Banco de Leite do HC participa da 1ª missão internacional em Honduras



A missão prevê a instalação e aperfeiçoamento de bancos em países da América Central

O Banco de Leite Humano (BLH) do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, foi indicado para membro integrante de uma missão internacional delegada pelo Ministério da Saúde do Brasil para "a implantação e implementação de bancos de leite humano na América Latina". A missão em Honduras, na América Central, tem realização prevista em outubro. É a primeira vez que a coordenadora do BHL, Anália Ribeiro Heck, participa como integrante de um corpo técnico para uma missão internacional. O BLH do HC de Ribeirão é centro de referência, responsável pela assessoria técnica e científica de outros 27 bancos de leite humano do interior de São Paulo.

A coordenadora do BLH, Anália Ribeiro Heck

Anália Ribeiro Heck informou que a missão é resultado de um projeto desenvolvido pelo Ministério da Saúde, através da Fundação Oswaldo Cruz e da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, com o apoio e participação do Ministério das Relações Exteriores. Nesta missão, o corpo técnico constituído por representantes desta rede brasileira, estará ministrando cursos e transferindo conhecimentos tecnológicos.

"Nós iremos inicialmente até Tegucigalpa (capital de Honduras) onde vamos ministrar um curso de 40 horas sobre todo referencial teórico para montagem e funcionamento dos bancos de leite e na semana seguinte nós vamos estar fazendo a parte prática com os profissionais lá em Tegucigalpa e em outras cidades do País". Segundo Anália Heck, uma equipe técnica brasileira fez uma visita preliminar a Honduras, onde está em processo de implantação o primeiro Banco de Leite Humano do modelo brasileiro.

"Nós vamos auxiliar desde a escolha do local, ajudar na planta física e no fluxograma operacional e passar a tecnologia de funcionamento dos bancos de leite do Brasil". Ela disse que a rede brasileira é considerada"a maior e a melhor rede de banco de leite humano do mundo", reconhecida internacionalmente pela OMS (Organização Mundial da Saúde). "Em 2001 a rede brasileira recebeu o prêmio Sasakawa pelo melhor trabalho científico de aplicação prática para redução da morbimortalidade infantil no mundo". A premiação foi outorgada na 54ª Assembléia Mundial da Saúde.

Encontro com doadoras, em 1º de outubro de 2007

Depois de Honduras, a missão da equipe técnica brasileira prevê a instalação e aperfeiçoamento de bancos de leite humano em Cuba, Argentina, Venezuela, Colômbia, Uruguai, Costa Rica, entre outros. "Todos assinaram protocolo de cooperação técnica". De acordo com Anália Heck, o Brasil vai transferir conhecimento inclusive para os locais onde existem bancos de leite. "Têm alguns que já possuem bancos de leite, mas que não funcionam nos moldes brasileiros que são considerados os de melhores resultados. É uma honra fazer parte desta Rede e mostrar fora do País o que fazemos em benefício da mulher e da criança, para atendermos ao pacto mundial pela redução da mortalidade materna e infantil".

Tecnologia Nacional

Na tecnologia proposta pelo Brasil, o leite materno é tratado como alimento prioritário. Segundo a coordenadora do BLH "toda parte de processamento do produto é baseada na tecnologia de alimentos enquanto que alguns bancos trabalham como uma excreção biológica". Ela disse que o tratamento desenvolvido no Brasil, incluiu também metodologias estrangeiras, "que foram aplicadas com bom resultado e adaptadas a nossa realidade".

Os bons resultados alcançados pela rede brasileira de bancos de leite humano também geraram economia de divisas para o País. Anália Heck observou que foram economizados "centenas de milhões de dólares" com a redução da compra de produtos artificiais. "Quando você tem um leite ideal para o bebê prematuro, que não estes formulados, o País não precisa importar tanto leite". Ela ressaltou o trabalho dos bancos de leite no incentivo ao aleitamento materno "que também reduz risco de doenças" desde a primeira fase da vida.

Neste termo de cooperação técnica está prevista a inclusão européia, com a participação da Espanha e Portugal e além deles, cinco países da África de língua portuguesa. De acordo com Anália Heck está sendo formada uma rede ibero-americana de bancos de leite humano. "O pessoal da rede nacional já esteve na Espanha e em alguns países da África para poder iniciar a aplicação deste protocolo de cooperação".

Doadoras do BLH em 1º de outubro de 2007

Ela achou importante destacar a participação do BLH do HC de Ribeirão "no corpo técnico que vai difundir esta tecnologia para outros países". Disse que esta visibilidade é resultado do trabalho desenvolvido pela equipe em prol do aleitamento materno e da doação do leite. "Como centro de referência nós somos responsáveis inclusive pelo treinamento de equipes para montagem de banco de leite, nós estamos atualmente com mais três bancos para serem montados no interior do Estado". Estes três bancos serão nas cidades de São José do Rio Preto, Bebedouro e Jaboticabal e mais um em Lins, onde há um BLH em processo de reformulação.

Com exceção da região metropolitana da capital paulista, o BLH de Ribeirão é centro de referência para municípios de vários DRS (Departamentos Regionais de Saúde), incluindo lugares como São José dos Campos, Taubaté, Votuporanga, Marília e Litoral Norte e Sul. Reconhecido pela "proficiência em qualidade", mensurada em 100% pela empresa ControlLab (Controle de Qualidade para Laboratórios), o BLH tem em Ribeirão Preto uma média anual de 510 doadoras que contribuem com um estoque mensal que varia de 160 a 180 litros de leite humano. Este estoque atende os bebês prematuros internados no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

Do HC de Ribeirão Preto

(M.C.)



09/22/2008


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