Biodiesel inclui socialmente agricultores familiares, diz representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário



O programa de biodiesel brasileiro, além de ser uma alternativa energética viável, promove inclusão social. A afirmação foi feita por Arnoldo Anacleto de Campos, coordenador geral da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, durante audiência pública conjunta das comissões de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) que debateu a produção e os problemas do etanol e do biodiesel, nesta quarta-feira (18).

Campos explicou que o governo criou mecanismos, os chamados coeficientes de redução tributária, para estimular o usineiro produtor de biodiesel a adquirir pelo menos parte da semente oleaginosa - que pode ser de soja, girassol, mamona, dendê, algodão, entre outras - dos pequenos agricultores familiares. Dessa forma, gera-se emprego no campo e estimula-se a produção nos terrenos de assentados. Ele explicou que o produtor paga, por exemplo, no Paraná, R$ 218 por metro cúbico do produto final de imposto (PIS-Cofins) sem trabalhar com as cooperativas, e somente R$ 70 caso adquira uma determinada porcentagem dos pequenos agricultores.

O coordenador defendeu de forma enfática o programa, que já está em seu segundo ano. O biodiesel chega hoje a 5 mil postos no Brasil, misturado em 2% ao diesel comum. São produzidos 840 milhões de litros atualmente, com previsão de um bilhão de litros em 2008 e 2,4 bilhões em 2010.

- O potencial de crescimento é imenso, já que o consumo de diesel no Brasil é de 40 bilhões de litros por ano - disse.

Campos adiantou ainda que estuda-se a criação de um selo combustível social sob as seguintes regras: empresários deverão adquirir uma cota específica dos pequenos produtores; devem realizar a formalização de contratos, para garantir a estabilidade na produção, e essa negociação deve ser feita por entidades de trabalhadores; os produtores de biodiesel devem garantir assistência técnica obrigatória aos agricultores.

Já o representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Ricardo Cotta Ferreira (CNA), ressaltou que, para a produção tanto de biodiesel quanto de etanol, o Brasil precisa garantir infra-estrutura e marcos regulatórios para assegurar o investimento do setor privado. Além disso, deve melhorar sua vulnerabilidade internacional pelos problemas trabalhistas e ambientais enfrentados no setor e que, muitas vezes, as organizações não-governamentais (ONGs) se portam como inimigos do desenvolvimento do Brasil.

Cana

Antônio de Pádua Rodrigues, diretor da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única), em sua exposição na audiência pública, disse que a expansão da produção de cana no Brasil é uma realidade, mas é voltada especialmente para o mercado interno. Só em 2007, 17 novas usinas entraram em funcionamento e a previsão para o próximo ano é de outras 30 novas.

Os altos e baixos da produção do álcool combustível, disse Rodrigues, devem-se às crises e mudanças da matriz energética brasileira desde a década de 70. Além disso, acrescentou, o programa Proálcool teve alguma importância, ao contrário do que muitos pregam. O diretor da Única também criticou a falta de liquidez dos combustíveis brasileiros e o que chamou de desequilíbrio na relação de compra e venda do álcool, especialmente por causa das entressafras.

- É preciso um fórum que cuide dos dois setores, ou então a gasolina mata o álcool ou o álcool mata a gasolina com essa briga de preço e de mercado. É preciso haver regras - disse.



18/04/2007

Agência Senado


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