Banco do Brasil só financiará soja que estiver fora do bioma amazônico



Maior banco estatal brasileiro e principal financiador do agronegócio no País, o Banco do Brasil anunciou a adesão à Moratória da Soja, um pacto feito há quatro anos para evitar a produção e comercialização do grão em áreas de desmatamento no bioma amazônico. Com a adesão do banco, os produtores que buscarem crédito terão de comprovar a origem da soja.  

A moratória proposta por organizações não-governamentais ambientalistas e pactuada em 2006 com o governo e o setor produtivo envolve as duas principais associações de processadores e exportadores de soja no País: a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) e Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC). Juntas, elas respondem por 92% do mercado nacional, que significa um comércio de cerca 70 milhões de toneladas por ano do produto.  

Além de fechar o financiamento para produção de soja em áreas desmatadas, o Banco do Brasil ainda exigirá a regularização ambiental das propriedades para a concessão de financiamento e abertura de linhas de crédito para recuperação de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente. De acordo com Álvaro Schwerz Tosetto, gerente executivo de agronegócio do Banco do Brasil, a instituição levará em conta os quesitos exigidos na moratória da soja na análise para liberação de crédito. “A verificação em campo e a credibilidade dos dados no âmbito da moratória nos garantem que o banco tomará decisões com base em critérios técnicos confiáveis”, assegura Tosetto.  

“Sem dinheiro no bolso, o fazendeiro perde o principal incentivo para fazer plantios em áreas recém-devastadas”, diz Paulo Adário, um dos coordenadores da ONG Greenpeace Brasil. Segundo ele, a moratória busca conciliar a preservação do meio ambiente com o desenvolvimento econômico da região, através da utilização responsável e sustentável dos recursos naturais brasileiros. 

 

Bom negócio 

O setor trabalha em conjunto com entidades representantes da sociedade civil (principalmente ONGs ambientais e sociais) para desenvolver e implementar uma estrutura de governança com regras de como operar no Bioma Amazônia e cobrar do governo brasileiro a definição, aplicação e cumprimento de políticas públicas sobre o uso da terra nesta região.  

A moratória da soja prevê o monitoramento regular nas áreas de produção. Segundo a ABIOVE, a checagem de campo feita em 2010 revelou que apenas 7% da soja produzida no Brasil era proveniente da Amazônia. A maior parte das lavouras, diz a organização, encontra-se em regiões fora do bioma amazônico. Para o representante da ABIOVE, Carlo Lovatelli, não houve aumento no preço da soja com a moratória, mas o setor atende ao exigente mercado internacional, principalmente o europeu. 

 

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01/12/2010 20:46


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