BB E CEF NÃO TÊM CHANCES DE RECUPERAR DINHEIRO DA ENCOL



A massa falida da Encol possui um patrimônio de aproximadamente R$ 200 milhões e o dinheiro mal dará para pagar os débitos trabalhistas. Com isso, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, além de 13 outros bancos, não têm a menor chance de receber os empréstimos que fizeram à construtora, afirmou nesta segunda-feira (dia 28), em depoimento à CPI do Sistema Financeiro, o síndico da massa falida, Roldão Izael Cassimiro.O BB, que emprestou cerca de R$ 106 milhões, habilitou-se junto à massa falida para receber mais de R$ 300 milhões, contando juros e correção monetária. Já a CEF, que emprestou R$ 16,9 milhões, habilitou-se a receber mais de R$ 500 milhões. Roldão informou ainda que será feita uma perícia contábil em todos os empréstimos concedidos à Encol, para verificar se o sistema bancário não cobrou juros e multas acima do normal.O síndico disse ainda que, dos 42 mil mutuários iniciais da Encol, 21 mil conseguiram registrar suas escrituras e, com isso, têm direito a uma fração dos prédios em construção e podem terminar as obras, com novos financiamentos. Outros 16 mil não tiveram a chance, mas podem criar associações, que seriam donas de 159 terrenos ou "esqueletos" de prédios, e assim sair da massa falida e partir para a construção. O restante não tem sequer tal oportunidade.A CPI ouviu ainda nesta segunda (dia 28) Carlos Alberto de Araújo, membro do Conselho Fiscal do BB, e João Batista Camargo, ex-diretor de Recursos Humanos do Banco. Carlos Alberto criticou a diretoria do BB que, com base no resultado de uma sindicância, puniu 20 funcionários, mas nada fez contra os diretores que acompanharam o caso Encol. Ele acusou a diretoria do BB de "inação, pois só tinha dois caminhos a tomar, quando ficou clara a situação da Encol: ou pedir a falência ou ajudar". No final, não pediu falência e nem encontrou solução, acrescentou.O senador Carlos Bezerra (PMDB-MT) afirmou que, na verdade, "está claro que os funcionários subalternos do Banco do Brasil foram apanhados como boi de piranha no episódio. A diretoria aplicou as punições para justificar as bobagens que o Banco fez ao tratar da Encol".Já o ex-diretor João Batista Camargo admitiu que o Banco do Brasil só soube de problemas da Encol, apesar de várias auditorias anuais, depois que o Banco Central fez uma fiscalização no DF e constatou problemas na agência do BB que cuidava das contas da Encol. O presidente em exercício da CPI, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), propôs que a comissão ouvisse, apesar de não convocado, o presidente da Associação Nacional dos Clientes da Encol, Charles Belchieur, presente a todas as reuniões que trataram da situação da construtora. Belchieur pediu que os bancos liberem as garantias dos terrenos e "esqueletos" que a Encol deu ao tomar empréstimos. Essas garantias vêm impedindo que os mutuários construam ou terminem de construir seus apartamentos ou prédios. Para ele, os bancos nada perderão, pois não têm mesmo chance de receber alguma coisa da massa falida. Em entrevista, Arruda afirmou que a CPI discutirá uma forma para viabilizar a liberação das garantias.

28/06/1999

Agência Senado


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