história do bairro e a luta pelo resgate da cidadania.
Além dessas manifestações artísticas, o projeto "Amigos da Praça" deu cores às fachadas das casas que circundam a praça central, que ganhou paisagismo com piso, árvores e bancos com mosaicos desenvolvidos em oficina de artes. Agora, sobre as pranchetas de Ohtake, a comunidade de União de Vila Nova escreve, ou melhor pinta, mais um capítulo de sua história.
Da CDHU
09/03/2008
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