Beto defende Olívio como candidato
Beto defende Olívio como candidato
Secretário dos Transportes diz que governador conduziu quebra de ciclo histórico na política gaúcha
O presidente estadual do PSB, Beto Albuquerque, defendeu ontem que, diante da disposição do governador Olívio Dutra de concorrer à reeleição, o PT deveria dar preferência a ele, homologando a candidatura por meio do consenso. Beto reforçou que tanto Olívio quanto o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, são pré-candidatos de alta qualidade. Porém, pregou a indicação do governador por 'ter conduzido a quebra de ciclo histórico na política gaúcha', ao ser eleito, em 1998, pela oposição. 'Olívio está protagonizando momento importante o nosso Estado', argumentou.
Segundo Beto, se o PT definir pela escolha do candidato por consenso, os partidos que integram a Frente Popular (PSB, PCB e PC do B) deveriam ser chamados a participar das discussões, defendendo que o assunto não fique restrito ao PT. Sobre a pesquisa de opinião ser um dos métodos de escolha da candidatura à eleição, Beto observou que não consiste em critério politizado. Lembrou que, se dependesse de levantamento, a Frente Popular nunca teria chegado ao poder no Rio Grande do Sul. 'A pesquisa é apenas uma foto, mas nem sempre saímos bem nela', observou o secretário dos Transportes. Beto reforçou, porém, que independentemente do candidato, o PSB manterá a participação na frente.
O presidente estadual do PC do B, Adalberto Frasson, afirmou que não há preferência por nenhuma candidatura. Ele opinou que o nome deveria ser indicado por consenso, evitando o inevitável desgaste da disputa interna. Frasson também ponderou que os partidos que integram a frente poderiam ser ouvidos sobre a melhor alternativa para disputar a eleição, apesar de salientar que o PT deve ter posição majoritária. 'Tanto faz a candidatura de Olívio ou Tarso porque, de qualquer forma, estaremos apoiando o PT', disse. Para a deputada Jussara Cony, os partidos não podem interferir na escolha do PT por ser uma questão interna. Preferindo não opinar claramente sobre a melhor candidatura, Jussara salientou que a experiência de Olívio no governo tem de ser encarada como referência para a decisão que o PT tomará. 'O seu governo está à altura dos interesses do Estado. Acho que a candidatura de Olívio é lúcida por estar liderando processo importante de transformações', avaliou.
Lideranças lamentam a morte de trabalhista
O trabalhismo perdeu uma de suas mais importantes figuras. Essa é a opinião de lideranças gaúchas sobre o falecimento do jurista Ajadil Lemos, terça-feira em Porto Alegre, aos 82 anos. O vice-presidente do Banrisul, Sereno Chaise, afirmou que Ajadil era o último representante de uma velha estirpe de políticos gáuchos. 'Homens cuja palavra valia mais que papéis assinados. Ajadil era assim, correto, honesto, corajoso e brilhante', comentou. Os dois se conheceram em dezembro de 1946 durante a primeira excursão política pelo Interior do então candidato ao governo do Estado, Alberto Pasqualini. Ajadil e Pasqualini fundaram juntos em 1945 a União Social Brasileira, entidade privada de estudos que, dois anos mais tarde, acabaria se fundindo ao PTB. Dentro do partido, o advogado natural de Uruguaiana desempenharia várias funções, além de ser um dos grandes intelectuais e ideólogos do trabalhismo.
Ajadil foi procurador-geral do Estado no governo de Ernesto Dorneles, secretário estadual do Interior e da Justiça na administração de Leonel Brizola e vice-prefeito de Porto Alegre ao lado de Sereno Chaise. Os dois foram cassados em 1964 no começo do regime militar e o comportamento de Ajadil se transformou num dos acontecimentos mais emblemáticos de sua trajetória na opinião dos líderes trabalhistas. O então prefeito Sereno Chaise havia sido preso e Ajadil deveria assumir a prefeitura a convite do comando do 3º Exército, mas exigiu cumprimento da lei que garantia o mandato de Sereno. 'Isso foi uma prova de coragem e firmeza de caráter', destacou o deputado federal Alceu Collares, do PDT, que foi aluno de Ajadil na Faculdade de Direito da Ufrgs. Para Collares, uma das características mais relevantes do professor era a coerência na defesa das idéias trabalhistas.
Líderes de outros partidos também reconhecem a importância política do jurista. O presidente regional do PMDB, deputado federal Cezar Schirmer, disse que Ajadil foi uma das maiores figuras políticas da história do Rio Grande do Sul. Segundo o deputado emérito Brusa Netto, do PMDB, que conviveu com Ajadil, 'faleceu um dos três ou quatro nomes mais respeitados do Estado'. O sepultamento ocorrerá amanhã, às 11h, no Cemitério João XXIII, em Porto Alegre.
Paulo Renato concorrerá se indicado por consenso
O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, pretende concorrer ao Senado pelo PSDB de São Paulo, mas não disputará a indicação do partido. Paulo Renato declarou ontem esperar que nos próximos meses os tucanos firmem consenso em torno da sua candidatura. Uma das duas vagas a que o PSDB tem direito poderá ficar com o PFL se os partidos fizerem coligação.
Benedita fará auditoria quando assumir governo
O comando do PT fluminense poderá responsabilizar na Justiça o governador Anthony Garotinho, do PSB, se detectar indícios de infração da Lei de Responsabilidade Fiscal. O deputado federal Jorge Bittar avisou ontem que o PT fará auditoria no governo. Isso ocorrerá em abril, quando a vice-governadora Benedita da Silva suceder Garotinho para que ele concorra à Presidência.
PMDB inicia discussão pelo RS
A Fundação Ulysses Guimarães, órgão ligado ao PMDB, começará amanhã, em Porto Alegre, as discussões em torno da elaboração do programa de governo à Presidência da República. O encontro será aberto às 9h no Hotel Everest e terá a coordenação do presidente da fundação e assessor especial da Presidência da República, Moreira Franco.
O resultado do debate, após reunião em todos os estados, será apresentado na convenção nacional do partido, quando haverá homologação do candidato à Presidência. A escolha deverá ocorrer através de prévia. O secretário-geral nacional da fundação, deputado federal Osmar Terra, afirmou que os encontros representam participação efetiva na elaboração de propostas e na busca de soluções para os problemas do país. 'É preciso enfrentar os principais problemas sociais do Brasil, lembrar a estabilidade econômica, mas não desconhecer a necessidades de propostas para diminuir as injustiças sociais', salientou Terra.
PT Amplo critica apoio a governador
Os coordenadores estaduais da corrente interna PT Amplo e Democrático, o vice-prefeito de Santa Maria, Paulo Pimenta, e o vereador Estilac Xavier, contestaram ontem as manifestações feitas pela secretária estadual da Educação, Lúcia Camini, e pelo secretário especial da Reforma Agrária, Antônio Marangon, de apoio à candidatura de Olívio Dutra à reeleição. Pimenta disse não concordar com a tentativa feita por determinados setores do partido de personalizar o PT na pessoa do governador. 'No partido não existe a premissa de que os detentores de cargos sejam candidatos natos à reeleição. Natural, no PT, todos sabemos que só iogurte', disse Pimenta. Para Estilac, a opinião dos secretários reduz o projeto do PT à pessoa de Olívio. 'Isso é um profundo erro. Numa eleição, importa quem tem as melhores condições para representar, vitoriosamente, o programa partidário. Ou eles não estão preocupados?', perguntou Estilac.
Suplicy aposta que teria mais chances no 2ºturno
O senador Eduardo Suplicy, do PT, declarou ontem que tem mais condições de vencer a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, do PFL, num eventual 2º turno do que Luiz Inácio Lula da Silva. Suplicy e Lula d isputarão a prévia do partido à Presidência no dia 3 de março. O senador acrescentou que poderá enfrentar melhor as resistências do empresariado ao PT.
Serra reúne líderes de todo o país
O lançamento da pré-candidatura do ministro da Saúde, José Serra, à Presidência da República, que ocorre hoje, na Câmara dos Deputados, contará com a presença de líderes tucanos de todo o país. Aliados de Serra e simpatizantes da candidatura descartada do governador Tasso Jereissati ao Planalto comparecerão. Apenas o presidente Fernando Henrique Cardoso, em viagem à Ucrânia, não estará presente à reunião da executiva nacional do PSDB. A estratégia de campanha será montada a partir do lançamento. Serra, que deixará o cargo no dia 20 de fevereiro, já agirá como candidato.
A entrada do ministro na disputa causa divergências no PT. Alguns acreditam que o lançamento de Serra provocará desentendimentos na base aliada do governo, o que seria bom para a oposição. Outros acham que a tendência é que ele cresça nas pesquisas. O presidente nacional do PT, deputado José Dirceu, aposta que Serra é fraco eleitoralmente. O ex-governador Cristóvam Buarque diverge: 'Ele é um candidato muito forte'.
Secretário-geral acha que coalizão precisa continuar
O secretário-geral da Presidência, Arthur Virgílio, do PSDB, acredita que, se a coalizão que sustenta Fernando Henrique Cardoso não chegar a um candidato único, deverá considerar a perspectiva de perder o poder. Mesmo apoiando a candidatura de José Serra, ele acha que o PFL e o PSDB devem abrir mão de candidaturas próprias em função do melhor colocado nas pesquisas.
Roseana defende que PFL deve ser cabeça-de-chapa
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, disse ontem, em São Paulo, que é impraticável o PFL abrir mão da cabeça de chapa à Presidência numa aliança com o PSDB se ela mantiver os índices atuais nas pesquisas. Roseana ainda acredita na união com os tucanos, mas ressalvou que depende da conjuntura. Salientou que 'seria interessante a manutenção da base governista'.
Artigos
Passo das pedras
Margarete Moraes
Valorizar as diversas culturas que compõem a capital gaúcha é meta da Secretaria Municipal da Cultura. A população de cada bairro da cidade não é mera consumidora de um padrão cultural homogêneo, imposto de cima para baixo, mas uma potencial propositora de distintas práticas heterogêneas capazes de se articularem frente ao processo de desagregação efetivado pelo modelo globalizante que enfrentamos.
Criado em 1989, o Centro de Pesquisa Histórica propicia, através do projeto Memória dos Bairros, oportunidade para as comunidades reconstituírem, a partir de sua própria experiência, a história contemporânea da cidade. O livro 'Passo das Pedras', que estamos lançando, é um exercício de reflexão sobre o passado e o presente e chega ao Passo das Pedras em um momento em que se oficializa sua condição de bairro, tendo seus limites geográficos ampliados para além do que outrora era a Vila Passo das Pedras.
Esse é também um processo de redefinição e articulação de identidade da população das áreas tocadas por essa mudança. Todavia, para além das diferenças culturais que possam existir entre as comunidades, outros elementos tratavam de aglutiná-las antes mesmo da iniciativa de delimitação do 'novo' bairro. Então, este é o momento de afirmar as distintas identidades e fazeres dessas comunidades, apontando para a riqueza que vem da diversidade.
Nosso objetivo é rever e afirmar, pela experiência cotidiana, os elementos que nos fazem pertencentes de uma identidade comum. A partir do método de história oral, os moradores têm um momento de ampla reflexão sobre sua participação no contínuo construir do bairro e da cidade onde vivem. São esses instantes de recordação que possibilitam estabelecer os nexos entre o passado vivido, o presente conhecido e o futuro desejado, tornando a memória um instrumento de resistência para aqueles que se querem conscientes de sua inserção no mundo atual. Tudo isso permeado por uma justa dose de sentimento, pois, como nos diz Eduardo Galeano: 'Recordar (do latim re-cordis): voltar a passar pelo coração'.
Colunistas
PANORAMA POLÍTICO - A. Burd
Risco da prévia no PT
Diante da prévia que se desenha como inevitável no PT, surgem os bombeiros para alertar sobre risco à vista. Alegam que a consulta aos filiados, no ano passado, para apontar o candidato entre o então prefeito de Porto Alegre e Tarso Genro, não pode servir como parâmetro. O cargo de governador tem muito mais abrangência e responsabilidade. A eventual derrota de Olívio Dutra vai determinar forte desgaste e enfraquecimento inevitável nos derradeiros nove meses e meio de administração. Não foi o que ocorreu na prefeitura, porque um dos disputantes tinha, meses antes, declarado que era contra a reeleição, o que lhe determinou prejuízos. Se o PT não escolher Olívio, a oposição terá um prato cheio para atacar durante a campanha.
Indicado
Se o governador Olívio Dutra concorrer à reeleição, a corrente PT Amplo e Democrático exigirá a vaga de vice na chapa e o indicado será o ex-deputado estadual e vice-prefeito de Santa Maria, Paulo Pimenta.
Define-se
O PT pode arquivar o sonho de ter Itamar Franco ao seu lado. O mineiro disse ontem, pela primeira vez, que admite composição para apoiar candidaturas de José Serra ou de Roseana Sarney. Portanto...
Na pressão - Está clara a tática de integrantes da Articulação de Esquerda: declarar em conta-gotas o apoio para candidatura à reeleição de Olívio Dutra. Dessa forma, contrapõe-se à cisão liderada pelo deputado Roque Grazziotin e pelo prefeito de Cachoeirinha, José Luiz Stédile. Hoje, a Articulação está entre as três maiores correntes do PT no Estado e foi decisiva na escolha de Olívio como candidato ao Piratini na prévia de 1998.
Dia do apoio
O senador Pedro Simon estará às 11h de hoje na sede do regional do PMDB de São Paulo. Vai receber o apoio do maior diretório do partido no país para a prévia que escolherá o candidato ao Palácio do Planalto.
Sem solução
Os vereadores José Fortunati e Carlos Garcia reuniram-se ontem para tratar da sucessão na mesa diretora da Câmara Municipal. Pressionado pela Frente Popular, Garcia recusa-se a renunciar à 1ª-vice-presidência. A batata continua quente.
Atrasadinho
Certo integrante da administração municipal tem chegado com atraso a programas de rádio e TV que tratam de questão polêmica de sua área. Deve ser para deixar o adversário falando sozinho e diminuir o tempo do debate. Pelo erro na tática, deverá levar puxão de orelhas.
Para explicar
A Comissão de Fiscalização e Controle da Assembléia Legislativa ouve, às 14h de hoje, donos de postos e representantes de distribuidoras sobre a formação do preço da gasolina ao consumidor. A Secretaria da Fazenda também foi convidada para expor sobre cobrança do ICMS. Há expectativa se comparecerá.
Provocação
Vereador Adeli Sell pergunta no Boletim da Cidadania: 'Você sabia que Roseana foi militante do PC do B? E que o PC do B tem secretaria em seu governo? O que dá mistura de stalinistas com neoliberais?'.
Do leitor
Íris França, Canoas: 'Li que os brasileiros nunca pagaram tanto imposto como agora. Os governantes bem que poderiam enviar aos contribuintes mensagem em dezembro com dizeres 'Feliz Ônus Novo''.
Apartes
Porto Alegre será local de debate entre Simon, Itamar e Jungmann.
Presidente do PPS, Roberto Freire, nervoso com o adiamento da decisão de Brizola sobre apoio a Ciro.
Senadora Emília Fernandes será recebida às 16h de hoje pelo governador Olívio. Trata m de candidaturas.
Direção do PDT visitará Pedro Simon sábado em Rainha do Mar.
Deputado Marco Peixoto esteve ontem em seis municípios do Vale do Jaguari atingidos pela seca. Hoje, irá a mais oito da região Central do Estado.
Entendimento a caminho entre PPS, PTB e PDT pode formar bloco de 21 deputados na Assembléia.
Confraternização nordestina: a governadora Roseana Sarney jantou 3ª-feira na casa de Gilberto Gil, do PV.
Deu no jornal: 'Presidente argentino cita Brasil como exemplo'. Comprova-se que mundo dá voltas.
Conselho de antigo político sobre brigas internas nos partidos: 'Bom bailarino dança conforme a música'.
Editorial
PRÉVIAS PARTIDÁRIAS
Se um partido não tem quem possa realizar o perfil de candidato natural que seja o ideal de consenso, o caminho é escolha dentre os tantos que se recomendem à indicação. Escolha, no regime democrático, representa-se, na hipótese, pelas prévias. A maioria dirá quem deve ser o representante partidário no pleito a disputar. Nada mais natural, nada mais certo, mais justo. Mas há um 'porém' a ser discutido: a possibilidade, a quase certeza de que a competição interna produzirá atritos como toda disputa tende a gerar.
É da essência humana a cultura das vitórias em quaisquer situações de controvérsia. Ninguém é perdedor sem algum ressentimento. E ressentimentos, ainda que guardados na profundeza da alma, geram a formação de impulsos, se não de retaliação, pelo menos de insatisfação mais ou menos profunda. A tal contingência ficam sujeitas as agremiações de qualquer natureza que tenham várias lideranças em condições de disputar o privilégio da maior confiança dos seus quadros populares. Evidentemente que os partidos políticos, pela ordem de grandeza do número de adeptos e pelo alto sentido de representatividade na democracia, têm mais a temer a disputa interna, sujeitos à corrosão provocada por fricções, mesmo que, como no caso, amparada na mais legítima atividade democrática, que é o exercício do voto.
Cabe frisar que o natural desenvolvimento da sociedade humana, os direitos iguais para todos os cidadãos ampliam o círculo dos aspirantes ao poder. Assim, diminui a circunstância dos chamados candidatos naturais nas greis, com o que são jogados, cada vez mais, à disputa de prévias. É um dos ônus que a democracia impõe a seus exercentes terem compreensão de que não existem fórmulas outras de escolha. Em tal tipo de disputa não podem ser considerados digladiantes, no sentido etimológico da expressão, os que oferecem seus nomes à indicação partidária como candidatos. Embora não escolhidos, o natural é que não se deixem abater pela frustração e que aceitem os fatos como bons partidários. Essa é a lição democrática.
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01/17/2002
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