Balanço de riscos para inflação mostra sinais mais favoráveis, diz diretor do BC



O balanço de riscos para a inflação mostra sinais mais favoráveis, avaliou nesta quarta-feira (29) o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo. Segundo ele, essa melhora ocorre apesar de as projeções para a inflação terem subido. A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou 0,2 ponto percentual, para 5,8%, de acordo com o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quarta. A projeção para 2012 passou de 4,6%, no relatório anterior (divulgado em março), para 4,8%. 

“Quando o balanço de risco está favorável, existe probabilidade maior de as projeções de inflação melhorarem do que piorarem”, explicou o diretor. 

Segundo Carlos Hamilton, a perspectiva mais favorável para a inflação é possível devido aos aumentos na taxa básica de juros, a Selic, à redução dos gastos públicos, à moderação nas concessões de crédito e do preço das commodities (produtos básicos, com cotação internacional) e à expectativa menor de crescimento da economia global. 

No cenário interno, o diretor destacou ainda que o mercado de trabalho no Brasil está aquecido. “As taxas de desemprego se encontram em patamares baixos e os ganhos salariais são elevados”. 

No relatório, o BC avalia como “um risco muito importante para a dinâmica dos preços ao consumidor” a perspectiva de aumento dos salários dos trabalhadores. Para o Banco Central, em ambiente de demanda por produtos e serviços aquecida, aumentos de salários tendem a ser repassados aos preços ao consumidor. 

O diretor também avaliou que a indexação de preços torna a queda da inflação “mais resistente”. Segundo ele, a indexação no Brasil é “cultural”, como no caso dos contratos de aluguel ajustados por índices de inflação. Entretanto, o diretor disse que o governo não tem como interferir em contratos privados e destacou que a melhor medida para resolver o problema é reduzir a inflação no País. 

Sobre o cenário internacional, o diretor destacou que “há incertezas quando ao ritmo de recuperação da economia global”. “No cenário internacional, a única certeza é a de que há muita incerteza”, disse o diretor. 

Ele destacou ainda que “os mercados financeiros têm se mostrado voláteis”. “A aversão a risco tem crescido. Isso repercute nos preços no Brasil. Hoje houve a aprovação pelo Parlamento grego do pacote proposto pelo governo. Sem dúvida, a aprovação do pacote foi um desenvolvimento positivo, mas existem outros problemas que vão emergir ao longo dos próximos meses”. 

Hoje, o Parlamento da Grécia aprovou o pacote de medidas de austeridade propostas pelo governo, como contrapartida exigida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia (UE) para liberar a última parcela de um empréstimo de 110 bilhões de euros ao país. 

Essa parcela é de 12 bilhões de euros (R$ 27 bilhões). A Grécia vive uma grave crise pública. Segundo informações da BBC Brasil, as medidas de austeridade, mesmo aprovadas, podem voltar a ser contestadas na quinta-feira (30), quando os parlamentares discutirão outra lei que detalha como o pacote será implementado. 

Sobre os preços das commodities [produtos básicos com cotação internacional], o diretor disse que ainda persistem incertezas, embora haja sinais de moderação nos preços. “Há preocupação com a crise no Oriente Médio, ainda não foi resolvida.” 

 

Fonte:
Agência Brasil



29/06/2011 16:41


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