BNDES vai liberar recursos para mineração na Vila Pitinga, localizada no Amazonas



O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberará os US$ 20 milhões que o Grupo Paranapanema precisa para continuar explorando mais de 27 tipos de minério na Vila de Pitinga, em Presidente Figueiredo, no Amazonas. A informação foi dada em audiência pública na Subcomissão da Amazônia pelo diretor do BNDES, Fábio Stefano Erber. "Os trabalhadores podem ficar tranqüilos", afirmou o diretor, que destacou faltar apenas a empresa entregar o projeto ao banco e a necessária tramitação burocrática para efetivar a liberação dos recursos.

A audiência pública foi realizada nesta terça-feira (30) a partir de requerimento do presidente da subcomissão, senador Jefferson Péres (PDT-AM), preocupado com a continuidade da mineração do local. Na Vila de Pitinga são explorados 27 tipos diferentes de minério, mas a mineração por aluvião (ao ar livre) está se esgotando, o que demandará a exploração da chamada rocha sã, ou seja, com uso de explosivos e maquinários. Para isso, o Grupo Paranapanema, dono da mineração, precisa dos recursos do BNDES.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Terceirizados nas Indústrias de Extração e Beneficiamento de Minérios de Presidente Figueiredo (AM), Francisco Braga, lembrou que a mina de Pitinga garante a suficiência do Brasil no uso do estanho e disse que os trabalhadores do local estão preocupados com o futuro da mina. Braga afirmou que vivem hoje 2,5 mil pessoas na Vila de Pitinga, localidade com criminalidade e mortalidade infantil zero e com intensa fiscalização da questão ambiental.

O diretor do BNDES, Fábio Erber, afirmou que o projeto da mina de Pitinga atende às necessidades ambientais e às demandas do mercado internacional. Destacou que alguns dos minerais explorados no local têm "enorme relevância para a soberania nacional". O representante da Previ - fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil -, Luiz Carlos Siqueira, destacou que o fundo de pensão passou a controlar o Paranapanema em 2003, com 50,3% das ações, e falou sobre a importância do projeto para a Previ. Afirmou que, atualmente, o banco e os administradores da mina estão lidando com a reestruturação da companhia.

O presidente do Grupo Paranapanema, Geraldo Haenel, destacou que o grupo é formado por um conjunto de empresas e que vêm atendendo aos pedidos do BNDES a fim de adequar-se às condições para conseguir o empréstimo. Haenel acredita que em duas semanas estará definida a liberação de recursos.

- Se o Brasil ficasse sem o estanho da mina de Pitinga gastaria anualmente US$ 25 milhões em importação de estanho e perderia US$ 35 milhões com o que deixaria de exportar. Seria um total de US$ 60 milhões em perdas - afirmou o presidente do grupo.

Em resposta a questionamentos do senador Jefferson Péres, o diretor do Grupo Paranapanema, Geraldo Haenel, afirmou que o projeto de mineração na rocha sã é importante para a sobrevivência da mina. O grupo, informou o diretor, teve prejuízo de R$ 42 milhões em 2002 e de R$ 120 milhões ano passado.

Ainda respondendo ao senador, Haenel afirmou que em Pitinga são desenvolvidos vários projetos em conjunto com empresas nacionais e multinacionais e que seria melhor haver metalurgia ao lado da mina. Atualmente, os minerais passam pela metalurgia em São Paulo, informou. Haenel afirmou ainda que a mina de Pitinga não sonega impostos. Argüido pelo senador Augusto Botelho (PDT-RR), Haenel informou que o grupo desenvolve alguns projetos de pesquisa junto a Universidade de São Paulo (USP).



30/03/2004

Agência Senado


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