Biodiesel feito de soja movimenta tratores



Pesquisa conduzida pelo USP de Ribeirão Preto durou 18 meses e avaliou, inclusive, o biodiesel de mamona

A utilização do biodiesel de soja como combustível de tratores foi aprovada em testes realizados pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto. O relatório final da pesquisa, feito pelo Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, conclui que “não houve nenhuma conseqüência negativa para o uso de biodiesel de soja ou equivalentes em taxas de até 20%”. No caso da mamona, verificada na proporção de 5%, os pesquisadores recomendam a realização de testes complementares.

Os resultados serão entregues à Agência Nacional de Petróleo (ANP) e ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que coordena o grupo interministerial de testes com biodiesel. Os dados obtidos podem permitir que o governo federal antecipe para 2010 a obrigatoriedade de adição de 5% de biodiesel ao diesel comum comercializado no País, prevista inicialmente para ocorrer até 2013.

Durante 18 meses, em condições normais de trabalho e seguindo as atividades de rotina da usina participante do projeto, em Catanduva, foram realizados testes com mais de 200 mil litros de diesel comum, além de 22 mil litros de biodiesel puro (18 mil litros de biodiesel de soja e 4 mil de mamona), produzidos pelo Ladetel. Foram mais de 15 mil horas de trabalho.

Os testes compararam o desempenho de tratores com misturas diesel/biodiesel e o de outros que utilizaram exclusivamente diesel puro. Os grupos executaram o mesmo trabalho, nas mesmas condições. Para o professor Miguel Dabdoub, coordenador do Ladetel, “os testes com tratores têm importância maior que os outros entregues à ANP pela envergadura dos experimentos, que englobam maior número e tipos de máquinas, além do grande volume de biodiesel utilizado e da quantidade de horas trabalhadas”.

Mamona

O relatório indica que, na desmontagem das peças e componentes dos motores, não se registrou nenhuma anormalidade naqueles que utilizaram biodiesel de soja e mamona, em comparação com os motores que usam óleo diesel puro. A única ressalva apresentada pelo grupo diz respeito ao sistema de injeção das máquinas que participaram dos testes com a mistura de mamona. “Houve quebra no sistema de injeção da bomba com essa mistura, tendo-se observado desgaste excessivo no rolete, nas sapatas e no anel de ressalto, fato típico da falta de lubrificação”, informa o professor.

Duas causas potenciais podem explicar o problema: contaminação por impureza metálica entre sapata e rolete, que teria gerado atrito metal-metal ou corrosão química causada pela presença de ácidos graxos. “O grupo resolveu recomendar ao governo federal e aos fabricantes a realização de mais estudos, com um universo maior de veículos e motores, para se chegar a uma conclusão”, aponta o relatório.

A análise de consumo volumétrico e ponderal foi avaliada em detalhes pelo grupo do professor Afonso Lopes, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal. Os testes tiveram a colaboração da Indústria de Máquinas Agrícolas Valtra do Brasil.

SERVIÇO

Demais informações pelo telefone (16) 3602-3734, no

Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel)

Da Agência USP

(I.P.)



11/07/2007


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