BENEDITA: 21 DE ABRIL É OPORTUNIDADE DE REVER HISTÓRIA NACIONAL



O 21 de abril engloba, segundo disse hoje (dia 11) a senadora Benedita da Silva (PT-RJ), quatro marcos históricos da identidade coletiva nacional que, à luz de uma interpretação não-maniqueísta, podem ser reunidos sob a metáfora da descoberta. Trata-se, explicou, do 22 de abril do descobrimento do Brasil, e do 21 de abril de Tiradentes, da fundação de Brasília e do Dia dos Metalúrgicos.

A senadora recorreu à pintura de Vítor Meireles, sobre a primeira missa em solo brasileiro, para destacar que "sua plasticidade nos remete necessariamente a uma idéia de batismo coletivo, de instalação original de nosso sagrado pacto social". Por outro lado, observou, também perdura no imaginário coletivo a idéia de um descobrimento resultante da conquista como ato de guerra e como projeto de redenção religiosa, em que "prevaleceria a concepção de uma terra maldita, fadada desde seu início ao fracasso, ao vício, à fatalidade do caos".

Essa origem ambivalente teve eco na Inconfidência Mineira de 1792, acrescentou, quando Tiradentes e os inconfidentes recusaram a tirania e o autoritarismo em prol da justiça social e de uma nova ordem na distribuição da riqueza nacional. Como nos outros processos de libertação em curso no final do século 18, a insurreição inconfidente não abrangeu a comunidade negra e escrava, relegada a uma categoria secundária no rol de suas reivindicações, afirmou.

Os outros dois significados do 21 de abril, segundo a senadora, enquadram-se mais linearmente no grupo das grandes descobertas da história brasileira. Projetada para desempenhar papel centralizador, Brasília, na opinião de Benedita da Silva, "sem abandonar seu ideal originário que propunha romper com as disparidades econômicas e as estratificações sociais do Brasil, funciona atualmente como um modelo organizacional de rara competência, sob a firme batuta do Partido dos Trabalhadores, a partir do qual centenas de outras administrações municipais passaram a delinear seus projetos de governo". A senadora referiu-se, especificamente, ao programa de renda mínima na educação, ao "Saúde em Casa" e à campanha pela paz no trânsito.

Finalmente, na sua data máxima, os metalúrgicos aguardam o reconhecimento do papel por eles exercido na construção recente do país: "Seja na resistência à ditadura militar em que se engajaram, seja no exemplar modelo mobilizador que difundiram, os metalúrgicos brasileiros nunca compactuaram com os desmandos do Estado, tampouco se submeteram à arrogância colonizadora das indústrias multinacionais", afirmou Benedita.



11/05/1998

Agência Senado


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