Beto admite candidato do PSB se Tarso ganhar prévia do PT









Beto admite candidato do PSB se Tarso ganhar prévia do PT
O presidente estadual do PSB e secretário dos Transportes do governo do Estado, Beto Albuquerque, admitiu ontem que se o resultado da prévia do Partido dos Trabalhadores indicar outro nome que não o de Olívio Dutra, os socialistas poderão ter candidato próprio ao Piratini. "Temos um compromisso moral e ético com Olívio Dutra, se ele não for candidato, o partido pode rever posições", disse Albuquerque.

O secretário confirmou que a pressão do governador carioca Anthony Garotinho, candidato à presidência da sigla, é muito grande para que o PSB tenha chapa majoritária completa no Rio Grande do Sul. "Isso não ocorrerá caso Olívio seja indicado candidato pelo PT, porque somos parceiros de um projeto que desejamos ver continuado", completou.

Beto Albuquerque destacou que, nesse caso, o PSB terá um candidato ao Senado para garantir ao candidato à presidente um palanque eletrônico no horário eleitoral gratuito de rádio e televisão. "A candidatura de Garotinho é irreversível e o candidato ou candidata ao Senado pelo Rio Grande do Sul deverá ter um perfil partidário afinado com o compromisso de dividir o espaço de divulgação da sua candidatura com a de Garotinho", manifestou o presidente do PSB.

Ele preferiu não indicar nomes em estudo e alegou que o quadro pode se modificar a partir da decisão do STF para a ação de inconstitucionalidade (Adin) movida pelo PSB e outros partidos à verticalização das alianças exigida pelo TSE. Segundo o secretário a Adin deve ser julgada em meados de abril. Beto Albuquerque também ressaltou que o partido trabalha para eleger cerca de 4 deputados estaduais e dois federais. O PSB lançará nominatas completas para as chapas proporcionais e espera que o reforço obtido pelo voto na legenda, com a candidatura de Garotinho ao Planalto, auxilie no desempenho da sigla no Rio Grande do Sul.


PFL está pronto para a guerra
Enquanto na viagem ao Paraná o presidente Fernando Henrique Cardoso pedia paz entre os partidos em Brasília, o presidente nacional do PFL, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), declarava guerra. "Estamos prontos para tudo, inclusive para a guerra; se querem guerra, vai ter guerra" disse Bornhausen a seus comandados, boa parte ainda vivendo a intensa emoção que marcou o rompimento do PFL com o governo na semana passada. Imediatamente, o PFL foi à guerra.

O líder no Senado, José Agripino Maia (RN), ficou encarregado de convocar o ministro da Saúde, Barjas Negri, a explicar por que o Ministério da Saúde contratou, ainda em 1999, uma empresa para fazer varreduras nos telefones do ministério, à procura de grampos. Até agora, o ministério pagou R$ 1,19 milhão à empresa contratada para identificar possível espionagem. "Ao PFL causa espanto que o valor seja tão elevado, quando no Ministério dos Esportes (controlado pelos pefelistas até o rompimento com o governo) foi de R$ 3 mil". A diferença, segundo Agripino, chama a atenção e pode encobrir algum outro tipo de ação, até mesmo a instalação de escutas telefônicas. Na Câmara, o líder do partido, Inocêncio Oliveira (PE), disse que não sossegará enquanto não cassar o mandato do secretário-geral do PSDB, deputado Márcio Fortes (RJ).

A guerra continuou pelo dia todo. Os partidos de oposição anunciaram a coleta de assinaturas para a instalação de uma CPI destinada a apurar se os telefones de Roseana Sarney e de suas empresas foram grampeados e por quem. "A República não pode ficar à mercê da arapongagem e da bisbilhotice", disse o líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP). Inocêncio Oliveira afirmou que PFL assinará o pedido de CPI, porque ao partido interessa apurar a atuação dos arapongas.

Para que uma CPI mista seja aprovada, necessita das assinaturas de 171 deputados e 27 senadores (um terço dos integrantes de cada uma das casas do Legislativo). Todos os ataques do PFL têm um objetivo claro: tirar o partido da defensiva na qual se acha desde que foi encontrada a quantia de R$ 1,34 milhão na Lunus Serviços e Participações, empresa de Roseana e Jorge Murad, e tentar pôr o PSDB no seu lugar. Enquanto os tucanos tiverem de dar explicações, o PFL calcula que deixará de ser o alvo principal do governo e dos meios de comunicação. Com isso, poderá recuperar a credibilidade perdida até agora.


Igreja lança cartilha eleitoral anticorrupção
O arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings apresentou ontem à imprensa a Cartilha eleitoral 2002. A publicação do documento atende a recomendação do conselho permanente da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que sugere a confecção de cartilhas eleitorais pelas dioceses brasileiras a fim de orientar os cidadão para o pleito eleitoral.

O texto de 24 páginas traduz as principais orientações da Igreja Católica para os eleitores e, conforme Dom Grings, tem o objetivo de aprofundar o sentido de patriotismo, civismo e cidadania. Ele afirmou ainda que com a iniciativa, a Igreja pretende contribuir para transformar o processo eleitoral em um momento de educação.

Dom Dadeus entende que a participação de todos na definição dos rumos da Nação e fundamental para a construção do bem comum. "É bom a gente se sentir responsável pelos destinos da Nação e escolher bem os nossos representantes", salientou.

O arcebispo disse que a principal meta da cartilha é contribuir para a superação da corrupção na política no País, a partir de uma boa orientação para a escolha dos candidatos. "O eleitor olhando os candidatos vai perceber quem é o melhor e menos corrupto. Havendo uma boa escolha a eleição resolve esse problema, pois em geral é o próprio eleitor, seja por desconhecimento ou porque foi comprado com algum benefício, o principal culpado pela manutenção desses políticos corruptos", afirmou o arcebispo.

Sobre a candidatura de padres a cargos públicos, foi taxativo ao manifestar a posição de total desaprovação dos bisbos. Dom Dadeus acrescentou que a Igreja quer contribuir para a ampliação do debate político, mas não deve se envolver diretamente com a atividade porque essa não é a função dos padres.

O texto estará disponível em todas as paróquias da arquidiocese ou no Centro Arquidiocesano de pastoral. Maiores informações podem ser obtidas pelo telefone 051.3222.3988.


Dificilmente partido sairá unido da disputa
Com um clima de insegurança quanto à manutenção da unidade e o futuro do partido o quadro para a realização da prévia do PT no domingo, dia 17, está praticamente definido pela executiva regional do partido. Aproximadamente 370 diretórios municipais deverão participar da prévia nacional e estadual, que escolherá entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Eduardo Suplicy, e o governador Olívio Dutra e o prefeito Tarso Genro, quem disputará a presidência e o governo do Estado pelo PT.

O número de cidades onde ocorrerão a votação, segundo a direção do PT gaúcho, ainda pode ser alterado, para mais ou para menos, até hoje a tarde quando será divulgada oficialmente a lista de municípios aptos à votação, que ocorrerá das 9h às 17h de domingo.

Após o término da votação as urnas serão lacradas na presença dos fiscais de cada candidatura e será encaminhada para uma das 27 cidades pólo regionais, onde será feita a apuração. O resultado será inserido em um boletim de urna que será encaminhado por fax para o PT estadual. Computados os dados, os números serão enviados para o PT nacional.

A votação será por sistema manual e a cédula elaborada pela comissão eleitoral é conjunta. O filiado poderá marcar um "X" em Lula ou em Suplicy e no mesmo espaço optará por Olívio ou Tarso.

Em setembro de 2001, 323 delegados votaram nas eleições diretas do PT para as novas direções partidárias. Na prévia estão em condições de votar 80 mil filiados. A direção estadual espera que cerca de 40 mil petistas exerçam o seu direito ao voto.

A Comissão eleitoral formada: David Stival, Vitor Labes coordenador, Marcel Frison, Chico Vicente, João Ceolin, Luís Carlos Saraiva e Luix Costa, é a instância que decide sobre eventuais problemas durante a eleição e apuração.

No domingo, às 7h30, os dois candidatos ao governo do Estado participam de um café da manhã com a presença de dirigentes, apoiadores e imprensa. O encontro ocorrerá no salão Guaíba do City Hotel, na rua José Montaury, 20 - 10º andar.


Consumidor ainda denuncia pouco irregularidades
A comemoração do Dia Internacional dos Consumidor completa hoje 40 anos, juntamente com os 11 anos do Código de Defesa do Consumidor (CDC) brasileiro. Apesar de existir uma legislação abrangente, com nove capítulos e 119 artigos, os principais interessados continuam - os consumidores - sem denunciar e fiscalizar os produtos que estão à venda no comércio gaúcho. Muitos nem conhecem os direitos assegurados no CDC. "A única coisa que precisamos é mais participação. Falta reclamar e fazer valer nossos direitos", destaca Edy Maria Mussoi, presidente do Movimento das Donas de Casas do Rio Grande do Sul.

Ela considera o artigo 18 do CDC (sobre qualidade do produto) como o mais importante, pois "é o que mais descreve o dia-a-dia da população", diz. Proteção para publicidade enganosa e direito de devolução - de 30 dias para produtos não-duráveis e 90 dias para duráveis - estão entre os benefícios do Código citados pela presidente.

"O CDC brasileiro é considerado um dos mais modernos do mundo", afirma o coordenador executivo do Procon-RS, Ben-Hur Rava. Ele afirma que o setor de telecomunicação é o campeão de reclamações, seguido pelos bancos e planos de saúde. A etiquetagem também é lembrada nesta data. "Supermercados, postos de conveniência e armazéns devem ter todos os produtos etiquetados", afirma. Em relação a produtos e serviços, os principais problemas apresentados são defeitos e prazos não cumpridos.

Segundo Rava, o Procon recebe entre 100 e 120 reclamações por dia, além de 80 ligações para o telefone 151. Cerca de 60% dos atendimentos são voltados para consumidores da Capital. "Precisamos de maior cooperação dos municípios, assim poderemos atender todos em igualdade", diz. O coordenador sugere à prefeitura de Porto Alegre a criação de um Procon municipal.

Caminhada comemorará a data
Hoje, a Associação Brasileira de Assistência, Proteção e Defesa dos Consumidores de Seguros (Abrasconseg) estará na Câmara de Vereadores para atender e esclarecer as dúvidas dos consumidores sobre seguros e planos de previdência privada, além de receber reclamações, denúncias e sugestões. O posto de atendimento estará instalado em frente ao Plenário, das 10h às 16h.

No domingo haverá a Caminhada do Consumidor, a partir das 16h, no Parque Marinha do Brasil. No local, também haverá esclarecimento de dúvidas. Cerca de 85 associações comunitárias foram convidadas a participar da caminhada.

Governo federal lança novo portal
O governo federal está lançando hoje o Portal do Consumidor. Os interessados poderão encontrar informações sobre consumo e direitos do consumidor, além de fazer sugestões e reclamações. Segundo o presidente Fernando Henrique Cardoso, as informações que transitarem pelo portal serão também um importante instrumento para que as indústrias instaladas no País aperfeiçoem seus produtos. O endereço do novo site é www.portaldoconsumidor.gov.br.


Telemar prejudica o desempenho do Ibovespa
O setor de telefonia está prejudicando o desempenho da bolsa. Os papéis da Telemar ON despencaram 3,34% e as PNs 3,25%, depois da notícia sobre o rebaixamento da perspectiva do rebaixamento do rating, pela Standard & Poors, de estável para negativo e contaminou as outras teles. O resultado foi a queda do Ibovespa em 0,89%, depois de dois pregões consecutivos em alta. O dia foi de volatilidade e realização de lucros.

Do total de R$ 642,066 milhões negociados, 22% foram em ações da Telemar. O papel pesa 11,3% no índice. Segundo fontes do mercado, o rebaixamento da Telemar está ligado à falta de transparência no balanço e a empresa pode vir a público para tentar novamente esclarecer a situação. A S&P atribuiu a nota de crédito corporativo em moeda estrangeira BB- e o rating de crédito corporativo em moeda local BB+ atribuídos à empresa e manteve a perspectiva para os dois ratings como negativa. A classificação reflete o enfraquecimento do perfil financeiro da Telemar.

"O setor de telefonia passa por um momento difícil, com empresas estrangeiras pedindo concordata", lembra o diretor de mesa da Solidus Corretora, Émerson Lambrecht. O Nasdaq, considerado termômetro das empresas de tecnologia, tem operado em queda e ontem cedeu 0,42%.

Apesar disso, alguns analistas ainda estão otimistas com as perspectivas para a Bovespa. "A bolsa está devendo uma alta razoável, mas a volatilidade ainda é muito grande e a tendência pode mudar no meio do caminho", destaca o vice-presidente da Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais (Abamec Nacional) e diretor da Ágora Corretora, Álvaro Bandeira. Para ele, o fundamental para o mercado agora é a visão de que a economia está melhorando e os investidores voltaram.

Os papéis de siderurgia continuaram o movimento de recuperação, com a expectativa de que não serão tão prejudicadas pelas restrições dos EUA. As maiores altas do índice foram da Companhia Siderúrgica de Tubarão PN (3,05%), Usiminas PN (2,75%). A valorização da Petrobras ON (1,93%) está relacionada a alta do petróleo.


Artigos

A quem interessa a crise da Argentina?
Renato de Oliveira

Ao contrário do que se afirma, a recusa do FMI em ajudar a Argentina deve-se à importância estratégica da sua economia. Não para "eles", obviamente, mas para o Mercosul. É a ele que o FMI visa atingir. Assim, a constituição da Alca como simples expansão da economia norte-americana sobre o resto do continente estaria assegurada. Os argumentos utilizados pelo Fundo são ridículos. Primeiro, o de que o governo argentino não apresenta um plano consistente de ajuste fiscal. Ora, exigir ajuste fiscal de um país que projeta 13% de queda em sua economia é muita estupidez, mesmo para o FMI. A exigência cheira a argumento de ocasião para impedir qualquer ajuda. O segundo, brandido sem qualquer pudor pelo próprio presidente do Fundo, é o de que a classe política argentina não seria confiável. Não haveria garantias de que os recursos eventualmente liberados seriam aplicados na recuperação da economia do país. Não foi o que se ouviu quando da ajuda à Rússia sob o governo Yeltsin, então governada por uma das classes dirigentes mais corrupta da história. O resultado foi a recomposição da vida institucional daquele país, pois foi para isto que o Fundo foi criado: impedir que crises econômicas degenerem em crises institucionais sem retorno. Por que exigir da Argentina o contrário, isto é, que resolva sua vida institucional antes da ajuda econômica?

Resta o cínico argumento da desimportância estratégica da economia argentina. Ele é tão odioso que deve ser interpretado pelo seu contrário: é justamente por sua importância que o Fundo nega-se a ajudar. Daí a importância das primeiras (e ainda tímidas) medidas dos países da região em apoio à Argentina. No entanto, dois outros eventos serão capitais a médio e longo prazos. Primeiro, o encontro, a ocorrer em Montevidéu nesta semana, de representantes do Uruguai, Brasil, Argentina, Paraguai, Chile e Bolívia para discussão de uma política comum de financiamento à Ciência e à Tecnologia. Segund o, a Reunião de Ministros de C&T da América Latina, Caribe e Península Ibérica, no final deste mês, em Brasília, onde se discutirá, igualmente, uma política comum de desenvolvimento científico e tecnológico.

Ambos possibilitam a discussão dos nossos problemas pela sua causa principal: nossa profunda dependência dos países ricos (ou seja, dos patrões do FMI) em matéria de Ciência e Tecnologia. É esta dependência que torna nossas economias vulneráveis, gerando a necessidade constante de aportes diretos de recursos financeiros externos para compensar a exportação líquida de capitais que sempre caracterizou nossos países. Oxalá estejamos começando a redefinir os termos do debate sobre os nossos problemas econômicos. Só assim conseguiremos impor uma nova agenda aos organismos financeiros internacionais.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Itamar Franco rebate críticas de Pedro Simon
O governador de Minas, Itamar Franco, pré-candidato do PMDB à Presidência, rebateu as declarações do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que desistiu de concorrer com ele pela eventual indicação da ala antigovernista da legenda com objetivo de fortalecer a tese da candidatura própria. Simon afirmou a um jornal mineiro que se Itamar não abandonar o governo do Estado até 6 de abril para disputar a convenção do PMDB, será responsável pela ausência de um candidato próprio da sigla ao Palácio do Planalto.

Sem risco
Para Itamar, que afirma ainda estar fazendo reflexões sobre a possibilidade de lançar-se na perigosa aventura da convenção - em 1998, em situação semelhante, ele foi derrotado pelos governistas do PMDB -, Simon só o colocou na parede porque não corre risco algum. "Interessante é que ele (Simon) tem um mandato de 4 anos", disse. "Tem aquela expressão um pouco vulgar, mas podemos usar: ele tem um colchão por baixo", acrescentou. "Pode cair do trapézio e continua senador. E eu, de qualquer forma, tenho que largar o governo de Minas".

Pesquisas
De cabeça baixa desde que a televisão e os jornais mostraram a fotografia das pilhas de dinheiro (R$ 1,34 milhão) encontradas na empresa da governadora Roseana Sarney (Maranhão) e de seu marido Jorge Murad, os dirigentes do PFL ouviram hoje palavras otimistas. Todos assistiram a uma palestra de Paulo Guimarães, diretor do instituto de pesquisas GPP, que vem trabalhando para o PFL.

Estabilidade
Guimarães afirmou que Roseana deverá estabilizar-se entre 18% a 18,5% na preferência dos eleitores daqui para a frente. Ele disse que imediatamente depois da exibição da fotografia do dinheiro, a candidata caiu 5 pontos. Na última sondagem, desceu 2. Portanto, teria condição de disputar o segundo lugar com o tucano José Serra, disse Guimarães, porque a fase mais aguda da crise já passou e dificilmente surgirá outra situação como a do dinheiro.

Fotografia
De acordo com as pesquisas feitas pela GPP, o que derrubou Roseana foi a fotografia exibida no "Jornal Nacional" da "TV Globo". "As investigações na empresa da governadora a respeito de desvio de verbas da Sudam não causaram problema algum à candidata", afirmou o deputado Roberto Brant, ex-ministro da Previdência Social. Ele admitiu, porém, que a situação hoje não é tão boa quanto a de 15 dias atrás, quando todos tinham a certeza de que Roseana iria para o segundo turno.

PL fora
Disputado pelos presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Anthony Garotinho (PSB), o PL decidiu que não apoiará nenhum candidato ao Palácio do Planalto se for mantida a regra para as coligações nacionais e estaduais definida pelo TSE. Diante disso, o senador José Alencar (PL-MG), vice dos sonhos de Lula e de Garotinho, intensificou as articulações em Minas para disputar a sucessão do governador Itamar Franco (PMDB).


CARLOS BASTOS

Ficou embatucada a prévia do PT
Apesar de setores de Olívio Dutra alardearem o favoritismo dele na prévia de domingo, as informações que transpiram do partido não dão este indicativo. O prefeito Tarso Genro está hoje melhor situado do que na prévia de 1998, na qual foi derrotado por apenas 189 votos, e o governador era o franco favorito. Acontece que Olívio vai ter grande vantagem nas regiões do Vale do Rio dos Sinos, no Alto Uruguai, e na região de Palmeira das Missões, onde a presença do MST é muito forte. Mas Tarso não fica atrás e tem uma liderança folgada nas regiões do Vale do Gravataí, no Vale do Rio Pardo, e em Porto Alegre. Nas demais regiões haverá uma alternância com vitórias de um lado e outro. Dependerá assim do comparecimento dos filiados petistas nas regiões onde se encontram os fortes redutos dos candidatos, que na prática vai decidir a prévia do PT. Há uma equivalência de forças e que de acordo com o número de votantes, quanto maior for, aumentam as chances do prefeito Tarso Genro sair vitorioso.

Diversos
Num exercício poderíamos dizer que se o comparecimento de petistas às urnas no domingo se aproximar de 40 mil, é bastante provável que Tarso saia como vencedor. No caso de uma presença entre 30 e 35 mil crescem as chances do governador Olívio Dutra.

Para se verificar a importância dos votos, os partidários de Olívio destacaram um grupo de peso para fiscalizar a eleição em Gravataí. Lá há mais de quatro mil filiados em condições de votar, e a predominância de Tarso é absoluta. Lá estarão durante toda a prévia de domingo o procurador geral do Estado, Paulo Torrelly, o subchefe da Casa Civil, Gustavo Mello, o secretário substituto da Justiça e Segurança, Lauro Magnago, e o coordenador do OP na região metropolitana, Roberto Haubrich. Como se vê, montou-se uma verdadeira "swat".

Sabe-se que um maior número de tendências emprestam apoio ao prefeito, mas a verdade é que as maiores em poderío como a Democracia Socialista, a Articulação de Esquerda e a Ação Democrática, apóiam o governador.

Uma vantagem de Tarso Genro é justamente no chamado eleitor independente entre os petistas, que não militam em tendências, aí é notória a sua vantagem. Daí nossa conclusão de que quanto maior fôr o número de votantes, aumentam suas chances. Ocorre que os integrantes de tendências são muito atuantes e votam em qualquer circunstância, quem deixa de votar é o independente.

Os partidários de Tarso tem batido em três pontos básicos na campanha: a defesa da pluralidade de representação das tendências no futuro governo, a alta rejeição de Olívio pelo desgaste natural do governo, e a excelente posição de Tarso nas pesquisas.

Os partidários de Olívio sustentam como argumento principal o prosseguimento do primeiro governo popular do Rio Grande do Sul, e que seria fulminar a experiência administrativa derrotar o governador na prévia partidária, e o fato de ter cumprido apenas um ano e quatro meses de mandato na Prefeitura da capital.
Hoje acontece o último debate da campanha em Santa Maria, o quinto da série que se iniciou na capital, com o único confronto público. Santa Maria tem uma situação especial. O prefeito Valdeci Oliveira, da Ação Democrática, é partidário do governador. E o vice-prefeito Paulo Pimenta é uma das principais lideranças do PT Amplo e da candidatura do prefeito de Porto Alegre.

Última
A grande verdade é que os dois concorrentes podem se abraçar e saudar os militantes após a prévia de domingo, seja quem for o vitorioso, mas as coisas no PT gaúcho marcharam nesta disputa para um racha quase sem retorno. Basta se registrar as fortes tomadas de posição, como o manifesto dos olivistas no seu lançamento, a pesquisa encomendada pelos tarsistas. E agora a manifestação do Chefe da Casa Civil, Flávio Koutzii, que disse que o PT não pode "rosanear".


FERNANDO ALBRECHT

A preocupação de Pedro Américo Leal
Olhem só o ar preocupado do vereador Pedro Américo L eal (PPB) ao saber dos últimos acontecimentos. Parece estar sendo consolado pelo presidente e candidato do seu partido ao Piratini, Celso Bernardi. O vereador-coronel não esconde de ninguém sua preocupação com a situação da segurança pública na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Não cansa de repetir que "aqui a impunidade está solta e a Secretaria de Segurança cumpre um plano ideológico do PT. Bernardi já disse que, se eleito for, a Segurança ficará "na mão de técnicos e não de amadores".

Protesto bancário
O Banrisul foi vítima de um protesto. Não no sentido de protesto de cliente, mas protesto de cartório mesmo, daqueles que em princípio só cidadão comum e empresas sofrem. A credora é uma cidadã chamada G.E.B. e a certidão, datada do dia 4 (microf. 5454646, Livro/Pag. 11578/052) mostra que o título foi protestado pelo 1º Tabelionato de Protesto de Títulos por falta de pagamento. O valor é ridículo para um banco, apenas R$ 2.056,82. Estaria feia assim a coisa?

Sem reeleição
O presidente da Federasul, Humberto Ruga, nega com veemência que esteja pleiteando sua reeleição. Acusa algumas pessoas "que todos sabem quem são" de espalhar esta informação - deu os nomes ao colunista, mas em rigoroso off. Só que nenhum dos três é a fonte desta página. Não existem ruguistas e sim inimigos na trincheira, segundo ele, que reafirma que não é e nem pretende ser candidato à reeleição.

Comparações
A ex-vereadora Sônia Santos (PTB) disse que o marido de Roseana, Jorge Murad, "é o Diógenes de Oliveira do PFL". Sônia traça a analogia porque, segundo ela, o ex-presidente do Clube da Cidadania também buscou recursos para as campanhas do PT. "Só que não se sabe quanto Diógenes arrecadou de fundos", arremata.

Liberou geral
Não dá para entender. O oficial da Brigada Militar que agiu, ou melhor, reagiu contra os manifestantes do MAB não estava lá à toa. Cumpria uma decisão judicial, como protestou a Associação dos Oficiais da BM. Aliás, é de se imaginar o que os cândidos rapazes fizeram para que a BM agisse como agiu. Idem no incidente na sede da Embratel, no bairro Bela Vista. Vão afastar este oficial também? De oficial em oficial defenestrado, a Brigada vai acabar sendo dirigida por um soldado.

E por falar em Brigada...
...a visita que o secretário José Paulo Bisol e comandante da BM, coronel Gerson Nunes Pereira, fizeram a Pinhal da Serra, era visita com carta marcada. Tanto, que o secretário e o coronel apareceram usando o boné do MAB. Pelo regulamento, é transgressão disciplinar quando militares ou PMs usam algum tipo de vestimenta ou adereço por cima ou com a farda. Nem mesmo medalhas religiosas podem ser usadas.

Rumo ao tri
O Grêmio anuncia hoje o que promete ser uma revolução no marketing esportivo dos grandes times de futebol. Visa obtenção de renda e conclamação da massa tricolor através de um plano inédito de arrecadação de recursos e mobilização da sua torcida.

Novidades gastronômicas I
O antigo bar Etrusco, na frente do Moinhos Shopping, que chegou a ser um point de primeira há alguns anos, muda de profissão pela segunda vez. Uma loja de produtos natureba dará lugar a um bistrô ou algo do gênero em breve. Quem comandará o espetáculo é Marcelo Jacobi (Épico, União da Quintino, Armazém Mediterrâneo), um dos profissionais que mais horas de vôo acumula no setor de restaurantes.

Novidades gastronômicas II
Outro ponto tradicional que deu uma reformada geral no ambiente menos na sua excelente cozinha foi o Restaurante Chalé Suíço, na Joaquim Caetano da Silva, 55 (esquina Santo Inácio), no Morro Ricaldone. Comida de acordo com o nome, um buffett de primeira, que deve ser um dos melhores da cidade, e à noite a la carte. Tem segurança que cuida dos carros. José Diel capricha na manutenção de qualidade.

Burras forradas
O deputado João Luiz Vargas (PDT) sustenta que o Estado terá, neste ano, novo incremento de R$ 1 bi na arrecadação de ICMS, repetindo o ocorrido com as finanças estaduais no comparativo com o ano anterior. Para justificar, o parlamentar lembra que a receita do ICMS no último mês de fevereiro teve um crescimento de R$ 74 milhões a mais em relação ao mesmo período de 2001, representando uma diferença de 14,4%.
Lembra dele?

Há coisa de um ano e meio uma revista resolveu fazer uma pesquisa espontânea sobre nomes para a presidência da República. José Sarney figurou bem na pedra, o que lhe rendeu mídia e uma entrevista no Jô Soares. A folhas tantas, com a voz embargada, Sarney disse: "Veja, Jô, o povo não esqueceu de mim". E Jô retrucou: "Não esqueceu ou não lembrou?" Pois é, agora está lembrando.

Calçados Bibi destina 1% de seu lucro líquido para o Núcleo Amigos da Terra/Brasil.

Carlos Alfredo Glufke é o novo presidente da RTI e Airam Ferreira Borges (Citral) é o presidente do Sindetri.

Museu Histórico Visconde de São Leopoldo elege amanhã às 9h novo presidente, o médico José Carlos Eggers.

Ipiranga Futebol Clube, tradicional agremiação da Princesa Isabel, completa 85 anos.

Associação do Aço RS faz reunião-almoço terça com o vice Miguel Rossetto e o secretário Arno Augustin.

Câmara de Vereadores de Porto Alegre forma ainda este mês Comissão Especial sobre a Linha 2 do Metrô.

Bar da ARI reabre amanhã com transmissão ao vivo do programa Conversa de Jornalista, da Rádio Universidade - AM 1080.

Obras do Bahia Plaza Hotel Porto Busca-Vida, em Camaçari, Bahia começam dia 25.

Daniela Sallet/Christina Marx lançam terça em Brasília, na Câmara, o livro Crianças Lesadas


Editorial

A UTOPIA DAS PROMESSAS ELEITORAIS NO BRASIL

O tom das cobranças feitas pelo presidente da Federasul, Humberto Ruga, na primeira reunião-almoço da entidade em 2002, abre o debate sobre a tendência muito brasileira das promessas feitas no ardor da campanha eleitoral. Com efeito, o governador Olívio Dutra protagonizou belos debates com seu então oponente na corrida pelo Piratini, Antônio Britto. Em um deles, surpreso pela autêntica carta de boas intenções que o representante petista colocava, Antônio Britto disse que, "se não se cuidasse, ele votaria em Olívio, tal a sedução do que ouvia". E tem sido assim, ao longo das campanhas, o que se espera vá diminuindo gradativamente, até que a disputa fique restrita a programas de governos factíveis, dentro da realidade, sem promessas mirabolantes, utópicas, que enganam a todos, começando pelo arauto da felicidade e seus correligionários. O Brasil é muito grande, complexo e com problemas que não prescindem de planejamento, continuidade, esforço coletivo, poupança interna, verbas, sacrifícios e muitos investimentos, começando, sempre é bom reprisar, na educação básica e chegando aos nichos da ciência e tecnologia. Se for eleito, vamos baixar os juros, gerar empregos e promover a diminuição dos impostos, garantiu, ainda esta semana, um pré-candidato à presidência da República. Quem não faria isso? Mas como? Ninguém é contra mais empregos, menos tributos, escolas e combate à insegurança. Entretanto, estas são promessas repetidas falaciosamente, soluções com passes de mágica que não dão certo.

Diz-se o que os outros querem ouvir, ouve-se o que soa como música, mas ao fim há decepções de ambos os lados. Quem prometeu não cumpre integralmente, pelo menos, quem esperou frustra-se e muda de posição. Reinicia-se um novo ciclo em que o candidato repetirá promessas impossíveis de cumprir num único mandato, se eleito. As dificuldades que enfrentamos, todos conhecem. O que se quer é um corolário de soluções. Mas não para hoje ou amanhã, embora alguns pontos exijam ação imediata. O presidente da Federasul tomou uma postura e disse o que a maioria do empresariado desejava falar, com todo o respeito, ao governador do Rio Grande do Sul. Não se veja aí posição partidária, embora esta também seja legítima. O fato é que a classe empresarial está sufocada pela legislação, fiscalização, pelos tributos, pelo medo de errar, num mercado competitivo, frio e que não perdoa equívocos, marcado pela retração no consumo. Além disso, ali na esquina existem os que estão fora da lei, mas gozam de vantagens inescrupulosas. Vendem produtos contrabandeados, às vezes roubados, falsificados, não pagam ICMS ou Issqn, estão livres do FGTS, do INSS e da PIS/Cofins, porém têm a total proteção da Constituição de 1998, que nivelou a todos em direitos, mas onerou os que cumprem os mandamentos legais, ao alcance das punições e cumpridores dos deveres, sob o tacão do estado, nos três níveis. É isso que incomoda e provocou o desabafo do presidente Humberto Ruga e vale para a próxima eleição. Seja qual for o vitorioso aqui no RS, inclusive o próprio senhor Olívio Dutra, há que ser parcimonioso. As finanças estão mal, o esforço para aumentar a arrecadação deve continuar, o corte nas despesas permanecer. Por isso se fala em continuidade, sem continuísmo. Não podemos abrir mão da lei de responsabilidade fiscal nem do ordenamento jurídico, buscando aprimorar a sociedade como um todo. Afinal, nós somos e sempre seremos os caudatários dos erros e acertos dos governantes, que gozarão de vitórias ou amargarão derrotas em decorrência dos seus atos.


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03/15/2002


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