Biscaia: "participação de parlamentares na máfia dos sanguessugas ia além da apresentação de emendas ao Orçamento"



A participação de atuais e ex-congressistas no esquema de irregularidades no uso de recursos do Orçamento da União da área da saúde para a compra de ambulâncias com preços superfaturados não se limitava à elaboração de emendas beneficiando a empresa Planam, apontada como organizadora do esquema de fraudes. A afirmação é do presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), que disse nesta quinta-feira (27)que alguns parlamentares atuavam também diretamente nos municípios, junto com os prefeitos, na elaboração de licitações fraudulentas para a liberação das verbas.

- O parlamentar tinha duplo proveito da situação: ele recebia vantagem em dinheiro, mas também de natureza política, porque eram municípios em que ele passava a ter uma relação direta com o prefeito e tirava dividendos políticos dessa situação. Esse é um esquema de ramificações com tamanha gravidade que nos deixa, além de indignados, estupefatos - afirmou Biscaia.

Para o deputado pelo Rio de Janeiro, o esquema já está devidamente comprovado, faltando apenas estabelecer os limites das operações. Ele afirmou, no entanto, que já é possível afirmar que a "máfia dos sanguessugas" não atuava somente no Ministério da Saúde, como se pensava no início das investigações.

- Esse esquema alcançava a pasta de Ciência e Tecnologia, pelo menos, e essas ramificações podem atingir outras áreas do governo. As emendas individuais e as de bancada propiciam isto. Somente no meu estado, das oito emendas de bancada, seis beneficiavam a Planam - afirmou o parlamentar.

Questionado sobre a participação do Ministério da Educação no crime, Biscaia esclareceu que ainda não é possível afirmar que houve envolvimento do órgão no esquema, pois nos depoimentos da família Vedoin, proprietária da Planam, somente consta que a empresa pretendia iniciar um projeto de fabricação de ônibus escolares na Bahia. Porém, o presidente da CPI Mista deixou claro que o Procurador Geral da República, Antônio Fernando de Souza, garantiu a ele que o Ministério Público está realizando investigações e iniciando inquéritos em várias unidades federativas.



27/07/2006

Agência Senado


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